Alô a todos.
Nesta semana, todos vimos sem entender muito, a incursão da polícia carioca na favela do Jacarezinho, periferia do Rio de Janeiro. Com todo orgulho o comandante, quase em tom de vitória, batia no peito e dizia:
“Foi uma ação com 1.200 homens e mulheres – e nenhum tiro foi dado -. Não houve tiros contra a polícia e consequentemente nenhum disparo da Polícia do Rio na comunidade”.
Com o olhar mais aprofundado de quem não acredita em linhas editoriais fiquei me perguntando: – Se na última “visita” da polícia carioca VINTE E SEIS bandidos foram mortos e nenhum P.M foi atingido, porque a mudança de comportamento? – Os “experts” logo virão com a sua narrativa: – Ah! Porque nessa invasão funcionou a inteligência da polícia. Quer dizer que na outra houve burrice?
E continuo pensando: Na primeira vez, foram apreendidos quilos e quilos de drogas; maconha, cocaína, heroína, ecstasy, dezenas de armamentos que gravitavam entre armas de pequeno porte como revólveres 22 até armas de grande potencial ofensivo como uma bazuca (uma arma que é capaz de derrubar um avião). Desta vez NENHUMA arma, NENHUMA droga, nada? O que mudou?
Não. Não sou da turma do “bandido bom é o bandido morto e enterrado em pé no cemitério pra não ocupar espaço”. Acho que bandido bom é bandido preso. Mas preso MESMO. Lugar de ladrão é na cadeia. O mesmo com homicidas, traficantes, estupradores, enfim todos esses elementos que fazem do crime um meio de vida.
Mas raciocinei também sobre a face oculta deste fato. Mudou o comandante, mudou o comportamento? Será que os bandidos mudaram? Ou será que em ano eleitoral o final da notícia é o que interessa e não a ação em si?
Sem querer transformar esse texto em cabotinagem pura e simples, comparando as polícias, não posso esquecer que a nossa polícia de Minas Gerais é considerada A MELHOR POLÍCIA DO BRASIL. Será que tal fato tem a ver com a política? Revendo a história do Rio de Janeiro, percebo que Todos os governadores eleitos diretamente no Rio desde a reta final da ditadura ainda vivos enfrentaram ou enfrentam processos na Justiça – a maioria já passou pela cadeia e um deles, Sérgio Cabral Filho, cumpre penas que, somadas, passam de 300 anos. Só Leonel Brizola e Marcello Alencar, já mortos, não integram a lista.
Outros três, Nilo Batista, Benedita da Silva e Francisco Dornelles, também estão fora da relação, mas não foram eleitos. Assumiram no lugar dos titulares Brizola, Garotinho e Luiz Fernando Pezão, respectivamente. Todos presos. Sérgio Cabral cumpre 294 anos de cadeia. O último (eleito recentemente) Wilson Witzel também amarga cadeia. E os comandantes foram escolhidos por eles. Incrível não? Estranho, no mínimo, quem em ano de eleição, o atual governador do Rio Cláudio Castro, seja o precursor da invasão “vitoriosa” da favela do Jacarezinho, que ocorreu sob o comando direto do tenente-coronel Ivan Blaz, que cumpriu 36 mandados de prisão.
Dá vontade de coçar a cabeça, porque os consorciados da mídia deram tanta cobertura ao fato e não dizem UMA PALAVRA sobre a, já dita, MELHOR POLÍCIA DO BRASIL, que faz incursões diárias, apreensões constantes, mas não figuram com seus nomes na grande mídia “consorciada”.
Dá vontade de parodiar o saudoso Dicró, quem em sua música “cabide de emprego” já dizia que se não fosse o crime, muita gente morria de fome. O vagabundo é quem garante o pagamento dos homens. Porque um preso da vários empregos: É um policial pra prender, um delegado pra autuar um promotor pra acusar, um juiz pra condenar, um carcereiro pra tomar conta, um advogado pra soltar e eu acrescentaria dez repórteres pra mostrar.
Até Sexta-Feira que vem.
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