Belo Horizonte já registra recorde de inscrição de blocos nesse carnaval 2023. Segundo a Belotur, já são 493 blocos inscritos. O número supera de longe os 347 cadastrados no último carnaval, em 2020. Como alguns deles desfilam mais de uma vez, estão previstos para este ano 538 cortejos. Alguns deles já ocorreram ao longo dessa semana. A programação completa pode ser conferida no portal eletrônico da prefeitura. Há opções em quase todas as regiões da cidade.
Segundo a projeção da prefeitura, a folia deve movimentar R$ 600 milhões e gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos. Foram cadastrados 16,1 mil ambulantes, cerca de 10% a mais que em 2020.
A retomada da força do carnaval de rua de Belo Horizonte teve como ponto de partida um movimento formado por artistas e universitários que surgiu em 2009. Eles criaram formas lúdicas de contestar medidas restritivas de ocupação do espaço público, em especial um decreto da prefeitura que proibia eventos na Praça da Estação, no centro da cidade.
Os blocos foram surgindo com o intuito de ocupar as vias da capital mineira através da folia. Passados 14 anos, a maioria dos blocos que se consolidaram como referência da programação desse carnaval organizam cortejos que divertem e também carregam bandeiras políticas: há manifestações críticas ao machismo, à homofobia, ao racismo e defesa de pautas ligadas à democratização da cultura e à inclusão social.
Blocos como Então Brilha, Juventude Bronzeada, Tchanzinho Zona Norte, Chama o Síndico, Pena de Pavão de Krishna, Angola Janga, Filhos de Tcha Tcha e Alcova Libertina são expressões desse movimento. Ao mesmo tempo, fomentam um carnaval esteticamente e musicalmente plural diante das especificidades de cores e de ritmos observadas em cada um. Há cortejos para todos os gostos: é possível transitar do samba ao rock, passando pelo axé, pela música popular brasileira, pelo jazz e até por mantras referenciados na cultura indiana.
Para apoiar o carnaval de rua deste ano, seghundo o portal Agência Brasil, a Empresa Municipal de Turismo (Belotur), vinculada à prefeitura, lançou um edital de auxílio financeiro ainda no fim do ano passado. Foi investido um total de R$ 1,6 milhão, que contemplou 95 blocos.
Nas redes sociais, os blocos vêm divulgando informações sobre seus ensaios abertos e seus cortejos. Uma exceção é o Alcova Libertina. Famoso por transformar clássicos do rock nacional e internacional em músicas de carnaval, ele anunciou em suas redes que só volta a desfilar em 2024.
“Estamos passando por um processo de reestruturação e renovação e ainda não temos condições de levantar a nau na avenida. Sentiremos falta de toda massa que sempre nos carregou pelo bloco, mas logo logo voltaremos”, registra a postagem.
Outras atrações
A abertura oficial do carnaval aconteceu no dia 1º de fevereiro, quando o prefeito Fuad Noman entregou simbolicamente a chave da cidade à Corte Real Momesca. Foram divulgadas também as atrações que acontecerão cidade. Em 14 centros culturais, acontecerão shows, exposições, oficinas e bailes infantis.
Os desfiles de escolas de samba na Avenida Afonso Pena estão confirmados para a terça-feira (21) de carnaval. Desde 1956, as agremiações de Belo Horizonte se apresentaram de forma semelhante ao que acontece hoje, guiadas por samba-enredo. Nos anos que antecederam o ressurgimento dos blocos de rua, elas eram a principal atração de um carnaval tímido e de pouco público.
Os vencedores são definidos por um grupo de jurados que analisa nove quesitos técnicos. Para apoiar as agremiações, a prefeitura destinou R$ 230 mil para a subvenção do Grupo Especial, valor 15% superior à última edição de 2020.
Os blocos caricatos, c aracterísticos da folia belorizontina, se apresentam na segunda-feira (20) de carnaval. Eles se tornaram uma categoria de desfile na década de 1950, mas sua origem ainda não é totalmente conhecida dos historiadores.
Eles podem ter influência dos carros alegóricos que partiam dos clubes e sociedades no início do século 20 ou do corso (desfiles em carros comuns), que existia desde a fundação da cidade, em 1897.
No corso, famílias desfilavam fantasiadas em seus carros particulares, em uma época em que os veículos eram mais abertos e as pessoas conseguiam ficar de pé nas laterais. Nos blocos caricatos, a bateria vai em cima de um caminhão.
O concurso de Marchinhas Mestre que é tradicional no carnaval da capital mineira, não acontece esse ano. O evento costuma consagrar composições que fazem paródia de acontecimentos da vida social e política nacional, como as clássicas Imagina na Copa, de 2013, e O Baile do Pó Royal, de 2014, que se disseminaram pelas redes sociais.