Últimas horas da exposição de obras mais recentes de um dos mais geniais artistas plásticos de uma
geração passada, perdida para a mediocridade oriunda da modernidade pedante.
Cristiano Ribeiro Coelho, nascido em janeiro de 1940, foi um profícuo artista plástico que assinou suas obras com um vigor absurdo, cativando aos observadores de suas telas através do movimento preciso de traços e rajadas de raios multicoloridos expressos nas telas que produziu ao longo da vida.
Sabia como poucos harmonizar os tons neutros, pastéis, com as cores vivas, frias e quentes. Demonstrando controle técnico pleno em suas obras cujas dimensões podiam chegar a muitos metros de largura e comprimento.
Com um início de carreira em jornal, foi progredindo nos desenhos, auxiliando posteriormente no desenvolvimento e ilustração do Gurilândia (1948 a 1956), um suplemento infantil do jornal “Estado de Minas”, com direção de Celso Brant.
Juntamente com sua primeira esposa, com quem teve três filhos, formou uma bem sucedida parceria comercial de seus trabalhos como pintor, expondo em galerias de todo o Brasil e vendendo a posteriori tanto dentro quanto fora do país.
Ele criava, ela vendia. Simples e efetivo.
Assim, por anos ele obteve todo o sucesso que um artista plástico desejaria ter em vida: fama, prestígio e bastante dinheiro. Isto dito, e muito bem dito, com mérito artístico e caráter resoluto, onde expressava sua marca impossível de se copiar ou reproduzir.
Um autêntico expoente da arte verdadeira, que exclama o espírito do homem frente às maiores adversidades, não o destituindo jamais da sorte de ser apenas a si próprio, limitado tão somente pelo tempo que se tem para trabalhar e repousar e desfrutar do que se pode chamar “Vida”.
Diagnosticado com Alzheimer, Cristiano há muitos anos encontrou em Valma Alves – a Valminha – sua cara metade, a mulher ideal e a companheira para todas as horas.
O casal vive em Belo Horizonte, juntamente com a filha de Valma e o neto, o bom destino dos justos e fortes de coração. O que não significa uma vida isenta de tribulações e pedras de tropeço. Mas é assim que se caminha para frente, com um esforço que mede cada distância rumo ao progresso constante.
Diante das dificuldades que se apresentaram e observando o quanto a saúde de Cristiano se tornava mais frágil, os amigos Pedro Paulo Cava, um dos principais responsáveis pela existência do Teatro da Cidade, juntamente com outro amigo chamado Luiz Otávio Brandão, organizaram um tributo ao pintor.
“Ela foi idealizada em função mesmo de querer resgatar este artista – de trazer as obras dele (ele é um senhor, já está numa idade mais avançada…!). E ele é muito amigo do idealizador desta Casa – que é o Pedro Paulo Cava.”, diz Tatiane Reis, diretora executiva do Teatro da Cidade responsável pela gestão administrativa ao ser perguntada acerca a exposição dos trabalhos de Cristiano Coelho.
“E aí o Pedro Paulo, em conjunto com o Luiz Otávio (que foi o curador da exposição), eles trouxeram esta idéia de trazer a exposição do Cristiano pra valorizar o trabalho dele, pra trazer as obras dele, pra mostrar estas obras novamente pra cidade; e aí quando eles trouxeram essa idéia eu achei muito legal porque a nossa perspectiva é que a galeria de arte esteja em constante movimento e que a gente tenha também uma diversidade de artistas…”, continua Tatiane ao comunicar exemplos anteriores de exposições realizadas na galeria, como o de um fotógrafo residente de Goiás, mais jovem em comparação à idade de Cristiano, refletindo um contraste no tocante ao etarismo mas, e o mais importante, também ao estilo e proposta.
O que um artista deve fazer para ter seus trabalhos expostos na galeria de arte do Teatro da Cidade?
Tatiane responde:
“Se o artista tem o desejo de expor aqui, ele entra em contato com a gente – ele manda sua proposta de exposição. A gente faz uma análise dessa proposta de exposição (Pedro Paulo que é o nosso curador, ele faz uma avaliação desse material do artista). E aí, a partir desta avaliação dele, a gente ajusta a questão da exposição com as nossas datas, entende qual que é a perspectiva do artista, qual que é o período que ele quer fazer essa exposição…”.
Aos interessados, o contato se faz através do email: administrativo@teatrodacidade.com.br.
Aberta 12 de fevereiro, no dia 20 de março (quinta-feira) a exposição do trabalho de Cristiano Coelho será encerrada. Mas as telas poderão ser vistas e adquiridas mesmo após isto, através dos números de Valma Alves (99237-1327) e do Escritório de Arte (31-98206-3772).
Bastando entrar em contato para saber quais são, ainda, as telas disponíveis para venda.
O Teatro da Cidade está localizado no centro de Belo Horizonte: rua da Bahia, 1341.
E a visitação gratuita do espaço tem início às 14h.
Salve, salve… Cristiano Ribeiro Coelho!
Tiago Boson
Multi-instrumentista autodidata, compositor, professor de música, pintor, ilustrador, escritor/poeta (não publicado).
E-mail: bosontiago@gmail.com
Instagram: @tiagoboson
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