Foi oficialmente lançado o Projeto do Memorial da Imigração Libanesa em Minas Gerais, em solenidade realizada no Palácio da Liberdade, nesta quarta-feira (01/04). A iniciativa, de profunda relevância histórica e cultural, busca eternizar as contribuições dos imigrantes libaneses ao desenvolvimento social, econômico e cultural do Estado.
Idealizado e conduzido pela Fundação Libanesa de Minas Gerais (Fuliban), o projeto conta com o apoio institucional da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
A proposta, aprovada pela Lei Rouanet, contempla uma programação extensa que se estenderá por 13 meses e envolverá uma série de ações voltadas à valorização e divulgação da cultura libanesa em território mineiro.
Exposição tem início em agosto
O primeiro marco dessa jornada cultural será uma exposição inédita que acontecerá em agosto e setembro, nas instalações da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, no centro de Belo Horizonte. Em seguida, o acervo será transferido para o tradicional Clube Libanês, também na capital mineira.
A exposição reunirá uma rica seleção de fotografias históricas, documentos raros, objetos simbólicos e registros visuais que ilustram o processo de imigração libanesa e sua integração na sociedade mineira.
Além do material expositivo, o projeto também prevê:
- Coleta e veiculação de depoimentos em vídeo de imigrantes e seus descendentes;
- Palestras públicas com especialistas, historiadores e membros da comunidade libanesa;
- Transmissões ao vivo no YouTube com temas ligados à cultura, culinária e tradições do Líbano.
Reconhecimento das raízes
Durante o lançamento oficial, Frederico Aburachi, presidente da Fuliban, destacou o papel transformador da imigração libanesa para Minas Gerais. Segundo ele, o memorial será um espaço simbólico e didático que ajudará a fortalecer o reconhecimento da identidade libanesa e seu impacto duradouro.
“Vamos contar a história do progresso de Minas a partir das lentes da imigração libanesa. Suas contribuições se estendem por todo o território do Estado, influenciando desde a economia até a formação cultural do povo mineiro”, ressaltou Aburachi.
O projeto não apenas resgata memórias — ele as recontextualiza, projetando o passado em direção ao futuro, com um olhar atento para a preservação e valorização da diversidade cultural.
Legado no comércio e na cultura mineira
Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL/BH, também esteve presente no evento e reafirmou o compromisso da entidade com a valorização da memória dos imigrantes. Ele sublinhou a importância dos libaneses na consolidação do comércio em Belo Horizonte.
“Os imigrantes libaneses chegaram à cidade com coragem e espírito empreendedor. Criaram negócios familiares, atuaram no comércio popular, introduziram práticas inovadoras e transformaram o centro da capital com suas lojas de tecidos, roupas, armarinhos e outros artigos essenciais da época”, explicou o dirigente.
Marcelo ainda destacou que o memorial será mais do que uma homenagem:
“Trata-se de um espaço de referência, que celebra a resiliência e a capacidade de reinvenção dos imigrantes. Um legado que continua inspirando gerações.”
Riqueza cultural em múltiplas linguagens
A concepção do Memorial da Imigração Libanesa vai além da exibição de acervos. O projeto também se articula como um instrumento educacional e plataforma de diálogo multicultural, que abordará desde as causas da imigração até os desafios da integração em um novo país.
Por meio de vídeos documentais, entrevistas, estudos acadêmicos e ações culturais em ambiente físico e digital, o projeto se propõe a lançar luz sobre uma faceta da história mineira muitas vezes subestimada: a migração do Oriente Médio e seu papel fundamental na formação da identidade urbana e econômica de Minas Gerais.
Fortalecimento da identidade e da memória coletiva
A importância desse projeto transcende fronteiras físicas. O memorial dialoga com a memória coletiva, a história da formação de Minas e a relevância de manter vivas as raízes culturais que ajudaram a moldar o presente.
Além disso, o conteúdo gerado servirá de base para futuras ações educativas, podendo ser utilizado por escolas, universidades e instituições culturais como material de apoio em pesquisas e formações interdisciplinares.
A Fundação Libanesa de Minas Gerais planeja ainda a realização de seminários temáticos, oficinas culturais com foco na gastronomia libanesa, apresentações musicais e encontros intergeracionais, onde idosos imigrantes compartilham experiências com jovens estudantes.
Projeção internacional e valorização da diversidade
A iniciativa também representa um importante passo na projeção internacional da cultura libanesa em Minas Gerais. Com os vídeos e lives disponíveis no YouTube, o memorial alcançará comunidades libanesas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, promovendo uma rede global de intercâmbio cultural.
Ao mesmo tempo, o projeto reforça a importância da diversidade étnica e cultural como elemento constitutivo da sociedade mineira. Minas, terra de encontros e encruzilhadas históricas, reafirma por meio desse memorial seu compromisso com a pluralidade de identidades.
Caminhos abertos para futuras gerações
O Memorial da Imigração Libanesa é, em última instância, um convite à reflexão sobre o valor da migração, da memória e da construção conjunta de uma sociedade mais justa e rica em suas origens.
Ao celebrar os feitos e a herança dos imigrantes, o projeto contribui para um futuro onde a inclusão, o respeito às diferenças e o orgulho da própria história caminhem lado a lado com o progresso.
A previsão é que a programação oficial, incluindo a exposição e os eventos paralelos, seja divulgada em junho, por meio dos canais da Fuliban e instituições parceiras.
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