(Dra. Mylene Matsuhara, oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais, membro da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal).
Imagine ver o mundo em cores limitadas, não conseguir enxergar as nuances de azuis, laranjas, vermelhos ou verdes. É mais ou menos assim que os daltônicos enxergam a vida, levando em conta que existem diferentes níveis da condição. A doença atinge cerca de 350 milhões de pessoas no mundo todo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O daltonismo é a denominação popular do que tecnicamente conhecemos por discromatopsia. A discromatopsia do eixo vermelho-verde afeta a capacidade de reconhecer e distinguir as cores por uma ausência ou deficiência nos cones, que são as células responsáveis pela percepção de cores. A doença tem caráter hereditário, é transmitida pelo cromossomo X de um dos pais. Isso torna sua prevalência muito maior nos homens, pois eles herdam o cromossomo X apenas da mãe enquanto as mulheres herdam um cromossomo X da mãe e outro do pai.
Existem também discromatopsias do eixo azul-amarelo, nas quais o indivíduo não consegue visualizar as cores na faixa azul-amarelo. Trata-se de uma forma mais rara do problema, que pode ser tanto hereditário como adquirido após algumas patologias oculares. Igualmente rara, na acromatopsia a pessoa enxerga apenas em preto, branco e cinza.
Infelizmente não existem recursos de tratamento ou filtros para a cura do daltonismo. Contudo, é possível obter uma melhora na percepção de certos espectros de cores com a utilização de lentes oftalmológicas filtrantes. Existe ainda uma ajuda significativa com a utilização de recursos de tecnologia assistida, como aplicativos que fazem a discriminação e nomeação das cores. De suma importância também são as orientações adaptativas, como identificar lápis de cor e roupas com etiquetas descritivas.
A avaliação com oftalmologista e a correta identificação da alteração da percepção de cores são de extrema importância para a correta condução de cada paciente de forma individualizada.