“Viver não é preciso”
(mas é preciso ser Fernando Pessoa)
É preciso ser um grande poeta,
de além Minas, de além mar
intuir “Poema em linha reta”
e não se jactar.
Não apenas porque fez
mas por ter sido vários e tantos,
entoado Reis, cantado Caieiro,
sido Campos.
O Pessoa no plural,
sendo absolutamente singular
traduziu de Portugal
a dor do mundo, imensa, universal
que não para de ecoar.
Observando à luz do dia
“quem não tivesse levado porrada”,
encontro o poeta na “Tabacaria”
vivendo a “Lisboa revisitada.”
Procuro no texto um conforto,
um chamego,
algo que acolha a alma,
mas nesse eterno “desassossego”,
não há palavra que acalma.
O que sinto é a dor
interna, intensa, universal
narrada em língua portuguesa
para todo ser humano, igual,
revelando o belo da tristeza.