Segundo a Organização Mundial da Saúde, as hepatites representam a segunda maior causa de morte entre as doenças infecciosas, depois da tuberculose, resultando em 1,4 milhão de óbitos por ano.
No Brasil, o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, revela que foram diagnosticados 750.651 casos de hepatites virais entre 2000 e 2022. Desse total, a hepatite C representou o maior percentual (39,8%), seguida pela hepatite B (36,9%) e pela hepatite A (22,5%). As infecções pelo vírus C foram a maior causa de morte entre as hepatites virais.
“Se não tratadas de forma adequada, as hepatites podem levar a complicações como cirrose hepática, quando o tecido saudável ganha cicatrizes, chamadas de fibrose, comprometendo todo o funcionamento do órgão. Não há cura para a condição, mas ela precisa ser controlada por meio de medicamentos, dieta equilibrada e adoção de um estilo de vida saudável. Em alguns casos pode ser necessário o transplante de fígado. É essencial o acompanhamento de um médico hepatologista”, alerta Josei Karly S. C. Motta, enfermeira e coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio BH.

A enfermeira destaca que as hepatites virais são assintomáticas em fases iniciais. “Os sintomas tendem a surgir em um estágio avançado e consistem em fadiga, dor abdominal, icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), náuseas, vômitos, perda de apetite, febre e emagrecimento”, explica.
De acordo com Josei Karly S. C. Motta, a prevenção das hepatites começa pela informação, conscientização e adoção de algumas medidas. “A hepatite B é transmitida, principalmente, durante a relação sexual sem uso de preservativo. As vias de transmissão da hepatite C incluem compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas, transfusão de sangue sem teste de triagem prévio do sangue, uso de objetos cortantes não esterilizados, como alicate de unha e material cirúrgico. Ingestão de água e alimentos contaminados são as principais formas de contágio da hepatite A. Existem vacinas contra as hepatites A e B disponíveis gratuitamente pelo SUS”, informa.
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Tipos de Hepatite Viral
Existem cinco tipos principais de hepatite viral: A, B, C, D e E. Cada tipo é causado por um vírus diferente e tem formas distintas de transmissão e prevenção.
- Hepatite A: Geralmente transmitida por ingestão de alimentos ou água contaminados. É uma infecção aguda e não cronifica. A vacinação é a principal forma de prevenção.
- Hepatite B: Transmitida pelo contato com sangue contaminado, secreções corporais ou de mãe para filho durante o parto. Pode ser aguda ou crônica. A vacinação é essencial para a prevenção.
- Hepatite C: Principalmente transmitida pelo contato com sangue contaminado. Frequentemente se torna uma infecção crônica. Não há vacina disponível, mas tratamentos antivirais podem ser eficazes.
- Hepatite D: Ocorre somente em pessoas infectadas com hepatite B, pois depende do vírus da hepatite B para se replicar. A prevenção é feita através da vacinação contra a hepatite B.
- Hepatite E: Transmitida principalmente pela ingestão de água contaminada. Geralmente é uma infecção aguda que não cronifica. A prevenção se baseia em boas práticas de higiene e saneamento.
Sintomas e diagnóstico
As hepatites virais podem ser assintomáticas nas fases iniciais, especialmente as hepatites B e C. Quando os sintomas aparecem, podem incluir:
- Fadiga
- Dor abdominal
- Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Náuseas e vômitos
- Perda de apetite
- Febre
- Emagrecimento
O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue que detectam a presença dos vírus ou dos anticorpos produzidos em resposta a eles. Exames adicionais, como ultrassonografia ou biópsia do fígado, podem ser necessários para avaliar a extensão do dano hepático.
Tratamento e complicações
O tratamento da hepatite viral depende do tipo de hepatite e da gravidade da infecção. As hepatites A e E geralmente não requerem tratamento específico além de repouso, hidratação e cuidados sintomáticos. Para as hepatites B e C, antivirais podem ser usados para reduzir a carga viral e prevenir complicações.
Complicações graves podem ocorrer se a hepatite não for tratada adequadamente, incluindo cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado. A cirrose é uma condição em que o tecido hepático saudável é substituído por tecido cicatricial, comprometendo a função do fígado.
Prevenção
Prevenir as hepatites virais é fundamental. Algumas das medidas preventivas incluem:
- Vacinação contra hepatite A e B.
- Uso de preservativos durante relações sexuais.
- Não compartilhar agulhas, seringas ou outros objetos cortantes.
- Garantir que o sangue e produtos sanguíneos sejam testados antes da transfusão.
- Manter boas práticas de higiene e saneamento, especialmente em áreas com problemas de acesso a água potável.
A hepatite viral é um grave problema de saúde pública, mas é prevenível e tratável. A conscientização, a vacinação e o acompanhamento médico são essenciais para prevenir a disseminação e as complicações das hepatites virais. Informar-se e adotar medidas preventivas pode salvar vidas.