Mineiros começam 2025 com mais contas atrasadas

Endividamento cresce e média das dívidas ultrapassa R$ 4 mil
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Levantamento da CDL/BH revela que o valor médio devido ultrapassa R$ 4 mil. Consumidores entre 30 e 39 anos são os principais inadimplentes. Foto: Divulgação/Joédson Alves/Agência Brasil.

O ano de 2025 começou com um cenário preocupante para os consumidores mineiros: o número de pessoas com contas em atraso aumentou significativamente. Segundo um levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), com base nos dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a inadimplência no estado cresceu 2,86% em janeiro de 2025, quando comparada ao mesmo período de 2024.

Além disso, a passagem de dezembro para janeiro também registrou alta, com 1,11% a mais de consumidores com pagamentos atrasados. Em média, cada devedor possui duas pendências financeiras, acumulando uma dívida que chega a R$ 4.357,22.

Fatores que impulsionam a inadimplência

Para o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, o aumento da inadimplência está atrelado a fatores econômicos e comportamentais. “A elevação das taxas de juros impede negociações mais vantajosas para os consumidores. Além disso, a falta de planejamento financeiro, principalmente entre aqueles que estão no mercado de trabalho, contribui para o crescimento do endividamento”, explica.

Ele também destaca que o cenário macroeconômico, com a inflação impactando diretamente o preço dos alimentos, tem reduzido ainda mais o poder de compra das famílias, principalmente as de baixa renda. Como resultado, muitos consumidores não conseguem pagar suas contas em dia, agravando o ciclo da inadimplência.

Perfil dos inadimplentes em Minas Gerais

Homens devem mais, mas mulheres lideram em número de contas

Os dados do levantamento revelam diferenças entre os gêneros quando o assunto é inadimplência. O valor médio das dívidas contraídas pelos homens é de R$ 4.631,97, enquanto as mulheres devem, em média, R$ 4.267,40. No entanto, as mulheres possuem um volume maior de contas em atraso, representando 44,5% do total, contra 44,36% dos homens. A diferença de 11,14% corresponde a pessoas sem gênero identificado na base do SPC Brasil.

Faixa etária mais endividada

A pesquisa também aponta que consumidores entre 30 e 39 anos são os mais afetados pela inadimplência, representando 23,82% do total. Além disso, este grupo apresenta o maior valor médio de dívida, que chega a R$ 5.233,67.

Segundo a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, essa faixa etária enfrenta dificuldades recorrentes para quitar suas dívidas. “Muitos desses consumidores entram na lista de inadimplentes, encontram obstáculos para obter crédito, não conseguem boas condições de renegociação e acabam retornando ao ciclo da inadimplência”, destaca. As principais contas em atraso desse grupo estão relacionadas ao cartão de crédito e ao financiamento estudantil.

Inadimplência por faixa etária

Os dados detalhados do levantamento mostram a distribuição dos endividados por idade e o valor médio das dívidas:

  • 18 a 24 anos → 5,3% dos inadimplentes | R$ 3.084,01
  • 25 a 29 anos → 10,8% dos inadimplentes | R$ 3.060,92
  • 30 a 39 anos → 23,82% dos inadimplentes | R$ 5.233,67
  • 40 a 49 anos → 21,89% dos inadimplentes | R$ 4.824,83
  • 50 a 64 anos → 21,68% dos inadimplentes | R$ 4.103,36
  • 65 a 84 anos → 13,43% dos inadimplentes | R$ 3.398,85
  • 85 a 94 anos → 2,06% dos inadimplentes | R$ 1.634,48
  • Acima de 95 anos → 0,72% dos inadimplentes | R$ 965,51

Os números mostram que a inadimplência atinge consumidores de todas as idades, mas o impacto é maior entre aqueles na faixa dos 30 a 49 anos, grupo que geralmente tem mais compromissos financeiros, como financiamento de imóveis, veículos e despesas com filhos.

Como evitar a inadimplência em 2025?

Diante desse cenário de endividamento crescente, especialistas recomendam algumas estratégias para que os consumidores consigam organizar suas finanças e evitar a negativação:

1. Planejamento financeiro

Criar um orçamento mensal é essencial para manter o controle dos gastos. Registrar todas as despesas e receitas ajuda a visualizar onde o dinheiro está sendo gasto e identificar cortes necessários.

2. Priorizar o pagamento das dívidas

Caso já esteja inadimplente, o ideal é listar todas as dívidas e priorizar aquelas com juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial.

3. Evitar compras impulsivas

Antes de adquirir qualquer produto ou serviço, avalie se a compra é realmente necessária. Evitar parcelamentos longos e juros elevados também pode fazer a diferença.

4. Criar uma reserva de emergência

Ter um fundo de emergência evita que despesas imprevistas levem ao endividamento. O ideal é guardar, no mínimo, três meses de despesas essenciais.

5. Buscar renegociação com credores

Caso as dívidas já estejam acumuladas, uma alternativa é buscar condições mais vantajosas para pagamento. Muitas empresas oferecem descontos e parcelamentos para clientes inadimplentes.

Perspectivas para a economia mineira

O crescimento da inadimplência em Minas Gerais reflete um desafio nacional. Com a inflação pressionando o custo de vida e os juros ainda elevados, muitos consumidores encontram dificuldades para manter as contas em dia. Especialistas esperam que medidas econômicas sejam adotadas para incentivar a renegociação de dívidas e facilitar o acesso ao crédito com juros mais baixos.

Enquanto isso, o consumidor precisa estar atento ao seu planejamento financeiro, buscando equilíbrio nas finanças para evitar que o endividamento se transforme em uma bola de neve difícil de controlar.

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