Você já parou pra pensar o quanto o fracasso pode ser o estímulo para um recomeço, uma renovação, uma mudança de rumo, atitude ou projeto? Já li teorias que colocam o fracasso como algo que te puxa para baixo, que te arrasa emocionalmente e destrói seus sonhos. Isso para mim não funciona. Eu estabeleço três níveis de problemas relacionados ao fracasso:
O fracasso – quando você não consegue levar adiante um projeto da forma que você idealizou.
A derrota – quando você percebe que aquele projeto, por mais tentativas que você faça, jamais irá conseguir realizar e daí pensa em outros projetos ou objetivos. A derrota jamais deverá ser transformar em desistência.
A desistência – quando você desiste de tentar qualquer novo projeto ou objetivo, se transformando num ser passivo e sem proatividade.
Claro que queremos ganhar sempre, caminhar numa estrada sem barreiras ou buracos, direto para o sucesso que buscamos. Mas, se nos permitirmos passar do fracasso e da derrota, para a desistência, aí sim, jogamos a toalha e desistimos de nossos sonhos, de nossos projetos e nos contentamos com nossa zona de conforto, mesmo que não seja tão confortável assim. Quando isso acontece, ao contrário do que muitos possam pensar, nos entregamos ao nosso crítico interno, aquele que fica guardadinho em nosso cérebro reptiliano e que nos puxa para a zona de conforto, sem corrermos ameaças, lutas, disputas, correria, vitórias e até fracassos. Nosso cérebro reptiliano quer que nos preocupemos apenas com nossa sobrevivência, e não quer saber sobre nossos sonhos. E, ao ouvirmos a voz de nosso crítico interior, o verdadeiro porta-voz dessa parte pré-histórica de nosso cérebro, acabamos sucumbindo aos seus apelos e nos vemos confortavelmente largando de mão qualquer iniciativa. A desistência é a aceitação de nossa impressão de incompetência, da incapacidade de seguirmos em frente com coragem e determinação.
Devemos agir diante de nossos fracassos, não como quer nosso crítico interno, mas sim como cantava Beth Carvalho em um samba genial: “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima” (inclusive, este exemplo de música é frequentemente usado em livros e palestras motivacionais). Essa sim, uma música que, ao contrário da cantada por Zeca Pagodinho, que aconselha você a “deixar a vida te levar”, nos mostra a importância do recomeço, da renovação, da criatividade e da energia para aprendermos com nossos fracassos. Se virmos nossos fracassos como derrotas definitivas que nos levem a desistir, estaremos alimentando nosso cérebro reptiliano, aceitando assim, a máxima dele de que não fazemos nada direito, que não temos competências, que não temos talento para nada que se preste e que devemos desistir.
Saiba que os pensamentos geram emoções e essas emoções alimentam ainda mais nosso crítico interno que nos quer ali, no sofá da sala, diante da televisão, assistindo a Sessão da Tarde com um pijama, um copo de café com leite bem quente e um pacote de biscoito maisena, todos os dias da semana. Isso é bom. Mas é a desistência. É claro que devemos ter autocrítica. É bom ouvirmos esse crítico interno. Mas, devemos fazer isso com cautela e com a certeza de que ele, ardilosamente, estará tramando para que você desista de lutar. Porém, em alguns momentos, se tivermos discernimento sobre aquilo que nos é dito por ele, podemos usar de maneira sábia, os avisos de ameaças que possamos estar expostos. Não para desistir, mas sim para enfrentá-las com determinação. Lembre que o fracasso não é o contrário de sucesso. O contrário de sucesso é a desistência. Mesmo se você for derrotado em uma luta, a consequência de sua derrota pode ser transformar em um sucesso.
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