Na madrugada deste domingo (22), o Oriente Médio mergulhou em mais um capítulo de tensão militar.
Mísseis disparados pelo Irã atingiram três regiões em Israel, incluindo a populosa cidade costeira de Tel Aviv.
O ataque deixou pelo menos 23 pessoas feridas e ampliou o temor de uma escalada ainda mais perigosa no conflito. As ofensivas iranianas ocorreram poucas horas depois de os Estados Unidos realizarem bombardeios direcionados a três instalações nucleares iranianas.
No bairro de Ramat Aviv, em Tel Aviv, vários edifícios residenciais sofreram danos estruturais expressivos. Em inspeção aos locais atingidos, o prefeito Ron Huldai relatou a severidade do impacto: “As casas aqui foram atingidas com muita, muita gravidade”, disse. Apesar da destruição, ele destacou que a maioria dos moradores estava em abrigos, o que evitou vítimas fatais. “Os danos materiais são imensos, mas não tivemos perdas humanas“, acrescentou.
Haifa e Ness Ziona sob fogo
Outros pontos críticos do ataque incluíram Haifa, ao norte do país, e Ness Ziona, ao sul de Tel Aviv. A polícia israelense confirmou o envio imediato de equipes de emergência para essas áreas. Fotografias divulgadas pela Agência France-Presse mostram a devastadora cena em Haifa: uma praça pública coberta por entulhos, com comércios e residências gravemente afetados.
O diretor do Magen David Adom, Eli Bin – equivalente israelense da Cruz Vermelha , segundo a Agência Brasil confirmou que 23 pessoas ficaram feridas. Destas, duas apresentam estado de saúde moderado; as demais, ferimentos leves. Segundo o exército israelense, duas salvas de mísseis foram disparadas a partir do território iraniano por volta das 7h30 (1h30 no horário de Brasília).
Trump revela ataques a instalações nucleares
A ofensiva iraniana se deu após uma movimentação militar coordenada pelos Estados Unidos. Na noite de ontem, sábado (21), o presidente Donald Trump anunciou ao mundo que o país havia destruído com êxito três instalações nucleares do Irã.
Em pronunciamento oficial, Trump foi direto: “Posso informar ao mundo que os ataques foram um sucesso militar espetacular. As principais instalações de enriquecimento nuclear do Irã foram completamente e totalmente destruídas”. Ele classificou o Irã como “valentão do Oriente Médio” e exigiu uma escolha por parte do regime: “O Irã deve escolher a paz. Caso contrário, ataques futuros serão muito maiores e mais fáceis de executar”.
Trump ainda relembrou quatro décadas de hostilidade entre Teerã e Washington: “Durante 40 anos, o Irã vocifera morte à América, morte a Israel. Mataram nossos soldados, explodiram seus membros com artefatos improvisados. Passamos por perdas incalculáveis”.
Apoio total de Israel aos EUA
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu endossou a iniciativa americana, agradecendo a Trump pelo apoio militar. Em declaração à imprensa, afirmou: “A ação conjunta era essencial para neutralizar a ameaça nuclear iraniana, mesmo com as negativas de Teerã”. Netanyahu confirmou que Israel também realizou bombardeios contra alvos militares e nucleares iranianos dias antes.
“Os ataques vão continuar enquanto houver necessidade. A missão é impedir que sejamos alvo de aniquilação”, declarou.
Cresce o temor de guerra ampliada
No centro das tensões está a acusação de que o Irã estaria prestes a desenvolver uma arma nuclear. Israel, em resposta, lançou um ataque preventivo em 13 de junho, aumentando a intensidade do conflito regional.
Teerã nega veementemente tais intenções. O governo iraniano insiste que seu programa nuclear é pacífico e que estava em fase de negociação com Washington para reafirmar os termos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual é signatário.
Apesar disso, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem acusado o Irã de descumprimentos, embora admita não possuir provas concretas de que o país esteja construindo uma ogiva. Teerã, por sua vez, alega que a agência atua com vieses políticos, influenciada por potências ocidentais como Estados Unidos, França e Reino Unido.
Em um relatório de março, a Inteligência norte-americana concluiu que o Irã não estava construindo armas nucleares – posição posteriormente contestada pelo próprio Trump.
Dossiê nuclear israelense sob sigilo
Ainda que critique abertamente o programa atômico iraniano, Israel nunca reconheceu oficialmente possuir armamento nuclear. Contudo, ao longo das décadas, várias fontes internacionais indicaram que o país desenvolveu um arsenal considerável, com estimativas apontando para cerca de 90 ogivas desde os anos 1950.
Para muitos, a assimetria na pressão internacional compromete o diálogo e aumenta o risco de um conflito total.