Setor produtivo debate futuro da energia elétrica no Brasil

Seminário debate impactos da reforma
A importância de manter o foco nas decisões que envolvem fontes energéticas poluentes foi reforçada. Foto: Sebastião Jacinto Júnior/Fiemg.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) foi palco, nesta segunda-feira (23/6), do seminário “Reforma do Setor Elétrico: o que está em jogo?”.

Organizado em parceria com o Conselho de Consumidores da Cemig (Concemig), o evento reuniu empresários, representantes de associações, autoridades públicas e especialistas para discutir os desdobramentos legislativos que vêm redesenhando o cenário energético nacional.

A mobilização acontece em um momento estratégico, logo após a votação no Congresso Nacional do Veto nº 3/2025. Parte dos vetos presidenciais à chamada “Lei das Eólicas Offshore” foi derrubada, reacendendo o debate sobre os possíveis impactos tarifários, ambientais e estruturais que a reconfiguração do setor pode provocar.

Matriz energética sob vigilância

Durante a abertura do seminário, o presidente em exercício da FIEMG, Bruno Melo Lima, destacou a importância de manter o foco nas decisões que envolvem fontes energéticas poluentes, como carvão e gás natural. “A boa notícia é que os dispositivos com menor impacto financeiro e relacionados às renováveis foram os vetados. Agora, é fundamental preservar os vetos referentes às térmicas, pois sua eventual liberação pode representar um aumento de até 6% nas tarifas e ameaçar o equilíbrio da matriz elétrica nacional”, alertou.

Lima reforçou o papel estratégico da indústria mineira nesse processo. “Reunimos os principais atores do setor elétrico para analisar o que está em risco e contribuir com uma agenda que seja sustentável, previsível e financeiramente viável para todos — consumidores, produtores e o Estado.”

Mobilização evita tarifa ainda mais alta

A FIEMG, junto a diversas entidades do setor produtivo e da sociedade civil, atuou de forma coordenada para impedir a aprovação de medidas com forte impacto financeiro para o consumidor final. De acordo com estimativas do setor, a manutenção parcial dos vetos evitou um reajuste potencial de até 9% nas contas de luz. Com a atuação estratégica, o impacto agora deve ser limitado a cerca de 3%.

Essa articulação é vista como uma resposta direta e necessária ao avanço de propostas que poderiam desequilibrar a estrutura tarifária do país, encarecendo a energia elétrica e comprometendo a competitividade da indústria nacional.

Participação de especialistas e entidades

O seminário também contou com nomes de peso do setor energético. Entre os participantes estavam Marcos Madureira, presidente executivo da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), e Fernando Teixeirense, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE).

Ambos reforçaram a necessidade de um debate transparente e técnico sobre o futuro da política energética brasileira, defendendo a construção de uma matriz baseada na racionalidade econômica e ambiental, que respeite a diversidade de perfis regionais e preserve a capacidade de investimento do setor produtivo.

Consumidores devem estar no centro

Representando o Conselho de Consumidores da Cemig, a gerente de Energia da FIEMG, Tânia Mara Santos, destacou a importância de ampliar os canais de diálogo com os consumidores, tanto residenciais quanto industriais. “A sociedade precisa estar mais presente nos debates regulatórios e legislativos. Quanto mais próximo o cidadão estiver dessas decisões, mais legítimo será o sistema que estamos construindo”, afirmou.

Ela também alertou para o risco de decisões mal calibradas no Congresso impactarem diretamente os preços pagos por todos, especialmente os mais vulneráveis economicamente.

Congresso segue com pautas decisivas

O seminário foi encerrado pelo deputado federal Diego Andrade, presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Ele apresentou um resumo dos principais pontos debatidos durante o encontro e detalhou os próximos passos no trâmite legislativo.

Queremos ouvir com clareza as demandas do setor industrial. Nosso desafio é construir soluções equilibradas, que preservem o interesse público sem onerar ainda mais a indústria e o consumidor”, declarou o parlamentar mineiro.

Andrade reafirmou o compromisso da comissão com a abertura de novos espaços de escuta técnica e participação social, essenciais para orientar decisões seguras e de longo prazo.

Energia acessível e sustentável

A FIEMG finalizou o evento reiterando sua defesa por um modelo energético que seja previsível, eficiente e ambientalmente responsável. Para a entidade, proteger o consumidor e preservar a competitividade da indústria não são tarefas excludentes, mas complementares — exigem planejamento, articulação entre os poderes e, sobretudo, mobilização constante da sociedade.

A Federação reforçou que seguirá vigilante frente a qualquer movimentação que ameace encarecer o custo da energia, travar o desenvolvimento industrial ou fragilizar a transição para fontes renováveis. Nesse cenário, o engajamento de todos os segmentos — do consumidor ao legislador — será decisivo para garantir um futuro energético sustentável e justo para o Brasil.

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