Aumento expressivo nos casos de estupro: houve 1 caso a cada 8 minutos
No primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou uma marca alarmante: a cada 8 minutos, uma menina ou mulher foi vítima de estupro, revelando o maior número desde o início da série histórica em 2019, conforme dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os 34 mil casos de estupro e violação de vítimas representam, no atual governo, um aumento de 14,9% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Crescimento nos feminicídios e homicídios femininos
Os números preocupantes não se limitam aos casos de estupro. O FBSP revela que os feminicídios e homicídios femininos também cresceram 2,6% no mesmo período, totalizando 722 mulheres vítimas de feminicídio e 1.902 assassinadas. Este cenário desafia a tendência nacional, que viu uma redução de 3,4% nos crimes contra a vida, conforme planejado pelo Monitor da Violência, uma parceria entre o G1, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o NEV-USP.
A ineficácia do Estado na proteção de mulheres
Os dados alarmantes, divulgados nesta segunda-feira pela FBSP, evidenciam uma falha persistente do Estado brasileiro na proteção de suas mulheres. Isabela Sobral, supervisora do núcleo de dados do FBSP, destaca a importância da Lei Maria da Penha como um mecanismo crucial para prevenir o assassinato de mulheres. No entanto, ressalta que a eficácia dessa lei depende do fortalecimento da rede de atendimento e da capacitação das polícias para lidar melhor com casos de violência contra a mulher.
Necessidade de fortalecimento na identificação de feminicídios
Isabela Sobral enfatiza a necessidade de capacitação dos policiais para investigar e identificar casos de feminicídio entre os homicídios, destacando as discrepâncias na classificação do crime entre os estados. A interpretação da autoridade policial desempenha um papel crucial nesse processo, e Sobral ressalta a importância de uma abordagem uniforme para garantir uma identificação precisa.
Subnotificação e a realidade oculta dos estupros
Os dados compilados pela FBSP, provenientes de boletins de ocorrência em delegacias da Polícia Civil em todo o país, refletem apenas a ponta do iceberg. A subnotificação, especialmente em casos de violência sexual, sugere que os números reais podem ser ainda mais elevados. Sobral destaca que os estupros são frequentemente subnotificados devido ao medo de registro, à falta de compreensão do ocorrido como estupro ou à incapacidade de identificação por parte da vítima.
Estimativas alarmantes de subnotificação
Um estudo recente do Ipea sobre a prevalência de estupro no Brasil, utilizando dados de 2019, estima que apenas 8,5% dos estupros são registrados pela polícia e 4,2% pelos sistemas de informação da saúde. Se esse percentual se mantiver, o relatório do FBSP sugere que aproximadamente 425 milhões de mulheres e meninas foram vítimas de violência sexual nos primeiros seis meses de 2023.
Perfil dos autores e das vítimas de estupro
A supervisora do núcleo de dados do FBSP destaca que a maioria dos autores de estupro são pessoas conhecidas das vítimas, e a maior parte dessas são vítimas. Nos boletins de ocorrência, 74,5% dos casos de estupro registrados no primeiro semestre do ano foram de estupro de violência, indicando que as vítimas tinham menos de 14 anos ou eram incapazes de consentir.
Em resumo, os dados alarmantes divulgados pela FBSP chamam a atenção para a necessidade urgente de ações efetivas e coordenadas para combater a violência contra mulheres no Brasil, destacando a importância de fortalecer a legislação existente, capacitar as autoridades policiais e criar uma rede de apoio robusta para as vítimas.