Estamos no mês de conscientização da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), cujo primeiro registro de caso data de 1981, nos Estados Unidos, e somente dois anos mais tarde foi identificado o vírus HIV, responsável por causar a doença.
Com o passar das décadas, novas drogas foram desenvolvidas, garantindo menos efeitos secundários, mas a infecção pelo HIV ainda é uma ameaça ao mundo.
Pacientes com o vírus da imunodeficiência podem desenvolver várias doenças oculares. As mais comuns são retinopatia do HIV; uveítes, inflamações da úvea (camada vascular do globo ocular) que podem envolver a íris, o corpo ciliar, a retina e a coroide; retinite por citomegalovírus (CMV), da família dos herpesvírus; tuberculose ocular, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis; sífilis ocular, uma variação da doença causada pela bactéria Treponema pallidum; e toxoplasmose ocular, provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii.
O tratamento varia conforme a condição do HIV, o agente causador e o grau de evolução. No caso da retinite por CMV são utilizados antivirais como ganciclovir, administrados por via oral, intravenosa ou tópica. Para uveítes, a abordagem pode consistir em corticoides, medicamentos imunossupressores ou antibiótico.
Todas as condições oculares associadas ao HIV podem se manifestar em níveis que vão do leve ao grave. Se não forem devidamente tratadas, podem levar à perda parcial ou total da visão, e incômodo crônico nos olhos.
Embora o tratamento antirretroviral (TARV) tenha reduzido significativamente a incidência de complicações severas relacionadas ao HIV, a presença de algumas doenças na visão ainda é uma realidade, porque o sistema imunológico não se recupera completamente. É o caso das uveítes, que podem estar relacionadas ao próprio HIV ou a medicamentos, e, ainda que raro, mesmo com TARV, os quadros podem reativar.
Os mecanismos de rastreamento consistem em exames oftalmológicos regulares, fundamentais até mesmo para pacientes em TARV e sem sintomas oculares. Já o exame de fundo de olho é indicado para avaliar diretamente a retina e detectar alterações precoces. O monitoramento da carga viral e contagem de CD4 ajuda a prever o risco de complicações oculares. A prevenção e o tratamento precoce são essenciais para evitar complicações e manter a qualidade de vida.
Dr. Aquiles Gontijo
Oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais e da Santa Casa BH, especialista em retina cirúrgica, catarata e uveíte.
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