Criação de Agência Reguladora de Transportes é aprovada na Almg

Deputados mineiros debatem agencias reguladoras de transporte 11 11 24 Alexandre Netto Balcao News Deputados mineiros debatem agencias reguladoras de transporte 11 11 24 Alexandre Netto Balcao News
Objetivo seria o de regular e fiscalizar os contratos de infraestrutura rodoviária, aeroportuária, hidroviária e ferroviária de competência do Estado, que sejam prestados pela iniciativa privada.. Foto: Alexandre Netto/Almg.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, nesta tarde, o projeto do governador Romeu Zema para a criação da Agência Reguladora de Transportes de Minas Gerais (Artemig).

A nova entidade externa tem a função de regulação e fiscalização das concessões de transporte em Minas Gerais, de forma semelhante ao que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) faz.

O deputado Arnaldo Silva (União) apresentou parecer favorável ao projeto, e a aprovação da votação simbólica. No entanto, a proposta gerou debates, especialmente entre os deputados da oposição, que criticaram a criação de 34 novas cargas e questionaram o custo dessa nova estrutura.

Segundo eles, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) já poderia exercer essas funções, evitando a criação de uma nova agência e os gastos adicionais que irá gerar.

O tema já havia gerado polêmica durante audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que avaliou a autonomia para fiscalizar contratos, garantia de segurança jurídica e técnica, bem como atração de investimentos.

A  criação da Agência Reguladora de Transporte do Estado de Minas Gerais (Artemig), prevista no Projeto de Lei (PL) 2.967/24, é de autoria do governador Romeu Zema.

Segundo o projeto, a autarquia, vinculada à Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), terá como objetivo regular e fiscalizar os contratos de infraestrutura rodoviária, aeroportuária, hidroviária e ferroviária de competência do Estado, que sejam prestados pela iniciativa privada.

Para o diretor de Relações Institucionais das Melhores Rodovias do Brasil – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Guilherme Bianco, todos ganham com a criação de uma agência reguladora de transporte atuante, especialmente, o usuário. A ABCR é uma entidade privada sem fins lucrativos, que representa 56 empresas.

“Com a agência, se consegue fiscalizar e mostrar o cumprimento dos contratos. A transparência e a governança são ampliadas, o que facilita para que a sociedade consiga observar o que vem ocorrendo. Há também espaço para uma ouvidoria, por meio da qual o usuário pode reclamar e propor.”

Segundo Guilherme Bianco, o fato de Minas Gerais ainda não contar com uma agência nesses moldes conta como um ponto negativo para concessionárias. Dessa forma, a existência da agência também contribui para a atração de investimentos.

Para o diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais, Adalcir Lopes, a agência é a única alternativa para dar segurança jurídica ao empresário que vai investir seu dinheiro em uma concessão.

Para  o consultor técnico sênior desse mesmo sindicato, Luciano Medrado, as agências reguladoras geram segurança técnica, além da jurídica. Ele defendeu a criação da Artemig.

“Precisamos discutir como ela será criada para blindar sobretudo seu caráter técnico”, defendeu.

Corroborou as falas o coordenador de Infraestrutura da Agência Nacional de Transportes Terrestres em Minas Gerais (ANTT) – Unidade Regional, Marcelo Alcides dos Santos.

Ele enfatizou que a agência reguladora atua com uma estrutura enxuta. “No nosso caso, trabalhamos em cooperação com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), mas o modelo de fiscalização é diferente, porque acompanhamos parâmetros de desempenho”, explicou.

A criação da Artemig está prevista num projeto de lei do Executivo. A atribuição da autarquia seria regular e fiscalizar contratos de infraestrutura na área de transporte.

De acordo com ela, a medida é relevante, uma vez que o órgão vai ter autonomia para fiscalizar as concessões no Estado. “Minas tem um histórico de descumprimento de contratos de concessões. E isso compromete não só o escoamento da produção em regiões onde o agronegócio pulsa, por exemplo, mas também o direito mais elementar que é o de ir e vir.”

Para o deputado Rodrigo Lopes (União), a criação da agência é motivo de celebração. Como salientou, ter um órgão regulador no Estado dá segurança ao governo, às concessionárias e ao usuário que vai saber a quem recorrer.

“Precisamos fazer uma revisão da estrutura rodoviária de Minas. São mais de 20 mil quilômetros de estradas pavimentadas, sem contar as que não são e as rodovias federais que cortam o Estado”, disse.

Corroborou as falas anteriores o deputado Roberto Andrade (PRD), para quem a agência trará mais eficiência para a área em Minas. Ele ainda fez um apelo para que o projeto seja apreciado ainda neste ano pela ALMG.

Seria ilegal

O deputado Professor Cleiton (PV) ponderou que o governo não pode criar despesa para o Estado neste momento, o que seria ilegal.

“O governador criou o teto de gastos. Estamos no Regime de Recuperação Fiscal. Não podemos criar agência nenhuma. Não sei como o governo vai resolver essa situação.

Ainda de acordo com o parlamentar, a proposta vai continuar a promover o sucateamento do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG).

O secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno Barros de Souza, enfatizou que a criação da Artemig é uma resposta aos anseios da população.

“É fundamental a gente separar o papel do Executivo e o da agência que vai ter autonomia técnica e decisória. Isso garante que ela estará a serviço da população e não de determinado governo.”

Como destacou, o governo tem pressa em criar a Artemig, porque atualmente há dez contratos de concessões e Parcerias Público-Privadas de Infraestrutura vigentes, com R$ 20,5 bilhões de investimentos. Além disso, sete outros contratos estão em estruturação, que praticamente vão dobrar esses números.

“São contratos complexos e de longo prazo. Então dar esse passo agora seria importante”, explicou.

Ainda segundo o secretário de Estado, o projeto sobre a Artemig não gera nenhum custo para o Estado. Como contou, prevê remanejamento de cargos existentes na estrutura da Seinfra.

Para o diretor-geral do DER-MG, Rodrigo Tavares, a medida não vai gerar sucateamento no órgão. Ele relatou que, desde a reforma administrativa de 2023, parte da atuação do DER quanto às concessões já foi transferida para a Seinfra e, futuramente, a ideia é passar para a Artemig.

Como comentou, Seinfra, DER e Artemig podem trabalhar de forma complementar, possibilitando a atuação de um sistema de infraestrutura mais robusto.

A secretária de Estado Adjunta de Governo, Mila Batista Leite Corrêa da Costa, disse que o projeto em questão já resulta de um amplo debate e vai poder ainda ser aperfeiçoado na ALMG.

“Trata-se do reconhecimento do Estado de sua limitação em fiscalizar esses contratos de concessões e da necessidade de melhorar serviços para a população”, destacou.

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