A histórica cidade de Tiradentes, em Minas Gerais, é palco de uma programação cultural única durante o “Mês da Consciência Negra”, promovido pela Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Reconhecida por sua riqueza cultural e histórica, Tiradentes abraça suas raízes afro-brasileiras com um evento que busca resgatar tradições, promover reflexões e enaltecer a identidade negra em sua essência.
Com o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a iniciativa reafirma a importância das manifestações culturais negras como parte fundamental da formação da identidade local e nacional. Entre apresentações artísticas, debates e exposições, o evento é uma imersão no legado e na resistência das comunidades afrodescendentes que moldaram a história da região e do Brasil.
Uma programação rica em tradição e resistência
A Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena preparou um cronograma diversificado e inclusivo que promete encantar e informar o público. As atividades abordam desde manifestações culturais, como congados e rodas de capoeira, até discussões aprofundadas sobre resistência afro-brasileira.
Confira alguns destaques:
Cortejo dos Congadeiros: tradição viva
No dia hoje, data que celebra o Dia da Consciência Negra, a programação iniciou com um café da manhã na sede do IPHAN, seguido por um cortejo com grupos de Congado de diversas cidades da região. Entre eles estão:
Congado de São Miguel e Santa Efigênia (Santa Cruz de Minas)
Congado Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (Coronel Xavier Chaves)
Guarda do Congo de Santo Antônio do Igarapé
Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia (Tiradentes)
O cortejo é mais do que uma celebração: é um resgate histórico de uma tradição ancestral que mistura fé, resistência e cultura. A cerimônia também contará com a Missa Inculturada, fortalecendo os vínculos entre religiosidade e identidade negra.

Cena Encontro – Roda Ancestral: Reflexões profundas
Ainda no dia de hoje teve a Roda Ancestral que reuniu especialistas e líderes culturais para um debate sobre aquilombamento e as narrativas negras como ferramentas de transformação social. Entre os participantes estiveram:
- Magna Oliveira: Mestre em Educação e coordenadora do projeto “Iranti – Ser África” (UFMG).
- Soraia Geralda Santos: Pesquisadora de saberes tradicionais africanos.
- Mestre Prego: Capitão do Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia.
- Daniele Rodrigues: Arte-educadora e ex-presidente do Movimento Negro de São João del Rei.
- Kymane Luzia: Pesquisadora das culturas afrodiásporicas e do Teatro Negro.
- Bruna dos Santos: Chefe do IPHAN Tiradentes, especialista em resistência urbana e cultura afro-brasileira.
- Sérvulo Matias: Secretário de Cultura de Tiradentes.
O encontro foi um espaço de aprendizado e troca de experiências, onde se discutiu a potência das histórias negras como alicerce para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Dança, música e homenagens: ritmos de resistência
A programação artística inclui uma rica variedade de apresentações que exaltam as raízes afrodescendentes. Destaques incluem:
- Exposição “Amazônia Negra”, da fotógrafa Marcela Bonfim, que traz à tona as conexões entre ancestralidade e território.
- Apresentação da Associação de Capoeira Artes das Gerais, seguida de rodas de samba com o grupo Tendendê, de Belo Horizonte, e performances das cantoras Isis Ferreira e Marilane Santos.
- Espetáculo “Solos da Rua”, da Cia Fusion, no dia 21 de novembro, que mistura danças urbanas como Breaking e Hip Hop Dance com narrativas pessoais.
Cinema e debates: Olhares afrodiaspóricos
O dia 22 será dedicado à sétima arte, com a exibição de filmes afrodiaspóricos no Centro Cultural Yves Alves. Entre os títulos apresentados estão:
- “Favela: Das Leben in Armut” (1971): Documentário alemão que narra a vida da escritora Carolina Maria de Jesus.
- “Ratinho”: Curta-documentário sobre um personagem histórico de Prados, MG.
- “Princesa Macula e o Canto Triste”: Um filme para toda a família que celebra a herança congadeira e a realeza negra.
A exibição será seguida por debates que promovem reflexões sobre o papel do cinema como ferramenta de resistência cultural e valorização da memória afro-brasileira.
Encerramento: Música e memória
No dia 24, o concerto “Música Afrodiaspórica”, com a centenária Banda Ramalho, promete encantar os presentes. A apresentação une a tradição sacra mineira a elementos afrodescendentes, reafirmando a importância da preservação cultural. O mês encerra com o espetáculo teatral “Okan”, do grupo Teatro da Pedra, que explora a ancestralidade africana em uma viagem sensorial e visual.
Impacto e legado: uma Tiradentes mais inclusiva
A Semana da Consciência Negra em Tiradentes transcende o calendário cultural. Trata-se de uma oportunidade de reconstruir narrativas históricas, ampliar o diálogo sobre a diversidade e celebrar o legado afro-brasileiro. Em uma cidade marcada pela herança colonial, iniciativas como essa são fundamentais para fortalecer o pertencimento e a representatividade.
Com um evento tão plural e transformador, Tiradentes se posiciona como exemplo de preservação e valorização da cultura negra. A parceria com o IPHAN, somada ao apoio da UFMG e ao patrocínio da Cemig, garante que a Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena continue sendo um espaço de celebração e resistência cultural.
Apoio essencial: Cemig e a força da cultura
Nada disso seria possível sem o suporte da Cemig, que há anos é uma das maiores incentivadoras da cultura em Minas Gerais. Desde a primeira edição da Mostra, a empresa tem contribuído para o fortalecimento das manifestações artísticas locais. Em 2025, o evento alcançará sua 12ª edição, consolidando-se como referência na valorização cultural.
Serviço:
Site oficial: www.tiradentesemcena.com.br
Instagram: @tiradentesemcena
Facebook: Tiradentes em Cena
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