Estrada Real: Afroturismo
O Afroturismo é uma forma de turismo que coloca a cultura afrodescendente no centro das experiências. Vai além do simples visitar lugares, envolvendo os turistas em atividades que exploram a música, dança, gastronomia, religiosidade e outras expressões culturais afro.
Mais importante do que nunca, o afroturismo aparece como vertente do turismo tradicional, que inclui e dá destaque à cultura negra local e traz valorização da Cultura Afrodescendente e Turismo Sustentável, reconhecendo locais e roteiros turísticos relacionados com a história e a luta do povo negro no Brasil.
No afroturismo, experiências, caminhadas e roteiros turísticos centrados na cultura e na história negra favorece uma reconexão com a ancestralidade, e os viajantes têm a oportunidade de mergulhar na rica herança africana presente no Brasil.
Festas populares aos pontos turísticos históricos, separamos destinos na Estrada Real que oferecem uma experiência enriquecedora e diversificada.
Minas Gerais abriga vários locais históricos que abrem as portas do passado para uma região que foi rica em ouro, recebeu uma quantidade massiva de escravizados africanos e deixou legados artísticos que merecem ser conhecidos pela população.
Não podemos deixar de citar Ouro Preto, considerada um dos principais destinos para quem deseja explorar a cultura negra no país.
A cidade abrigou inúmeros escravizados, que foram os responsáveis pela construção dos casarões antigos e das igrejas que tornaram a cidade um patrimônio cultural da humanidade.
Para conhecer a cidade de Ouro Preto, um roteiro interessante inclui a Feira de Pedra Sabão e a Mina do Chico Rei, local que remete ao homem que foi escravizado e trazido do Congo, onde era rei de uma tribo. O personagem lendário, também chamado de Galanga, conquistou a alforria e dedicou a vida para libertar os conterrâneos.

O roteiro conta ainda com o Museu Casa dos Contos, construído no século 18. Nele há uma sala que reúne mais de 2 milhões de documentos originais da época do Ciclo do Ouro, e uma sala que abriga a Casa de Fundição, retratando como era feito o processo de fundição e cunhagem do ouro. No porão da casa, local em que funcionava uma antiga senzala, são expostas diversas peças que retratam a era da escravidão.


Por fim, também vale a visita a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Em Belo Vale, a visita ao Quilombo Chacrinha dos Pretos, faz com que o turista vivencie as riquezas de matriz africana que a comunidade resguarda.
A comunidade está situada na Serra da Moeda e seus habitantes descendem de escravos que trabalhavam nas fazendas locais. Formou-se numa faixa territorial envolvida pelas trajetórias históricas de duas fazendas: Chácara e Santa Cecília, ambas oriundas da década de 1750.
Um grande marco do início de formação da comunidade, são as Ruínas da Fazenda da Chácara, que compõem o Sítio Arqueológico das Ruínas da Chacrinha dos Pretos, onde representam para a Comunidade local de início da formação do Quilombo. Este ambiente possui uma riqueza cultural inestimável onde acontece várias manifestações culturais realizadas pelos moradores do quilombo da chacrinha.
Na Chacrinha dos Pretos há cerca de 140 habitantes, e no local os turistas tem a oportunidade de ouvir os causos das contadoras de estórias. Ainda existem parteiras e benzedeiras, que utilizam práticas tradicionais. Tocadores de caixas da Guarda de Congado de Belo Vale também são moradores das comunidades.
Ainda em Belo Vale está salvaguardado o Museu do Escravo, uma instituição única no país, que foi criado em Congonhas-MG, nas dependências da Basílica do Senhor Bom Jesus, pelo padre Dr. José Luciano Jacques Penido, natural de Belo Vale.
Em 1975 o Museu foi oficializado como Museu Municipal e em 1977, foi transferido para a Fazenda Boa Esperança na cidade de Belo Vale. Em 13 de maio de 1988, ano do centenário da abolição da escravatura brasileira, o Museu foi transferido para o centro da cidade de Belo Vale, onde foi inaugurado em suas atuais dependências.
O Museu é divido em dois ambientes, em um destes ambientes, é possível contemplar peças e utensílios ligados ao uso pessoal da antiga sociedade colonial mineira. No outro ambiente, observa-se um grande pátio e ao centro a estátua de um escravizado sendo açoitado no pelourinho, simbolizando a violência presente no cotidiano da escravidão. Ladeando esse pátio observa-se uma construção que representa uma senzala, onde no seu interior resguardam peças ligadas ao período da escravidão, trata-se de peças de trabalho e castigos e demais artefatos ligados aos indígenas, primeiros escravizados do país, e quilombolas. No total, Museu preserva mais de quatro mil peças que traduzem o período da escravidão vivido no Brasil ao longo de 358 anos.
Mais um marco importante da história e da memória negra, está situado no Rio de Janeiro (RJ).

A capital carioca abriga o Cais do Valongo, um antigo cais localizado na zona portuária do Rio de Janeiro em que era realizado o desembarque de escravizados recém-chegados ao Brasil. O lugar é um sítio arqueológico, além de ser considerado um dos locais mais importantes da América do Sul relacionados à chegada de africanos escravizados.
A poucos metros dali, há a Pedra do Sal, nome recebido por ser onde os escravizados descarregavam o sal, usado como moeda de troca na época. No entanto, a região também é conhecida por ter sido o local em que os escravizados eram vendidos. Atualmente, a Pedra do Sal é famosa por sediar a roda de samba mais popular da cidade.
Ainda nas proximidades, há o Memorial dos Pretos Novos, popularmente conhecido como Cemitérios dos Pretos Novos. Entre 1769 e 1830 o local funcionou como um cemitério de escravizados, sendo considerado o maior cemitério deste gênero nas Américas. Atualmente o local funciona como um centro cultural e tem como objetivo resgatar a história da cultura africana na cidade.
Visitar esses locais é um resgate e valorização da cultura e história afro-brasileiras. Por isso, lembre-se sempre de respeitar a cultura e tradições locais, valorizando a autenticidade das experiências.
Estrada Real: VIVA, EXPERIMENTE, DESCUBRA!
Daniel Magalhães Junqueira
99
Leia mais:
Estrada Real – Rota Gastronômica