Inadimplentes crescem entre pessoas de 50 e 64 anos em BH

Belo horizontinos fazem as contas das dividas. Balcao News Belo horizontinos fazem as contas das dividas. Balcao News
Belo-horizontinos devem, em média, R$ 5.020,00. Foto: Joédson Alves/Agência Br.

O cadastro de inadimplentes de Belo Horizonte referente ao mês de abril traz informações reveladoras sobre o perfil dos devedores na capital mineira.

Segundo dados levantados pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a população entre 50 e 64 anos representa 23,36% dos negativados, tornando-se a principal faixa etária em termos de quantidade de inadimplentes.

Contudo, o grupo etário que deve o maior valor total é o de pessoas entre 30 e 39 anos, com 22,47% das dívidas registradas. A dívida média desse público é de R$ 6.161,44, o que destaca os desafios financeiros enfrentados por essa faixa etária, frequentemente envolvida em financiamentos estudantis e de veículos.

Contexto das faixas etárias

O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, explica que esses grupos representam realidades distintas. “Enquanto as pessoas entre 50 e 64 anos são, em sua maioria, os principais responsáveis pelas contas da casa, a população entre 30 e 39 anos está iniciando a formação familiar e possui débitos como financiamentos estudantis e de carro para quitar. Esses são alguns dos motivos que levam essas pessoas a se destacarem no cadastro de inadimplentes da cidade”, afirma Souza e Silva.

O valor médio devido pela população de Belo Horizonte é de R$ 5.020,00, e, em geral, são registradas duas dívidas por CPF. Outros grupos etários também são representativos no cadastro de inadimplentes:

  • 18 a 24 anos: R$ 3.362,51 – 4,41%
  • 25 a 29 anos: R$ 5.179,65 – 9,75%
  • 40 a 49 anos: R$ 5.580,48 – 22,38%
  • 65 a 84 anos: R$ 3.938,84 – 14,32%
  • 85 a 94 anos: R$ 2.238,52 – 2,28%
  • Maior ou igual a 95 anos: R$ 1.409,53 – 0,84%

Mulheres lideram inadimplência

No recorte por gênero, as mulheres representam a maior quantidade de negativados (47,36%). Entretanto, os homens devem um valor médio maior: R$ 5.293,71, enquanto a dívida média das mulheres é de R$ 4.944,36.

Belo Horizonte acima da média nacional

A inadimplência em Belo Horizonte segue acima da média nacional. Em abril, comparado ao mesmo período do ano passado, o índice nacional cresceu 2,84%, enquanto em Belo Horizonte o aumento foi de 4,11%. Quando comparada ao estado de Minas Gerais, a capital mineira fica atrás, já que o crescimento estadual foi de 4,41% no registro de CPFs negativados.

Desafios dos devedores reincidentes

Um grande desafio é a reincidência na inadimplência. Em abril de 2024, 84,52% dos devedores eram reincidentes, ou seja, já haviam aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses. Dentro desse universo, 59,28% dos consumidores ainda não tinham quitado dívidas antigas até abril e 25,24% haviam saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram.

O tempo médio entre o vencimento de uma dívida e o surgimento de outra é de 77,5 dias, o que significa que, em média, após 2,6 meses de inadimplência, o consumidor volta a atrasar o pagamento de uma nova conta.

Reflexão sobre o cenário econômico

O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, avalia o cenário atual: “O país teve uma importante melhora no mercado de trabalho, na renda, nos juros e na inflação, mas os itens básicos estacionaram em um preço que ocupa boa parte do orçamento das famílias, especialmente as de baixa renda. Com isso, fica mais difícil se organizar para pagar as dívidas. Para mudar esse cenário, é preciso tanto uma atuação do poder público quanto uma conscientização dos consumidores.”

Planejamento financeiro como solução

José César da Costa, presidente da CNDL, destaca a importância do planejamento: “A grande quantidade de reincidentes diz muito sobre a dificuldade que os inadimplentes têm em sair dessa situação de forma definitiva. Mesmo com programas e incentivos, as negociações muitas vezes são feitas sem um planejamento adequado.”

Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL/BH, recomenda que antes de negociar com o fornecedor ou credor, o inadimplente faça um levantamento completo da dívida, juntamente com uma programação realista de pagamento.

“É preciso estar atento ao impacto do parcelamento da dívida no orçamento mensal, evitando que o pagamento coincida com outras despesas, o que pode levar a nova inadimplência. Planejamento financeiro contínuo é fundamental”, finaliza Souza e Silva.

A inadimplência em Belo Horizonte reflete uma combinação de fatores econômicos e sociais que afetam diferentes faixas etárias e gêneros de maneiras distintas. O cenário exige tanto políticas públicas eficazes quanto uma mudança na cultura financeira dos consumidores, priorizando a educação financeira e a formação de uma reserva de emergência para enfrentar imprevistos. 

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