Em Belo Horizonte pode chegar aos 40 graus
O Centro-Oeste, o interior de São Paulo e pontos de Minas Gerais podem ter máximas em muitas cidades de 42ºC a 44ºC, mas com registros em algumas cidades tão altos quanto 45ºC a 46ºC ou mais. Trata-se, assim, de evento de calor muito fora do comum e potencialmente a onda de calor mais intensa a atingir o Brasil em máximas nominais desde o começo das medições meteorológicas no começo do século XX..
Belo Horizonte pode ter o recorde, semanas atrás alcançado de 38,6ºC, superado com máximas em torno de 40ºC. Também a cidade do Rio de Janeiro pode anotar máximas extraordinariamente altas com muitos dias acima de 40ºC.
O Brasil será atingido por uma onda de calor histórica pelo terceiro mês seguido com marcas extremas de temperatura em vários estados e uma alta probabilidade de quebra de recordes históricos. A MetSul projeta temperaturas máximas muito fora do comum, mesmo em cidades habituadas a calor muito intenso, com marcas 10ºC a 15ºC acima da climatologia histórica em algumas tardes.
Os dados analisados pela MetSul Meteorologia indicam que há o potencial deste novo episódio de calor excepcional superar em intensidade os eventos históricos de calor de setembro e outubro. O que os modelos mostram de calor é tão extraordinário e fora da curva histórica que a onda de calor pode ser a mais intensa já registrada no Brasil em valores de temperatura máxima
A onda de calor já está nos seus estágios iniciais e tende a ganhar muita força durante os próximos dias. A temperatura na tarda da terça-feira atingiu 42,3ºC no município de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul. No estado do Mato Grosso, a temperatura se elevou a 40,4ºC em Cuiabá.
Onda de calor vai se expandir no fim de semana
O calor mais extremo, inicialmente, atinge áreas do Centro-Oeste, como nos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Até sexta-feira, o calor mais intenso concentra-se no Centro-Oeste e no interior de São Paulo, mas a partir do fim de semana a massa de ar quente se amplia e as máximas muito altas passam a alcançar mais áreas. Isso porque a massa de ar quente ganha força e se expande geograficamente a partir do sábado. A tendência fica evidente nos mapas abaixo com a projeção de temperatura máxima dia a dia entre esta quarta e o sábado a partir de dados do modelo do serviço meteorológico alemão (Icon).
Por isso, embora já faça calor em muitas áreas do Sudeste do Brasil entre hoje e sexta, as temperaturas se elevam acentuadamente a partir de sábado, quando as máximas vão passar dos 40ºC em várias cidades do interior de São Paulo e podem alcançar até 36ºC ou 37ºC na cidade de São Paulo. O mesmo deve ocorrer com Belo Horizonte, que pode bater em 36ºC ou 37ºC no sábado.
O período de temperaturas muito elevadas que está se iniciando será muito prolongado, antecipa a MetSul Meteorologia. Normalmente, ondas de calor duram entre quatro e sete dias, mas esta onda durará até dez dias ou mais em diversas cidades, podendo até completar duas semanas em alguns locais.
Massas de ar quente com temperatura em 850 hPa (não em superfície) acima de 20ºC são fortes. Superiores a 25ºC são muito fortes. Valores acima de 30ºC acompanham massas de ar extraordinariamente fortes e que normalmente são vistas durante calor extremo no Sudoeste dos Estados Unidos ou no Oriente Médio. Modelos indicam até 32ºC em 850 hPa no Centro do Brasil semana que vem, o que muito raramente se enxerga em projeções para o território brasileiro. Com isso, os valores de temperatura que devem ser alcançados na próxima semana e ao redor da metade deste mês no Centro do Brasil podem ser absurdamente elevados e em níveis jamais vistos em centenas a milhares de cidades brasileiras com quebra de enorme número de recordes.
Recorde de temperaturas podem ser batidos em capitais
As ondas de calor de setembro e outubro, ambas excepcionais, derrubaram os recordes de temperatura máxima de duas capitais do Brasil. A onda de calor que começa tem potencial de estabelecer recordes de temperatura máxima em diversas capitais, inclusive naquelas que alcançaram novos recordes em setembro e outubro.
No evento de calor extremo do mês de setembro, Belo Horizonte teve a sua maior temperatura máxima desde o início dos registros em 1910 com 38,6ºC na Pampulha e 37,5ºC em Santo Agostinho. No mês passado, na segunda grande onda de calor, a cidade de Cuiabá, no Mato Grosso, com dados desde 1911, chegou a impressionantes 44,2ºC. A marca na capital superou o recorde absoluto prévio de máxima de 44,0ºC de 30 de setembro de 2020.
Segundo MetSul, a onda de calor de setembro foi tão fora do comum que motivou estudo de atribuição rápida por um time internacional de cientistas do clima da World Weather Attribution, que concluiu que o episódio teve um tempo estimado de recorrência de trinta anos e que as mudanças climáticas aumentaram o potencial de ocorrência da onda de calor extremo em cem vezes. O espantoso é que recordes de setembro e outubro podem cair de novo, poucas semanas de terem ocorrido. Isso porque o calor indicado para as capitais do Centro-Oeste o Sudeste na semana que vem e na metade do mês é muitíssimo intenso e fora do normal.