Vivemos um momento político muito delicado, onde a polarização deixou os ânimos muito exaltados. Isso tudo tem gerados muitas brigas e discussões, em família ou entre amigos, e inevitavelmente tem afetado as nossas crianças. Infelizmente os pequenos acabam presenciando esse tipo de discussão e, por serem como espojas, absorvem e reverberam muitos dos absurdos que ouvem. “ A criança é uma esponja porque precisa de um referencial. Quanto menor ela for, mais fácil a criança estar apenas repetindo aquilo o que foi falado porque ela precisa partir de algum lugar. ”, explica a psicanalista Sylvia Caram.
É preciso ter muito cuidado com o que dizemos e como dizemos na frente deles, pois as crianças não têm filtro e nem a noção necessária para processar o que está acontecendo. Fato é que esta discussão vai ainda mais além, mostrando o quanto precisamos educa-los politicamente para que, com o passar do tempo, tenham o devido censo crítico e possam ter uma maior civilidade para discutir visões opostas, sem que haja a agressividade que vemos hoje em dia.
Claro que crianças abaixo de 8 ou 9 anos não consegue de fato saber ou entender a complexidade da política, mas inseri-los desde cedo talvez seja uma forma de formarmos cidadãos mais conscientes futuramente. Confesso que eu era contra os pequenos serem envolvidos nesse tipo de assunto, exatamente pela complexidade e a falta de maturidade deles, mas me convenci do contrário ao ler alguns profissionais exporem outros pontos de vista. Eu inclusive fui obrigado a rever a forma como eu me comportava ou retrucava as coisas que a minha filha dizia sobre a política atual.
Passei a ouvir mais o que ela diz e respondendo seus questionamentos sobre. Mas certamente tem que haver uma forma assertiva e respeitosa para inserir os pequenos nesse assunto.
Aos mais pequeninos devemos ser o mais simples e direto possível, deixando que a curiosidade deles dite a conversa. Exemplos práticos, como exemplificar utilizando acontecimentos da sala de aula ou entre os colegas ajuda muito o entendimento. Outro fator muito importante é, desde cedo, reforçar a importância de se ter tolerância e respeito com o posicionamento do outro.
Externar o seu ponto de vista para eles não é um problema, mas sim incentiva-lo a desrespeitar aqueles que tem opinião contrária à sua. A medida que eles vão crescendo devemos incentiva-los a buscar suas próprias conclusões e escolhas, mesmo que sejam diferentes das nossas.
Nossa obrigação é mostra-los que discursos de ódio, como homofobia e racismo, não são questão de opinião, mas um ataque a direitos do outro. E que isso é inaceitável. Por isso, cabe a nós, pais ajudar a formar cidadãos conscientes, que sejam respeitosos e tolerantes com as diferenças. Se começarmos por nós, além de estarmos contribuindo por um país melhor, estaremos formando cidadãos de bem de verdade.