Alô a todos.
Em tempos em que jogadores de futebol são considerados “heróis”, cantoras de música moderna são cultuadas como “heroínas”, ladrões condenados voltam à cena do crime para comandar um país, juízes togados se portam como super homens e até participantes de reality shows são chamados de “nossos heróis”, é preciso uma reflexão: – O que eles fizeram para se travestir como figuras heroicas?
Qual foi o ato de heroísmo que esses seres humanos, (prefiro chama-los assim) praticaram para serem nomeados nossos heróis? Nada. Absolutamente NADA. Alguns fizeram sucesso, outros ainda têm a pretensão de fazer, mas herói é na verdade quem é aquele indivíduo notabilizado por suas realizações, seus feitos guerreiros, coragem, abnegação, magnanimidade.
Pior ainda se recorrermos ao termo no campo da mitologia: Herói é na verdade o filho ou a filha de um deus ou uma deusa com um ser humano; semideus.
Então alguns desses “elementos” que exemplifiquei acima se encaixam no perfil de heroísmo que a própria palavra significa? Ladrões, juízes sem concurso, cantores, jogadores de futebol podem assim ser classificados? Nem a pau, Juvenal.
Ou então vivemos realmente nos tempos de valores invertidos realmente.
Querem um dos muitos exemplos de HERÓI ou melhor HEROÍNA de verdade?
Então conheçam uma dessas pessoas. HELEY DE ABREU.
Pedagoga, uma das principais bandeiras de Heley era a inclusão de alunos com algum tipo de deficiência, área em que se especializou em 2016.
No dia 5 de outubro de 2017, em um reconhecido ato de bravura e heroísmo, Heley salvou diversas crianças durante um ataque promovido pelo vigia da creche Gente Inocente, Damião Soares dos Santos,
em Janaúba, Minas Gerais, onde ela lecionava. Em 2005, Heley já havia perdido um filho por afogamento na piscina de um clube.
Vamos à tragédia:
Na manhã de 5 de outubro de 2017, na creche Gente Inocente em Janaúba, Minas Gerais, o vigia noturno da escola, Damião Soares dos Santos, invadiu a sala de aula portando um recipiente com combustível e ateou fogo às instalações, em várias crianças e em si mesmo. Heley protegeu as crianças com o auxílio de outras duas funcionárias, Jéssica Morgana e Geni Oliveira (que também morreram). A pedagoga chegou a entrar em luta corporal com o criminoso para impedir que continuasse o ataque, e depois ajudou a retirar as crianças feridas. Ela teve 90% do corpo queimado e morreu no hospital, assim como as outras duas funcionárias. Dez crianças morreram, e também o autor do ataque, totalizando quatorze mortos.
Após o velório, que reuniu centenas de pessoas na funerária municipal, o caixão com o corpo da professora foi colocado em uma viatura do Corpo de Bombeiros e levado em cortejo pelas ruas da cidade até o Cemitério São Lucas.
E ela foi esquecida pelo Brasil. Triste né? Nenhum canal de televisão relembra sequer de um ato deste. As autoridades locais reconheceram, colocaram seu nome em uma creche e até em uma rodovia. Mas basta?
É preciso reverenciar Heley. É preciso cultuar seu ato, relembrar sua história pelo menos uma vez por ano, para que as próximas gerações conheçam a magnanimidade da senhora Heley de Abreu. Uma professora pobre, mas com uma coragem infinita.
Sejamos sensatos. Sejamos justos. A memória de Heley me representa.
Até a próxima semana.
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