O empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais força em Minas Gerais, tornando-se uma peça fundamental para a autonomia financeira das mulheres. De acordo com a 3ª edição da Pesquisa Mulheres Empreendedoras, realizada pelo Sebrae Minas, oito em cada dez empresárias do estado têm no próprio negócio sua principal fonte de renda.
Além disso, cerca de 50% das empreendedoras faturam mais de R$ 5 mil por mês e 30% geram empregos, reforçando o impacto econômico desse movimento.
O estudo, conduzido entre 10 e 17 de fevereiro de 2025, contou com 549 empresárias, 55% delas donas de microempresas (ME) ou empresas de pequeno porte (EPP). O levantamento revela um perfil de negócios consolidados, que já superaram a fase inicial de sobrevivência.
Perfil das empreendedoras mineiras
A maioria das mulheres que empreendem em Minas Gerais está na faixa etária de 31 a 50 anos e mais da metade delas é casada. Além disso, sete em cada dez têm filhos, o que demonstra a conciliação entre vida profissional e pessoal como um desafio constante.
Outro dado relevante é que 93% iniciaram suas atividades por conta própria, e 41% dos negócios estão no mercado entre três e cinco anos, sinalizando maior estabilidade e experiência.
Para o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, a pesquisa confirma que as mulheres estão cada vez mais consolidadas no universo empresarial, utilizando seus negócios como um meio para alcançar independência financeira.
Desafios para crescer no mercado
Apesar da resiliência e do crescimento dos negócios liderados por mulheres, os desafios ainda são grandes. A pesquisa apontou que os principais obstáculos para as empreendedoras mineiras são:
- Falta de conhecimento em gestão – 62% das entrevistadas
- Conciliar trabalho e vida pessoal – 46%
- Acesso a crédito – 41%
Além disso, 58% não participaram de cursos, mentorias ou treinamentos voltados para o empreendedorismo, o que pode limitar o crescimento de seus negócios.
Outro ponto preocupante é que 92% das empreendedoras financiam seus negócios com recursos próprios, e apenas 40% buscaram crédito. Das que tentaram, 29% relataram dificuldades, como a necessidade de muitas garantias e a falta de informação sobre linhas de financiamento.
Segundo a analista do Sebrae Minas, Tábata Moreira, esses dados reforçam a importância de simplificar os processos burocráticos e ampliar o acesso ao crédito. Programas como o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) ainda são pouco conhecidos e podem ser uma alternativa para muitas empreendedoras.
Digitalização impulsiona os negócios
A pesquisa também revelou um dado interessante: 73% das empreendedoras utilizam canais digitais para vender seus produtos ou serviços. Dentre elas:
- 30% operam exclusivamente no digital, utilizando e-commerce, sites e redes sociais.
- Outra parcela expressiva combina vendas online com lojas físicas, ampliando seu alcance no mercado.
De acordo com Marcelo de Souza e Silva, isso demonstra a capacidade das mulheres de se adaptarem às tendências do mercado e explorarem novas oportunidades para fortalecer seus negócios.
Dificuldade de equilibrar negócios e família
Para muitas empreendedoras, um dos maiores desafios ainda é conciliar a gestão da empresa com a rotina familiar. A pesquisa aponta que:
- 72% das empresárias têm filhos
- 52% não contam com o apoio da família na gestão do negócio
Esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas e iniciativas de apoio à mulher empreendedora, como ampliação de creches e redes de suporte.
Para Tábata Moreira, garantir esses suportes pode aliviar a carga das empresárias e permitir que elas se dediquem mais ao crescimento de seus negócios.
Principais desafios no dia a dia do negócio
Além dos desafios financeiros e familiares, a gestão do negócio também exige habilidades que muitas empreendedoras ainda estão desenvolvendo. As dificuldades mais citadas foram:
- Marketing e divulgação da empresa – 68%
- Gestão financeira – 57%
- Definição de metas e planejamento – 57%
- Inovação – 46%
- Fidelização de clientes – 41%
- Compreensão do mercado – 35%
- Liderança de equipes – 24%
O dado reforça a necessidade de capacitação contínua e de apoio especializado, principalmente em áreas estratégicas para o crescimento sustentável dos negócios.
Redes de apoio ao empreendedorismo feminino
Apesar da crescente participação das mulheres no empreendedorismo, 92% das entrevistadas afirmaram que não fazem parte de grupos ou redes de apoio empresarial.
Segundo Tábata Moreira, essa ausência pode ser reflexo da falta de tempo ou de conhecimento sobre essas iniciativas. No entanto, participar de redes colaborativas pode trazer benefícios como:
- Networking estratégico
- Capacitação e aprendizado contínuo
- Apoio emocional e compartilhamento de experiências
Por outro lado, 39% das entrevistadas promovem iniciativas de equidade de gênero em seus negócios, adotando medidas como parcerias, incentivo à capacitação e contratação de outras mulheres.
Essas ações são fundamentais para fortalecer o papel feminino no mercado e estimular o crescimento sustentável do empreendedorismo em Minas Gerais.
Mulheres empreendedoras em Minas Gerais
Um levantamento do Sebrae Minas, com base em dados da Receita Federal, mostra que Minas Gerais tem 897.481 pequenos negócios liderados por mulheres, o que equivale a 40,9% do total de empresas do estado.
Minas Gerais é o segundo estado com maior número de mulheres empreendedoras no Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo.
Faixa etária predominante:
- 31 a 40 anos – 27,7%
Setores mais representativos:
- Serviços – mais de 450 mil negócios femininos
- Comércio – cerca de 274 mil empresas lideradas por mulheres
Esses números mostram o impacto significativo das mulheres no cenário empreendedor mineiro, tanto na geração de emprego quanto no fortalecimento da economia do estado.
A pesquisa do Sebrae Minas evidencia que o empreendedorismo feminino está consolidado como principal fonte de renda para a maioria das mulheres em Minas Gerais. No entanto, os desafios ainda são grandes, especialmente no que diz respeito ao acesso a crédito, capacitação e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
A digitalização tem sido uma grande aliada das empreendedoras, permitindo maior alcance de clientes e novas oportunidades de crescimento. No entanto, a participação em redes de apoio e programas de capacitação ainda precisa ser incentivada para fortalecer ainda mais a presença das mulheres no mercado.
Com políticas públicas adequadas, investimentos em educação empresarial e maior suporte financeiro, as mulheres mineiras podem expandir ainda mais seus negócios e contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico do estado.
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