Queda na confiança empresarial em Minas Gerais
A pesquisa Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon), realizada pelo Sebrae Minas, revelou uma retração significativa na confiança dos empreendedores mineiros nos últimos quatro meses de 2024. O indicador, que havia alcançado 118 pontos em agosto e setembro, considerado o patamar mais elevado em dois anos, sofreu um declínio e encerrou o ano em 106 pontos.
Esse cenário reflete um momento de cautela generalizada entre os empresários, influenciado por fatores econômicos adversos e expectativas de mercado menos otimistas.
Desempenho por perfil de negócio
A análise detalhada dos segmentos de negócios revelou comportamentos distintos, mas uma tendência de retração generalizada:
Microempreendedores Individuais (MEI)
- Agosto e setembro: 120 pontos
- Dezembro: Queda para 111 pontos
Microempresas (ME)
- Agosto: 115 pontos
- Outubro: 117 pontos (pico do ano)
- Dezembro: Queda acentuada para 107 pontos
Empresas de Pequeno Porte (EPP)
- Agosto: 116 pontos
- Dezembro: Forte recuo para 91 pontos
As Empresas de Pequeno Porte (EPPs) apresentaram o maior declínio percentual, evidenciando o aumento da insegurança entre os negócios de maior porte no segmento de pequenos empreendedores.
Setores econômicos e a confiança em declínio
A pesquisa também analisou o comportamento da confiança em diferentes setores econômicos, todos seguindo a mesma trajetória de recuo:
Construção Civil
- Agosto: 130 pontos
- Dezembro: 120 pontos
Apesar da queda, manteve-se como o setor mais confiante.
Indústria
- Setembro: 122 pontos
- Dezembro: Queda expressiva para 102 pontos
Comércio
- Agosto: 117 pontos
- Dezembro: Redução para 107 pontos
Setor de Serviços
- Outubro: 119 pontos
- Dezembro: 106 pontos
A Construção Civil se manteve com o melhor desempenho, enquanto a Indústria e o Comércio apresentaram os maiores recuos de confiança.
Fatores que influenciaram a queda da confiança
De acordo com a analista do Sebrae Minas, Tábata Moreira, a redução na confiança empresarial está diretamente relacionada a um conjunto de fatores econômicos complexos:
- Câmbio elevado: Desvalorização do real frente a outras moedas.
- Inflação persistente: Aumento generalizado dos preços, reduzindo o poder de compra.
- Taxas de juros em alta: Encarecimento do crédito e limitação de investimentos.
- Incerteza fiscal: Dúvidas quanto à condução da política fiscal e equilíbrio das contas públicas.
“O Iscon reflete as condições econômicas atuais e as incertezas para os próximos meses, resultando em uma postura mais cautelosa entre os empreendedores”, destaca Moreira.
Indicadores específicos de confiança empresarial
O Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios é composto por dois subindicadores que ajudam a detalhar o comportamento da confiança ao longo do tempo:
- Índice de Situação Recente (ISR)
Mede a percepção sobre o desempenho dos últimos três meses:
- Setembro: 91 pontos
- Outubro: 89 pontos
- Novembro: 86 pontos
- Dezembro: Leve recuperação para 87 pontos
Índice de Situação Esperada (ISE)
Reflete as expectativas para o trimestre seguinte:
- Setembro e outubro: 131 pontos
- Novembro: 127 pontos
- Dezembro: Forte queda para 116 pontos
Ambos os indicadores apontam para um aumento no nível de precaução e expectativa mais conservadora em relação ao início de 2025.
Como interpretar o ISCON
O Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon) mede a percepção do empresariado em relação à atividade econômica recente e futura. A interpretação do índice ocorre da seguinte forma:
- Acima de 100 pontos: Indica tendência de expansão dos negócios.
- Igual a 100 pontos: Estabilidade no cenário econômico.
- Abaixo de 100 pontos: Indica tendência de retração da atividade.
Com o fechamento do ano em 106 pontos, o índice ainda se mantém acima da linha de estabilidade, mas a tendência de queda alerta para um possível enfraquecimento no ciclo econômico para os pequenos negócios.
O Papel do Inteligência Sebrae na Análise Econômica
O levantamento do Iscon é parte das análises conduzidas pelo Inteligência Sebrae, um observatório especializado em estudos e pesquisas sobre o ecossistema de pequenos negócios no Brasil.
O portal reúne informações socioeconômicas, setoriais e territoriais, sendo uma ferramenta essencial para:
- Gestores públicos: Planejamento de políticas de fomento econômico.
- Empresários e empreendedores: Compreensão de cenários e tomada de decisões mais informadas.
- Entidades empresariais: Apoio em estratégias de capacitação e suporte ao empreendedorismo.
A plataforma abrange análises em níveis nacional, estadual, regional e municipal, possibilitando comparações detalhadas e a interpretação de tendências econômicas.
Perspectivas para o Primeiro Trimestre de 2025
Apesar da queda observada, especialistas indicam que o cenário ainda pode ser revertido no início de 2025, desde que fatores como:
- Redução nas taxas de juros.
- Controle mais eficaz da inflação.
- Definições mais claras sobre a política fiscal.
O ambiente econômico de Minas Gerais e do Brasil em geral será determinante para a retomada da confiança entre os pequenos negócios.
A queda registrada pelo Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios no último quadrimestre de 2024 reflete o impacto de variáveis econômicas complexas, influenciando diretamente a percepção e o comportamento dos empreendedores em Minas Gerais.
O acompanhamento contínuo de indicadores como o Iscon e a análise de tendências econômicas são fundamentais para que empresários e gestores tomem decisões mais assertivas e informadas.
O Sebrae Minas continua monitorando o cenário e disponibilizando informações atualizadas para apoiar o desenvolvimento e a resiliência dos pequenos negócios no estado.
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