Inflação desacelera com queda nos alimentos em junho

Prévia do IPCA indica alívio
fotofrafia de um carrinho de supermercado, com produtos, como fruta, queijo, presinto, papel higiênico. fotofrafia de um carrinho de supermercado, com produtos, como fruta, queijo, presinto, papel higiênico.
Entre os nove grupos de produtos e serviços acompanhados pelo IBGE, sete apresentaram alta em junho. Foto: Valter Campanato/Agência Brasul.

Após nove meses consecutivos de alta, os preços dos alimentos finalmente recuaram em junho, contribuindo para uma nova desaceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial no país.

O indicador fechou o mês com alta de apenas 0,26%, conforme divulgado ontem,quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse resultado marca o quarto mês seguido de desaceleração da inflação e sinaliza um movimento de descompressão dos preços em diversas frentes da economia. É também inferior ao observado no mesmo mês do ano passado, quando o índice chegou a 0,39%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 está em 5,27%.

Inflação vem perdendo fôlego

A trajetória do índice, mês a mês, revela o enfraquecimento da pressão inflacionária:

  • Fevereiro: 1,23%
  • Março: 0,64%
  • Abril: 0,43%
  • Maio: 0,36%
  • Junho: 0,26%

O índice de fevereiro, o mais elevado do ano, vinha sendo progressivamente reduzido. A reversão nos preços de alimentos foi crucial para manter essa tendência.

Alimentos e educação em retração

Entre os nove grupos de produtos e serviços acompanhados pelo IBGE, segundo a Agência Brasil, sete apresentaram alta em junho. Os únicos com variações negativas foram alimentação e bebidas (-0,02%) e educação (-0,02%).

A deflação alimentar é a primeira desde agosto de 2024, quando os preços haviam caído 0,80%. Nos nove meses seguintes, a curva foi ascendente, culminando em um pico de 1,47% em dezembro. A reversão observada em junho sugere um possível novo ciclo de estabilidade nos preços dos itens essenciais da cesta básica.

Habitação lidera pressões de alta

A principal contribuição positiva ao IPCA-15 em junho veio do grupo habitação, que avançou 1,08% e foi responsável por 0,16 ponto percentual do índice geral. Esse impacto foi impulsionado principalmente pelo reajuste na energia elétrica residencial, cujas tarifas subiram 3,29% com a reativação da bandeira tarifária vermelha – patamar 1.

Essa bandeira implica em cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, medida que entrou em vigor em junho. Foi o subitem com maior peso individual entre os 377 analisados pelo IBGE.

Veja os percentuais por grupo:

  • Habitação: 1,08%
  • Vestuário: 0,51%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,29%
  • Despesas pessoais: 0,19%
  • Artigos de residência: 0,11%
  • Transportes: 0,06%
  • Comunicação: 0,02%
  • Alimentação e bebidas: -0,02%
  • Educação: -0,02%

A deflação nos alimentos foi puxada por itens de grande consumo popular. Dentre os quatro maiores impactos negativos no índice, três são do grupo de alimentação:

  • Tomate: -7,24% (impacto de -0,02 p.p.)
  • Ovo de galinha: -6,95% (impacto de -0,02 p.p.)
  • Arroz: -3,44% (impacto de -0,02 p.p.)

As frutas, de forma geral, registraram recuo médio de 2,47%. Por outro lado, alguns itens subiram, como a cebola (+9,54%) e o café moído (+2,86%).

Combustíveis ajudam na contenção

Outro fator relevante para a desaceleração da inflação foi o recuo nos combustíveis, item de peso considerável na estrutura do IPCA-15.

O subgrupo combustíveis teve retração de 0,69%:

  • Óleo diesel: -1,74%
  • Etanol: -1,66%
  • Gasolina: -0,52% (retirou 0,03 p.p. do índice geral)
  • Gás veicular: -0,33%

A queda nos preços dos combustíveis reflete ajustes nos preços internacionais do petróleo e políticas de preços mais contidas por parte das distribuidoras.

Tanto o IPCA quanto o IPCA-15 são produzidos pelo IBGE e têm como objetivo medir a inflação para famílias com rendimentos entre 1 e 40 salários mínimos. Ambos utilizam a mesma metodologia, mas diferem em dois pontos: o período de coleta dos preços e a abrangência geográfica.

IPCA-15: Coleta de 16 de maio a 13 de junho; antecipa a divulgação antes do fechamento do mês.

IPCA: Dados completos até o fim do mês; será divulgado em 10 de julho.

No IPCA-15, a pesquisa é realizada em 11 regiões: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Fortaleza, Belém, Brasília e Goiânia. Já o IPCA cobre 16 localidades, incluindo Vitória, Campo Grande, São Luís, Rio Branco e Aracaju.

Meta de inflação e cenário futuro

A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Com o IPCA-15 acumulando 5,27% nos últimos 12 meses, o índice ainda se encontra acima do limite superior da meta. No entanto, a tendência de desaceleração observada desde fevereiro pode indicar uma trajetória de convergência, caso se mantenha nos próximos trimestres.

A leve alta de 0,26% no IPCA-15 de junho é, na prática, uma boa notícia para o consumidor brasileiro. A retração nos preços dos alimentos, após meses de pressão, aliada à queda nos combustíveis, ajudou a suavizar os efeitos inflacionários em um momento ainda marcado por juros altos e incertezas econômicas.

A expectativa, agora, gira em torno do comportamento da inflação nos próximos meses e da reação do Banco Central em sua política de juros. Se o cenário de desaceleração se consolidar, poderá haver espaço para iniciar um ciclo de flexibilização monetária.

Para o consumidor, cada ponto percentual a menos na inflação significa um respiro no orçamento. E para a economia mineira, em especial, representa mais previsibilidade e condições favoráveis para o consumo e o investimento.

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