Os empresários da capital estão mais otimistas com a economia. Apesar da queda do índice nos últimos três meses, o nível de satisfação dos empresários belo-horizontinos continua bom, segundo a pesquisa Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), realizada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG.
O Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec) foi o que mais contribuiu para a oscilação negativa, com 73,8 pontos, se mantendo sem grandes variações, que devem ser consideradas, visto na última pesquisa (76,4). Na avaliação, as empresas de maior porte, com mais de 50 empregados, mostraram maior satisfação com as condições atuais da economia para o comércio.
Para a maioria dos empresários do comércio, a condição atual da economia piorou (73,3%). Esse percentual é maior para os empresários de empresas de menor porte, com até 50 funcionários (73,4%). Para 65,1% dos empresários pesquisados, houve uma piora nas condições atuais para o setor.
Em junho, houve um aumento de 2,9 p. p. de empresários com percepção de piora nas condições atuais se comparado a maio. As empresas que comercializam bens duráveis são as que mais perceberam piora.
A intenção dos empresários do comércio de investir no negócio se manteve em nível de confiança, com 100,2 pontos variando pouco nos últimos dois meses, mostrando um pouco de cautela conforme a pesquisa.
Essa precaução é observada em empresas com até 50 empregados podendo mostrar um sinal de recuperação do período de pandemia, enquanto as empresas com mais de 50 empregados se mostram mais otimistas e 60,2% dos empresários pretendem aumentar o quadro de funcionários. Entre as empresas de maior porte, 73,7% têm a intenção de aumentar o quadro de empregados.
Na análise de Stefan D’Amato, economista-chefe da Fecomércio MG, apesar dessa redução no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), “os empresários mantêm um otimismo elevado em relação ao futuro da economia, do setor comercial e de suas empresas em atividade, o que pode gerar um impacto positivo na economia local, incluindo maior investimento e aumento do emprego em Belo Horizonte.”
Apesar da redução nas expectativas, essa queda pode estar relacionada à manutenção das taxas de juros em níveis impraticáveis, o que desestimula os setores dependentes de crédito. Por outro lado, as empresas com mais de 50 funcionários conseguiram manter suas expectativas estáveis ou até mesmo aumentá-las ligeiramente.
No mês de junho, os empresários do setor de bens duráveis apresentam o menor índice de confiança, abaixo dos 100 pontos de referência, refletindo um pessimismo, ainda que leve. Essa falta de confiança pode estar relacionada à postura do Comitê de Política Monetária (COPOM) em manter as taxas de juros elevadas, o que gera dificuldades consideráveis na obtenção de crédito por parte desses empresários. Esse cenário pode impactar negativamente a capacidade de vendas desses produtos aos consumidores, que estão cada dia mais endividados.
No cenário econômico atual, os empresários, especialmente aqueles que possuem pequenas e médias empresas com até 50 colaboradores, estão enfrentando limitações que têm sido especialmente perceptíveis para os ofertantes de bens duráveis. Desde o início deste ano, eles têm expressado insatisfação com as condições econômicas vigentes.
Esses efeitos negativos têm gerado uma maior apreensão entre os empresários, levando a uma redução ou adiamento de investimentos, uma vez que as dificuldades se intensificam em níveis empresariais, comerciais e até mesmo nacionais, impactando a economia como um todo.
A queda dos investimentos no setor também pode ter impactos significativos, como a limitação na criação de empregos, reduzindo as oportunidades de trabalho e afetando a economia de forma abrangente. Além disso, segundo ele, a falta de investimentos compromete a competitividade das empresas no mercado internacional, deixando-as em desvantagem frente aos concorrentes estrangeiros devido à ausência de investimentos em inovação, tecnologia e expansão.
Outro efeito negativo é a diminuição da produtividade das empresas devido à falta de investimentos em equipamentos, tecnologia e treinamento de funcionários, resultando em menor eficiência operacional e dificuldades para atender à demanda do mercado.
Apesar da queda nos investimentos, é possível observar um otimismo elevado por parte dos empresários com respeito a uma expectativa de melhora da economia e do setor, pincipalmente pelas empresas de até 50 funcionários, que acreditam em uma expansão da economia, do setor comercial e das atividades de suas empresas a longo prazo.
Essa confiança é respaldada por indicadores como os apresentados no boletim Focus, onde o mercado prevê uma redução da inflação e da taxa de juros, além de uma melhoria do Produto Interno Bruto (PIB) em uma escala maior do que a observada no início do ano. Essas perspectivas positivas fortalecem a crença dos empresários no futuro e podem impulsionar um ambiente propício para investimentos e crescimento econômico.
No momento, mesmo diante das medidas de transferência de renda, como o Bolsa Família e o 13º salário para aposentados, e da redução da inflação e aumento do emprego, a perspectiva dos empresários do setor não obteve a melhora esperada. Isso se deve principalmente ao desafio significativo do alto endividamento das famílias, que impede o aumento do consumo e desacelera o setor de comércio, dificultando a recuperação econômica.
O fato de as famílias estarem com muitas dívidas faz com que tenham menos dinheiro para gastar, o que afeta diretamente as empresas e suas vendas. Além disso, as pessoas estão evitando contrair novas dívidas, o que diminui ainda mais a demanda por produtos e serviços. Para superar esse desafio, é importante buscar soluções que ajudem as famílias a reduzirem suas dívidas e estimulem o consumo, criando um ambiente mais favorável para os empresários do setor comercial.