Ontem, terça-feira, a Comissão de Mobilidade Urbana, Comércio, Indústria e Serviços da Câmara Municipal de Belo Horizonte promoveu uma audiência pública para debater a condição emergencial do trânsito na junção da Avenida Dandara com as Ruas Petrópolis, Geraldo Orozimbo, Wanderlei Teixeira Matos e Estanislau Pedro Boardman, no Bairro Trevo.
As discussões puderam contar com a presença do autor do requerimento, vereador Wagner Ferreira (PV), de lideranças comunitárias, moradores da região e de Ricardo Alves Godoy, representante da diretoria de Sistema Viário da BHTrans, que anunciou o início de obras para instalação de uma rotatória no local, com previsão de início em outubro de 2025. A proposta foi recebida com entusiasmo pela comunidade local.
A seguir, uma abordagem aprofundada e enriquecida sobre o ocorrido, abordando histórico, implicações, infraestrutura e próximos passos para sanar um dos principais focos de congestionamento e acidentes em BH.
O Quadro Atual do Trânsito
No trecho mencionado — ponto de convergência entre cinco vias — o tráfego intenso e a alta probabilidade de colisões têm sido um problema recorrente. Até o momento da audiência, mapas de tráfego apontam para um fluxo elevado, refletido nos relatos frequentes de acidentes envolvendo, inclusive, moradores e comerciantes.
O vereador Wagner Ferreira foi o responsável por convocar a reunião, motivado por constantes queixas da população:
“É preciso tomar medidas com urgência, pois o fluxo de veículos é grande e os acidentes são frequentes no local”, alertou o parlamentar durante o encontro.
Wagner apresentou um vídeo com imagens do cruzamento e transcrições de falas de pessoas que vivem ou trabalham nas imediações, reforçando visualmente a gravidade da situação.
Morador da região, Alexandre ressaltou o impacto da urbanização no trânsito:
“O bairro tem evoluído, com a chegada de supermercados e outros equipamentos. Isso é bom, mas algo tem que ser feito para melhorar o trânsito. Nossa maior necessidade hoje é uma rotatória (…) e mais segurança, principalmente para as crianças”.
Alexandre trouxe à tona a preocupação com crianças e veículos escolares, que circulam em grande número pela Avenida Dandara.
Sônia Maria Mendes, liderança comunitária Sônia Maria Mendes relatou uma série de demandas encaminhadas à BHTrans sem resposta satisfatória:
“Eles vão lá, tiram foto, medem e vão embora. Quando a gente cobra, eles falam que está em análise, mas essa análise já dura sete anos”.
O grande entrave gira em torno da falta de retorno e da sensação de descaso frente às reclamações.
Durante a audiência, ficou evidente a confusão quanto à intervenção mais apropriada:
Alguns esperavam semáforo no local;
Outros defendiam a rotatória como solução mais eficiente.
Diante disso, Wagner Ferreira questionou, indignado:
“Cada hora chega uma notícia diferente: vai ser rotatória? vai ser semáforo?”
Ricardo Alves Godoy apresentou o posicionamento técnico da BHTrans:
Semáforos não são recomendados devido à alta possibilidade de congestionamento, especialmente em horários de pico;
O local é favorável à implantação de uma rotatória, por oferecer espaço suficiente. O tráfego local conta com veículos de carga pesada, sobretudo em razão da presença de uma empresa de mineração na Rua da Pedreira. Isso impõe maiores desafios à estrutura rodoviária do entorno.
Segundo Ricardo:
Rotatória em concreto armado;
Corpo central elevado (~5 cm) para restringir o tráfego pesado;
Veículos menores e ônibus poderão circular normalmente;
Carretas poderão passar sobre o núcleo da rotatória se necessário, por ser resistente.
A inclusão da elevação visa disciplinar o trânsito, reduzindo risco de acidentes e tornando explícita a preferência de percurso.
Um participante sugeriu que, mesmo com a rotatória, alguns motoristas poderiam passar “direto” sobre ela. Ricardo informou que isso é infração de trânsito e pode danificar veículos menores.
Além da rotatória, moradores sugeriram:
Instalação de quebra-molas na Avenida 9 de Abril – demanda repetida por Milene Barbosa Ruas e Valéria Cristina, que relataram acidentes e preocupação com alta velocidade;
Faixas de pedestres e melhor sinalização horizontal e vertical;
Pavimentação e requalificação das calçadas para o fluxo de pedestres;
Atenção especial para a Rua Camilo Torres, considerada pela moradora Camila Soares como “insuportável” e sem sinalização.
BHTrans: confirmou a execução da rotatória em outubro de 2025;
Câmara Municipal: o vereador Wagner Ferreira se comprometeu a compilar todas as solicitações – não apenas a rotatória, mas outras obras – e enviar à BHTrans por meio de comunicação formal;
Acompanhamento: demandado acompanhamento regular pela Comissão de Mobilidade Urbana, garantindo que seja produzida a devida contrapartida;
Mobilização comunitária: será intensificado o diálogo entre associação de moradores e os órgãos públicos, assegurando transparência nos prazos e etapas.
Objetivos pretendidos
- Redução da velocidade de passagem pelo cruzamento;
- Maior previsibilidade de fluxo, reduzindo colisões;
- Segurança para pedestres, especialmente crianças que frequentam a região;
- Disciplinamento viário, exigido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Vantagens da rotatória, segundo Bhtrans:
- fluxo contínuo,
- reduz embotellamentos,
- custo de operação relativamente baixo;
Desvantagens:
- curva reduzida pode intimidar veículos pesados — compensada pela construção em concreto reforçado.
Etapa Descrição Prazo
1 Audiência pública realizada 23/06/2025
2 Elaboração de documento com demandas ampliadas Julho/2025
3 BHTrans inicia projeto e licitação Até setembro/2025
4 Início das obras da rotatória Outubro/2025
5 Implantação de melhorias em outras vias – quebra-molas, faixas, sinalização 2026 (em paralelo)
6 Avaliação pós-implementação e ajustes Final de 2026
A audiência pública do dia 23 de junho de 2025 foi marco decisivo para a mobilidade no Bairro Trevo. Com a confirmação da rotatória como solução viável e sem aglomeração de semáforos, a gestão municipal alinha técnica e urgência, respondendo às décadas de solicitações comunitárias.
A obra a ser iniciada em outubro de 2025 representa um avanço concreto, reforçado pela participação ativa de moradores, vereadores e BHTrans.