A temporada de volta às aulas já começou e, com ela, o comércio de material escolar ganha um novo fôlego em Belo Horizonte. Este período, tradicionalmente aquecido, promete impulsionar a economia local e nacional, com lojistas da capital mineira otimistas quanto ao crescimento nas vendas. Segundo projeções do Instituto Locomotiva e QuestionPro, em 2024, o segmento de material escolar movimentou R$ 49,3 bilhões no Brasil. Agora, em 2025, as expectativas são igualmente promissoras.
Neste artigo, exploraremos o impacto dessa movimentação no comércio, os desafios enfrentados pelos consumidores e empresários, as expectativas de vendas e as estratégias adotadas para atrair clientes. Vamos mergulhar nos detalhes e entender como esse mercado vital funciona.
Mercado de material escolar: expectativas de crescimento em 2025
Na capital de Minas Gerais, lojistas esperam um crescimento entre 5% e 6% nas vendas de materiais escolares neste período. Segundo Fátima Homem, coordenadora do CDL/BH Negócios Papelaria e empresária do ramo, o aumento deve ser reflexo do maior número de famílias antecipando orçamentos e fechando compras nas semanas que antecedem o início do ano letivo.
“Os consumidores têm pesquisado mais antes de comprar, comparando preços em diferentes estabelecimentos. Isso se deve à alta nos custos de produção, inflação, tributação e a valorização do dólar nos últimos anos”, explica Fátima.
O tíquete médio previsto para as compras em Belo Horizonte gira em torno de R$ 290,00, com muitas lojas oferecendo descontos atrativos para pagamentos à vista. No caso da papelaria de Fátima, por exemplo, o abatimento pode chegar a 10%. Essa política de descontos é uma estratégia utilizada por muitos comerciantes da região para atrair consumidores, especialmente em um período de orçamento familiar apertado.
Estratégias de pagamento: PIX e parcelamento ganham espaço
Embora os pagamentos à vista sejam incentivados, o parcelamento também continua sendo uma opção popular, principalmente para itens de maior valor agregado, como mochilas e materiais de marca. Segundo o empresário Frederico Cosentino, o mercado tem trabalhado com condições que equilibrem os diferentes perfis de consumo.
“Cerca de metade dos consumidores optam por pagamentos à vista, geralmente usando o PIX, enquanto a outra metade prefere parcelar no cartão de crédito. Isso demonstra a importância de diversificar as formas de pagamento para atender a diferentes demandas,” analisa Cosentino.
Essa flexibilidade tem se tornado um diferencial competitivo, especialmente em um mercado onde os preços tendem a subir. De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), os materiais escolares devem ficar de 5% a 9% mais caros neste ano, impulsionados principalmente pela carga tributária elevada.
O impacto da carga tributária no setor
A tributação sobre os materiais escolares no Brasil é um dos principais desafios enfrentados pelos empresários e consumidores. Em alguns produtos, os impostos podem representar até 40% do preço final, tornando itens essenciais mais caros e reduzindo o poder de compra das famílias.
Para Fátima Homem, essa realidade demanda uma reforma tributária urgente:
“Os tributos forçam o lojista a aumentar os preços, o que prejudica tanto o consumidor quanto o mercado. Uma revisão nesse sistema beneficiaria toda a cadeia produtiva e, principalmente, as famílias.”
Apesar do impacto significativo dos impostos, o verdadeiro “vilão” das listas de material escolar, segundo a empresária, são os livros didáticos, que podem custar em média R$ 1.500,00 por aluno. Atualmente, grande parte das livrarias e papelarias deixou de comercializar livros didáticos, o que também impacta negativamente o faturamento desses estabelecimentos.
Acesso ao material escolar e impacto nas famílias brasileiras
A compra de materiais escolares é uma despesa que afeta 85% das famílias brasileiras, sendo ainda mais pesada para aquelas da classe C, onde 95% relatam impacto significativo no orçamento. Entre os entrevistados na pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, 38% afirmaram que a despesa tem um impacto muito alto, enquanto 47% a consideraram de médio impacto. Apenas 15% disseram que as compras de volta às aulas não afetam o orçamento familiar.
Em termos de participação no mercado, as classes B e C concentram juntas 76% dos gastos nacionais com material escolar, movimentando R$ 20,3 bilhões e R$ 17,3 bilhões, respectivamente. Além disso, a Região Sudeste lidera os gastos, com 46% do total, seguida pelo Nordeste (28%) e Sul (16%).
Tendências de consumo e prioridades dos consumidores
Os consumidores estão cada vez mais conscientes da necessidade de pesquisar antes de comprar. Além disso, a qualidade dos produtos tem ganhado destaque, especialmente em itens duráveis, como mochilas, estojos e materiais reutilizáveis.
Outra tendência observada é o aumento na compra de itens ecológicos, como cadernos de papel reciclado e canetas biodegradáveis. Muitas papelarias têm ampliado seus estoques para incluir produtos sustentáveis, que, embora possam ser um pouco mais caros, têm conquistado os consumidores preocupados com o meio ambiente.
Dicas para economizar na volta às aulas
Diante do aumento de preços, algumas estratégias podem ajudar as famílias a economizar:
- Pesquisa de preços: Utilize comparadores online ou visite diferentes lojas físicas para encontrar as melhores ofertas.
- Compra em grupo: Organize-se com outros pais para negociar descontos em compras em maior quantidade.
- Reaproveitamento: Verifique materiais usados de anos anteriores que ainda podem ser reutilizados.
- Atenção às listas escolares: Analise detalhadamente os itens solicitados pelas escolas, priorizando o essencial.
- Descontos à vista: Sempre que possível, opte por pagamentos em dinheiro ou PIX para aproveitar abatimentos.
A temporada de vendas de material escolar em 2025 promete movimentar o comércio em Belo Horizonte e em todo o Brasil. Apesar dos desafios impostos pela alta de preços e pela carga tributária, o setor segue como um dos pilares do mercado varejista no início do ano. Para os lojistas, estratégias como descontos à vista, parcelamento flexível e a oferta de itens diferenciados são fundamentais para atrair consumidores.
Por outro lado, para as famílias, planejar as compras, reaproveitar materiais e priorizar o essencial são ações indispensáveis para equilibrar o orçamento. Em meio a tudo isso, o mercado segue mostrando resiliência, adaptando-se às mudanças no comportamento do consumidor e contribuindo para a retomada econômica.
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