Com o objetivo de manter a comunicação entre empresas e familiares, muitas pessoas tiveram que aderir à vídeo chamada quase que diariamente. Mas de acordo com a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), esses encontros virtuais podem trazer a “fadiga do zoom”.
Para mostrar o impacto das videoconferências na saúde mental dos brasileiros, a ABP realizou a primeira pesquisa sobre o tema de agosto a novembro do ano passado. A sondagem revela a elevação das queixas de pacientes sobre o excesso de trabalho por videoconferências nos últimos 5 meses, recebidas por 56,1% dos psiquiatras associados.
O Balcao News conversou com o Dr. Lucas Bifano, psiquiatra especializado em gestão e cuidados de medicina de família pela UFMG e Psiquiatria pelo instituto IPEMED Ciências Médicas. Ele valoriza a tecnologia como forma de fazer os trabalhos não serem interrompidos, mas alerta as consequências que as videoconferências podem trazer aos usuários deste método:
“A fadiga de reuniões virtuais pode resultar em uma baixa qualidade de trabalho, que acarreta em frustração do profissional por não desempenhar bem seu papel, gerando ansiedade e até mesmo depressão. Pessoas que não gostam deste método de atuação, e prefeririam não participar de videoconferências, ainda mais reuniões prolongadas, podem sofrer com uma ansiedade generalizada pré-atividade, resultando em crises nervosas, ou com maior gravidade a síndrome do pânico”, destacou o psiquiatra que tem vasta experiência em saúde pública e mental, com destaque em seu trabalho relacionado ao uso benéfico dos meio eletrônicos na saúde mental. .
Os números da pesquisa também apontam que 63,3% dos psiquiatras que atendem a rede pública de saúde perceberam um aumento de prescrição de psicotrópicos (remédios controlados) para tratar pessoas que tinham queixa de excesso de trabalho por videoconferência. Dr. Lucas destacou que além da saúde mental é importante ficar atento a outras doenças que devem surgir com maior frequência neste “novo normal’:
“Devemos nos atentar também aos outros módulos além da saúde mental, como a diabetes, já que as pessoas ficarão mais sedentárias, outras doenças cardiovasculares, além das consequências que a falta de movimentação diária pode ocasionar. A ansiedade pode gerar o uso maior do tabaco, uma depressão pode fazer com que pessoas busquem amenizar o sofrimento com o excesso de alimentação, gerando aumento de peso e consequentemente desenvolvimento de outras doenças relacionadas a obesidade”, alarmou o psiquiatra.
Para tentar diminuir os danos a saúde por esse excesso, Dr. Lucas recomenda que os chefes administrem melhor esta organização de videoconferências para seus profissionais, “os chefes devem ter maior consciência sobre o horário e a rotina, não só para os funcionários, mas também para eles. Criar um cronograma em que as reuniões respeitem os horários pré-determinados de duração é fundamental para o bom desenvolvimento do cotidiano de uma equipe. O módulo pomodoro é um método eficiente, onde exemplifico para vocês: se você participou de uma reunião de X horas, descanse no mínimo 10% deste tempo. Isso possibilita um breve alívio para sua saúde mental e evita a queda de qualidade do serviço”.
SAIBA MAIS SOBRE NOSSA FONTE:
Dr. Lucas Bifano Mendes Brito – Psiquiatra especializado em gestão e cuidados de medicina de família pela UFMG e Psiquiatria pelo instituto IPEMED Ciências Médicas. Com formação médica pela Faculdade de Medicina de Ipatinga, tem vasta experiência quando o assunto é saúde pública e mental tendo tido destaque em seu trabalho relacionado ao uso benéfico dos meio eletrônicos na saúde mental. Desde então, trabalha no setor público como médico da família, e psiquiatria no setor privado. Atualmente, faz parte do Grupo de estudos Lúdicos (vertente de estudos formada por grandes universidades brasileiras, como a USP), ao lado de grandes nomes nacionais do meio acadêmico, acompanhando diversos estudos e possíveis publicações para mestrado e doutorado, além de ser médico auditor e referência em seu município, preservando a essência da promoção e prevenção da saúde estabelecida pelo SUS com uma base a mais de empatia e humanismo. Atuou também de forma pioneira em sua região na linha de frente do combate ao coronavírus, ajudando os pacientes atendidos pela rede pública de saúde.