Sim! Temos o hábito de procurar sempre um culpado por nossos problemas e por nossos fracassos. E quando somos vitoriosos, a soberba nos faz egoístas e atribuímos a nós mesmos a vitória. Nesses dois extremos, a soberba e a arrogância prevalecem. Somos arrogantes em não aceitarmos nossos erros e nossas incompetências quando algo de ruim acontece. E somos soberbos quando conquistamos algo. Vivemos em um país em permanente estado de crise econômica e social. Do alto dos meus mais de sessenta anos, não lembro de momentos longos de prosperidade no Brasil. Os negócios não têm tempo de absorver as mudanças, os pacotes, as regras tributárias e os planos econômicos. Já vivi incontáveis planos e pacotes. E passei por problemas sérios em vários deles. Minha vida sempre foi uma gangorra onde estou sentado de um lado e uma pessoa com o dobro de meu peso do outro. E essa pessoa pesada é a realidade brasileira. É duro e penoso brincar em uma gangorra assim. Mas, é extremamente importante usar a criatividade e buscar saídas nos becos onde aqueles que lamentam seus fracassos e os atribuem às crises, não conseguem encontrar.
Não é à toa que muitos executivos brasileiros foram contratados por grandes empresas multinacionais, pois sabiam como administrar em períodos de crise econômica, hiperinflação, falta de infraestrutura, relações com órgãos públicos e suas políticas de “criar dificuldade para vender facilidade”. Mesmo quando concluímos que outras pessoas foram responsáveis por nosso fracasso, pense em quem as escolheu para participar de seu projeto. Ninguém faz nada sozinho. Mas, somos responsáveis por nossas erros e escolhas. Conheço pessoas que tiveram excelentes oportunidades e que sempre culpam o país por seus fracassos. Já caí nessa armadilha. Hoje vejo que, ao invés de ficarmos tentando justificar as coisas ruins que acontecem conosco, temos que focar nas soluções que nos façam tirar proveito das oportunidades que estão ocultas em cada crise. E só conseguiremos enxergar se usarmos a criatividade e pensarmos “fora da caixa” sem que o clima de depressão e de tristeza tome conta de nós. Temos que agir de forma positiva. Caiu? Não foi o país que te derrubou. Você que não foi criativo o suficiente para buscar novas visões e novas versões de você mesmo. Quando se alcança o sucesso, que não é algo que caiba de maneira igual a todos pois é algo extremamente subjetivo e individual, temos que olhar para trás pois iremos perceber que não fizemos tudo sozinhos. Tivemos sim, o talento em buscar instrumentos e pessoas que nos ajudaram a chegar ao nosso objetivo. Atribuir nosso sucesso somente a nossa competência é pura arrogância. E o inferno está cheio de gente assim.
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