Flávio Dino vota pela cassação de Carla Zambelli no STF

Ministro do Supremo acompanha relator Gilmar Mendes
Carla Zambelli foto Lula Marques agencia brasil Carla Zambelli foto Lula Marques agencia brasil
A deputada conservadora Carla Zambelli já declarou que está sendo perseguida politicamente. “Fica claro que a (sic) perseguição política em nosso país, contra os conservadores, é visível como o Sol do meio-dia”. Foto: Lula Marques/Agência Brasil.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, manifestou seu voto favorável à cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A decisão foi registrada neste domingo (23), durante a sessão do plenário virtual da Corte.

O magistrado seguiu integralmente o voto do relator do caso, ministro Gilmar Mendes, que já havia proposto a condenação da parlamentar com base em dois crimes: porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma. Com esse posicionamento, o placar parcial do julgamento contabiliza quatro votos a favor da cassação e nenhum contra.

Ministros já formam maioria parcial

Além de Flávio Dino e Gilmar Mendes, também acompanharam o entendimento do relator os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia. O julgamento segue no ambiente virtual do Supremo e ainda contará com os votos de outros sete ministros. A deliberação permanecerá aberta até 28 de março.

Com o apoio majoritário já se desenhando, cresce a expectativa em torno do desfecho do caso, especialmente diante da possibilidade concreta de perda do mandato parlamentar e pena de reclusão em regime semiaberto, estabelecida em cinco anos e três meses.

A origem do caso: perseguição armada

O processo que hoje pesa sobre Zambelli teve início com um episódio de grande repercussão ocorrido na véspera do segundo turno das eleições de 2022, em São Paulo. Na ocasião, a deputada, que se encontrava armada, sacou uma pistola e perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas da capital paulista, num flagrante registrado por diversos vídeos que circularam amplamente nas redes sociais.

A partir do material obtido, o STF aceitou denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República e tornou Zambelli ré em agosto de 2023, formalizando sua condição de investigada no processo penal que agora pode resultar em cassação e condenação.

Flavio Dino por Rovena Rosa agencia brasil
Flávio Dino seguiu integralmente o voto do relator do caso, ministro Gilmar Mendes, que já havia proposto a condenação da parlamentar. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.

Voto de Dino: severidade e crítica à conduta

Ao fundamentar seu voto, o ministro Flávio Dino foi categórico e crítico quanto à conduta da parlamentar. Para ele, a ação de Zambelli configura uma “contradição insanável” ao princípio representativo da democracia:

“É uma contradição insanável que um representante político ameace gravemente um representado, como se estivesse acima do cidadão ao ponto de sujeitá-lo com uma arma de fogo, em risco objetivo de perder a sua vida”, pontuou o magistrado.

Defesa contesta rito do julgamento

Em nota divulgada na sexta-feira (21), o advogado de defesa da deputada, Daniel Bialski, alegou que houve cerceamento de defesa. Segundo ele, a impossibilidade de fazer uma sustentação oral durante o julgamento no plenário virtual comprometeu o direito de ampla defesa.

“Esse direito do advogado não pode ser substituído por vídeo enviado – cuja certeza de visualização pelos julgadores inexiste”, afirmou o defensor, reforçando que a ausência de interação direta com os ministros prejudica a atuação técnica.

Ainda não há decisão sobre um eventual pedido para deslocamento do julgamento ao plenário físico, onde as sustentações orais são garantidas.

Consequências políticas e jurídicas

Caso a maioria dos ministros mantenha o voto do relator, o caso poderá ter implicações profundas na esfera política, tanto para Zambelli quanto para a bancada bolsonarista à qual ela pertence. A cassação, além de implicar perda do mandato e suspensão dos direitos políticos, pode gerar um efeito dominó sobre outros parlamentares envolvidos em ações judiciais ou acusações de abuso de poder.

STF em foco: ativismo judicial ou salvaguarda constitucional?

O caso também reacende o debate sobre o papel do STF como guardião da Constituição. Críticos veem nas decisões do Supremo uma atuação ativista e excessivamente punitiva, enquanto defensores argumentam que o Tribunal tem sido a última barreira contra práticas que ferem a ordem democrática e a convivência civilizada entre os poderes da República.

Desdobramentos esperados até o fim de março

Com a conclusão prevista para o dia 28, o julgamento pode ainda reservar surpresas, tanto no campo jurídico quanto no político. Há possibilidade de pedido de vista por parte de algum ministro, o que poderia protelar a decisão final.

Enquanto isso, Carla Zambelli segue exercendo o mandato na Câmara dos Deputados, mas com o futuro político em xeque e sob crescente pressão tanto de opositores quanto de aliados, que veem no episódio uma mancha irreversível em sua trajetória parlamentar.

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