A importância do etanol combustível na transição energética no transporte brasileiro para reduzir a emissão de carbono, segundo foi defendido na última quarta-feira, em audiência pública da Comissão de Minas e Energia da ALMG.
A comissão ouviu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais(ALMG) o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas (Siamig), Mário Ferreira Campos Filho, que apresentou o panorama da produção de cana, açúcar e etanol e as principais demandas do setor. Ele destacou que o governo federal está retomando a RenovaBio com o objetivo de diminuir a quantidade de carbono lançado na atmosfera por meio de fontes sustentáveis, mas pediu racionalidade nas análises e decisões durante a transição energética no transporte.
Segundo ele, o setor sucroenergético viveria uma concorrência não justificada com o segmento de eletrificação por bateria. “Esse segmento é de fato uma alternativa, mas não em detrimento do que já temos. É preciso estudar as melhores alternativas para o nosso meio. O Brasil tem vocação agrícola e com a bioenergia fez crescer também a agricultura”, defendeu o presidente da Siamig. A RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis) é uma iniciativa do Ministério de Minas e Energia (MME) lançada em dezembro de 2016, mas de acordo com Mário Ferreira Campos Filho diversas iniciativas legislativas no País estariam vendo o uso das baterias como a única alternativa que a sociedade teria para reduzir a emissão de carbono no transporte.
Segundo ele, há inclusive projetos de lei tratando da obrigatoriedade de compra de veículos elétricos em diversas situações, quando no seu entendimento deveriam falar em baixa emissão.
“A descarbonização tem que vir junto com segurança energética, segurança alimentar e geração de emprego e renda”, alertou, ao defender que o setor sucroenergético que produz o etanol combustível a partir da cana-de-açúcar atende a esses três conceitos.Mercado favorável
O presidente da Siamig também destacou que o setor sucroenergético ocupa apenas o equivalente a 1% da área do Brasil, mas produz 20% de toda a energia do País, onde há mais de 400 indústiras em 20 estados, gerando mais de dois milhões de empregos diretos e indiretos.
Em Minas são mais de 180 mil empregos diretos e indiretos, sendo que o Estado tem atraído investimentos de fora, por exemplo para cidades como Lagoa da Prata (Centro-Oeste) e Passos (Sul), disse. O dirigente ainda acrescentou que no Brasil o etanol já responde por quase 50% do consumo dos veículos leves e disse que pelo mundo países como a Índia estão caminhando para ter 20% de etanol em sua gasolina, demonstrando na sua avaliação que essa é uma alternativa importante.
“A gasolina dificilmente nos levará ao futuro”, resumiu, ao frisar que o mercado passaria inclusive por um momento propício ao maior consumo de etanol pelos motoristas, com preços competitivos em Minas Gerais.
O setor sucroenergético em Minas Gerais na última década deu um salto enorme, gerando muitos empregos e receitas para o Estado, sendo muito importante para essa transição energética (discutida no País)”, defendeu o deputado Gil Pereira (PSD), que preside a comissão e pediu a audiência.
O deputado também destacou que o Estado já é líder no segmento de energia fotovoltaica solar, devendo ganhar impulso em Minas também os segmentos de biomassa eólica e biogás até 5 mega, cuja isenção a ser dada pelo governo estadual está sob a análise do Confaz.
O parlamentar acrescentou que o Brasil já vem se destacando no segmento de energia solar fotovoltaica, com Minas respondendo por quase 15% de toda a produção nacional. “E uma das maiores plantas do mundo está em Janaúba”, destacou ainda Gil Pereira.
O deputado Ricardo Campos (PT) também defendeu o fomento a mais parcerias e políticas de incentivo ao setor sucroenergético, mas reivindicando que também as regiões Norte de Minas e Jequitinhonha/Muciri sejam contempladas, com apoio a micro-destilarias e micro-usinas.
A deputada Maria Clara Marra (PSDB) pontuou que a produção sucroenergética tem um grande impacto social e econômico na balança comercial do Brasil.
A deputada avaliou que o modelo de organização do setor, o qual elogiou, deveria ser adotado também em outros setores de beneficiamento para agregar valor a outros grãos e produtos.
O deputado Raul Belém (Cidadania), presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, endossou a reivindicação de maior apoio ao Norte de Minas e destacou que para incentivar o consumo de etanol em Minas já apresentou um projeto de lei criando uma política estadual nessa direção, com a campanha “Na hora de abastecer, escolha o etanol”.
O deputado Bim da Ambulância (Avante) avaliou que entidades como a Siamig precisam divulgar com clareza as vantagens do etanol por meio de um movimento educacional.
Os deputados Duarte Bechir (PSD) e Antonio Carlos Arantes (PL) também abordaram a importância do setor.
“O caminho para a descarbonização é o etanol e ele passa por Minas, que hoje é o terceiro produtor do Brasil, mas que já caminha para a segunda posição”, afirmou Antonio Carlos Arantes.