Duplicação da BR-381 ganha nova campanha por orçamento federal

Movimento pede R$ 650 milhões para obras
Segundo ele, R$ 650 milhões é o valor considerado essencial para viabilizar o início das obras em 2026.. Foto: Elisabete Guimarães/Almg.

Durante audiência pública realizada na última quarta-feira, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), lideranças do Movimento Pró-Vidas da BR-381 anunciaram uma nova etapa da mobilização pela duplicação da rodovia entre Belo Horizonte e Governador Valadares.

A palavra de ordem agora é a “Campanha dos R$ 650 milhões”, valor considerado essencial para viabilizar o início das obras em 2026.

De acordo com o coordenador do movimento, Clésio Gonçalves, o montante inclui R$ 350 milhões destinados à duplicação dos dois lotes entre BH e Caeté, além de R$ 150 milhões para reassentamento de famílias e outros R$ 150 milhões para desapropriações ao longo do traçado.

Trecho metropolitano segue fora da concessão

A audiência, organizada pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG, foi requerida pelo deputado Celinho Sintrocel (PCdoB) e abordou tanto a parte da rodovia sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) — entre BH e Caeté — quanto o trecho concedido à iniciativa privada, administrado pela empresa Nova 381.

O segmento inicial, entre a capital e Caeté, foi retirado da licitação por envolver alto número de desapropriações. Após sua duplicação, o trecho será repassado à concessionária.

A rodovia completa, conhecida como “Rodovia da Morte”, soma 303 quilômetros e terá um investimento total superior a R$ 9 bilhões, com concessão de 30 anos.

Mobilização avança no Congresso e ministérios

Clésio Gonçalves afirmou que o movimento buscará apoio direto junto à bancada federal mineira no Congresso Nacional, além de audiências nos Ministérios dos Transportes e da Fazenda para garantir o aporte financeiro no orçamento de 2026.

O deputado Celinho Sintrocel sugeriu ainda que a ALMG organize uma audiência pública exclusiva com as famílias que deverão ser reassentadas, facilitando o diálogo com o poder público. Ele também pretende buscar recursos provenientes do acordo de reparação de Mariana, firmado com a Samarco, Vale e BHP Billiton, para reforçar o caixa das obras.

Apesar da pressão política e da mobilização civil, nenhuma obra de duplicação foi iniciada até o momento. Segundo o superintendente regional do Dnit, Antônio Gabriel dos Santos, 2025 será dedicado ao desenvolvimento dos projetos executivos, especialmente no trecho BH–Caeté. A prioridade será a construção de uma nova ponte paralela sobre o Rio das Velhas, considerada um dos principais gargalos viários da região.

Mesmo com os projetos sendo elaborados por segmentos, ainda não é possível assegurar o início das obras este ano. Tudo depende da alocação orçamentária”, afirmou Santos.

Projetos dependem de proprietários

A Construtora Luiz Costa, responsável pelo projeto executivo do trecho BH–Caeté, alertou que o cronograma poderá ser impactado pela colaboração (ou resistência) de proprietários de imóveis localizados às margens da rodovia. Segundo o representante da empresa, Guilherme Coimbra Balsamão, sem a anuência dos donos de terrenos, a execução do projeto técnico perde seu sentido prático.

Urbel prevê reassentamento de mil famílias

O presidente da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), Claudius Vinícius Leite Pereira, informou que cerca de mil famílias precisarão ser reassentadas ao longo do trecho BH–Caeté. Ele garantiu que a Urbel está preparada, com os instrumentos legais e sociais necessários, para assegurar condições dignas de habitação às famílias afetadas.

O processo de contato direto com os moradores será iniciado assim que o Dnit repassar à Urbel os cadastros dos imóveis impactados. Claudius Vinícius reforçou o compromisso com uma remoção segura e humanizada, buscando evitar ações judiciais.

Governo federal reconhece complexidade

O diretor de Obras Públicas do Ministério dos Transportes, Allan Magalhães Machado, reconheceu o desafio envolvido nas desapropriações e reassentamentos, mas ressaltou a experiência acumulada pelo Dnit em grandes projetos viários. Para ele, o êxito da duplicação passa pela coordenação entre entes federais, estaduais e municipais, bem como pelo diálogo com a sociedade.

Viaduto da Prainha é prioridade imediata

No trecho sob responsabilidade da concessionária Nova 381, a duplicação está prevista para começar em 2026, com foco inicial no município de Antônio Dias, entre João Monlevade e Nova Era. De acordo com o diretor-presidente da Nova 381, Marcelo Bandeira Boaventura, o foco nos próximos meses será a construção do Viaduto da Prainha, que funcionará como alternativa ao túnel local, atualmente com tráfego em mão dupla.

Outras ações previstas para este ano incluem:

  • Recuperação do pavimento de todo o trecho concedido até julho
  • Instalação de sete bases operacionais para suporte logístico
  • Implantação de 26 torres de sinal 4G, garantindo cobertura de telecomunicação por toda a extensão da BR-381

A audiência na ALMG marca um novo capítulo na longa trajetória pela duplicação da BR-381. Com mobilização civil articulada, pressão parlamentar crescente e a expectativa de recursos federais, o projeto caminha, embora ainda sem garantias de início imediato.

O desafio maior, no momento, é assegurar os R$ 650 milhões no orçamento da União para 2026, viabilizando o cronograma de obras e o reassentamento das famílias afetadas.

 

 

 

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