A produção da indústria brasileira encerrou 2024 com um crescimento de 3,1% em relação a 2023, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira .
Este resultado anual é o terceiro maior dos últimos 15 anos, impulsionado pelo aumento do emprego e da renda.
Apesar de três meses consecutivos de queda na produção industrial – outubro (-0,2%), novembro (-0,7%) e dezembro (-0,3%) –, o ano fechou positivamente. Em dezembro, o desempenho foi 1,6% superior ao mesmo período de 2023. Atualmente, a indústria nacional está 1,3% acima do nível pré-pandemia de fevereiro de 2020, mas ainda 15,6% abaixo do pico registrado em maio de 2011, equivalente ao nível de dezembro de 2009.
O crescimento de 3,1% em 2024 supera a leve expansão de 0,1% em 2023. Nos últimos 15 anos, apenas 2010 (10,2%) e 2021 (3,9%) apresentaram resultados melhores. Diferente desses anos, o avanço de 2024 não foi impulsionado por uma base de comparação de queda.
O gerente da pesquisa, André Macedo, destacou que o crescimento foi disseminado, com resultados positivos nas quatro grandes categorias econômicas (bens de capital, intermediários, duráveis e geral) e em 20 dos 25 ramos industriais analisados. O crescimento reflete fatores como o aumento do emprego, a queda da taxa de desemprego, o crescimento da massa salarial e o incremento do consumo das famílias, impulsionado por estímulos fiscais, maior renda e expansão do crédito.
Em 2024, a taxa média de desemprego ficou em 6,6%, o menor nível da série histórica do IBGE.
Nos últimos três meses do ano, segundo a Agência Brasil, a produção industrial acumulou uma queda de 1,2%, algo que não ocorria desde o período entre fevereiro e abril de 2021. Em comparação com o terceiro trimestre de 2024, houve um recuo de 0,1%, o primeiro desde o terceiro trimestre de 2023.
Macedo atribui essa desaceleração à redução da confiança de famílias e empresários, influenciada pelo aumento das taxas de juros a partir de setembro de 2024, pela depreciação cambial e pelo aumento da inflação, especialmente em alimentos.
Cenário econômico
Em setembro de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou um ciclo de alta da taxa Selic, que subiu de 10,5% ao ano para 13,25% no final do ano. Esse aumento encareceu o crédito e impactou tanto o consumo quanto a produção.
A inflação fechou 2024 em 4,83%, acima da meta de 4,5%.
O dólar valorizou 27% em 2024, encerrando o ano em R$ 6,18, com forte alta no último trimestre. Atualmente, a moeda está em torno de R$ 5,80.
O ponto mais alto da produção industrial em 2024 ocorreu em junho, com desaceleração acentuada no segundo semestre, especialmente nos últimos três meses do ano.