Com faturamento anual acima de R$ 10 bilhões e mais de 40 mil empresas ativas, o setor de moda da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) inicia um novo ciclo estratégico.
O Arranjo Produtivo Local (APL) Vestuário, que abrange 35 municípios, inclusive a capital e Sete Lagoas, passa a operar com um plano de ações reformulado, batizado de Horizonte das Gerais. O foco principal é impulsionar a capacitação, o acesso à inovação e a geração de negócios para empreendedores da moda mineira.
A proposta também visa ampliar a competitividade das marcas regionais no mercado nacional. Com essa reformulação, Belo Horizonte se consolida como a única capital do Brasil a concentrar três APLs distintos voltados à moda — vestuário, calçados e bolsas, gemas e joias — reforçando o título de Capital da Moda.
Plano é resultado de construção coletiva
A nova estratégia foi desenvolvida após mais de dois anos de articulações e diálogos com representantes de diversas instituições, entre elas Sebrae Minas, CDL/BH, Sindivest-MG, Ascobap, Instituto AMEM, Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e Frente da Moda Mineira (FMM), além de empresários, lideranças setoriais e profissionais da área.
As ações previstas incluem:
- Organização de um calendário anual de eventos para o setor
- Capacitações voltadas à formação de mão de obra qualificada
- Treinamentos em comercialização e valorização de produtos
- Consultorias para elaboração de projetos destinados a editais públicos como o Compete Minas
- Mobilização de empresas em prol da sustentabilidade e competitividade dos negócios
- Articulação de pleitos junto ao Governo do Estado para melhorias no ambiente de negócios
A estimativa é impactar positivamente mais de 40 mil empresas no prazo de até 12 meses.
Potencial de crescimento é enorme
“Minas Gerais possui quase um milhão de microempreendedores ligados ao comércio de vestuário e acessórios, além de quase 130 mil atuando diretamente na fabricação. Apenas nas cidades que compõem o APL, mais de 45 mil pessoas são empregadas diretamente no setor. Esses dados confirmam a potência da atividade e as muitas oportunidades que ainda podem ser exploradas com estratégias bem estruturadas”, afirma Marcelo de Souza e Silva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH).
O que são os APLs
Arranjos Produtivos Locais são concentrações de empresas de um mesmo segmento, localizadas em uma mesma região, que estabelecem relações de cooperação entre si e com instituições de apoio. Essa articulação permite ganhos de escala, maior poder de negociação, acesso a tecnologias, desenvolvimento de soluções coletivas e o fortalecimento de toda a cadeia produtiva — além de estimular o associativismo, gerar empregos e dinamizar as economias locais.
Moda mineira tem força em várias regiões
Os APLs ligados à moda em Minas Gerais são altamente diversificados. Em Juruaia, por exemplo, o foco está na moda íntima e fitness, com cerca de 200 empresas atuantes. Taiobeiras, Muriaé e São João do Manteninha também se destacam no mesmo segmento. Em Paraguaçu, o vestuário masculino é o principal motor. Já Divinópolis abriga um polo de moda variada e Jacutinga é referência nacional em tricô e malharia.
Na RMBH, o prêt-à-porter — estilo que combina o refinamento da alta-costura com a agilidade do fast-fashion — se consolida como a marca registrada da produção local.
Para Marcelo de Souza e Silva, fortalecer a cadeia do vestuário é uma estratégia essencial para o futuro da economia estadual.
“O segmento responde por 13% da produção têxtil do Brasil e gera milhares de empregos diretos e indiretos. Estimular sua produtividade é investir na geração de renda e na vitalidade do comércio em todas as regiões de Minas”, conclui.