Após ser velado no Museu de Arte Moderna do Rio, corpo de Ziraldo foi enterrado hoje, às 17 horas, no Cemitério São João Batista.
Confirmada a sua morte no sábado 06/04, pela sua família, a causa natural da morte marca o fim de uma era criativa sem igual na cultura brasileira. O falecimento ocorreu pacificamente em sua residência, no bairro da Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro, cercado pelo amor de seus três filhos e pelo carinho eterno de seus admiradores.
Trajetória de um ícone
Ziraldo, nascido em Caratinga, Minas Gerais, em 1932, demonstrou sua paixão pelas artes desde muito cedo. Ainda aos 7 anos, teve seu primeiro desenho publicado e, desde então, sua vida se entrelaçou inexoravelmente com a arte de contar histórias através de imagens e palavras. A despeito de uma formação em Direito, Ziraldo escolheu seguir o chamado de sua verdadeira vocação, tornando-se um ícone como desenhista, escritor, apresentador e jornalista.
Sua obra atravessou décadas, marcada por importantes contribuições ao humor, à literatura infantil e ao jornalismo. Desde suas colunas na Folha da Manhã até a criação de O Cruzeiro e suas colaborações no Jornal do Brasil, Ziraldo solidificou sua reputação como um dos mais influentes artistas brasileiros.

Um legado de humor e resistência
Na política, Ziraldo usou sua arte como forma de resistência durante os anos da “ditadura militar no Brasil”. À frente de O Pasquim, desafiou o regime com inteligência e coragem, usando o humor como arma contra a opressão. Sua obra não apenas entreteve mas serviu como um farol de esperança e resistência, inspirando gerações a lutar pela liberdade e justiça.
O Menino Maluquinho e outras criações
O Menino Maluquinho, talvez sua criação mais amada, transcendeu as páginas dos livros para se tornar um símbolo cultural brasileiro. Inspirado em seu próprio filho, esse personagem cativou milhões com suas aventuras, traduzindo-se em vendas recordes, adaptações cinematográficas, teatrais e televisivas. Ziraldo, porém, não se limitou a uma única criação; obras como Flicts e O Bichinho da Maçã também ocupam lugar de destaque no coração dos leitores.
Prêmios e reconhecimento
O talento de Ziraldo foi reconhecido mundialmente, rendendo-lhe prêmios como o “Nobel” Internacional de Humor e o Prêmio Jabuti de Literatura. Suas contribuições foram além do entretenimento, tocando o coração e a mente de leitores de todas as idades, em diversas línguas.
Despedida e homenagens
O velório de Ziraldo foi realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, seguido do sepultamento no Cemitério João Batista, com a presença de familiares, amigos, artistas e admiradores.

A notícia de sua partida gerou uma onda de homenagens, desde artistas a políticos, todos tocados de alguma forma por sua obra e seu espírito. Dentre as vozes que se levantaram para homenageá-lo, está a de Maurício de Sousa, que expressou sua tristeza pela perda de um “irmão das letras, dos traços e da vida“.
Um instituto em sua memória
O estúdio onde Ziraldo criou tantas de suas obras-primas, agora se transforma no Instituto Ziraldo, um espaço dedicado a preservar sua memória e inspirar novas gerações de artistas e leitores.
O mineiro Ziraldo foi mais do que um cartunista, escritor ou jornalista; ele foi um tesouro nacional cujo legado de criatividade, resistência e amor pela liberdade continuará a inspirar o Brasil e o mundo. Sua partida deixa um vazio, mas também uma rica herança cultural que permanecerá viva, inspirando futuras gerações a sonhar, criar e resistir.