Tragédia

Por Guilherme Gimenez
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Bruno Novaes/Urban Arts

Algumas tragédias colocam os nossos pés no chão da realidade, nos deixam reflexivos e nos obrigam a rever prioridades. Elas nos conduzem a uma compaixão que não lembrávamos ser capazes de demonstrar, despertando nosso senso de comunidade. Não à toa o rei Salomão escreveu que “o coração do sábio está na casa onde há luto”.
Escrevo este texto do décimo primeiro andar de um prédio localizado em uma região da cidade pouco propensa a alagamentos. Além disso, disponho do conforto de poder trabalhar em home-office quando necessário.

A chuva lá fora que pra mim é a trilha sonora de um sono confortável, para um sem número de pessoas é tragédia. É frio, doença, é perder a casa, os móveis, as roupas, é perder o chão. Há também os que perdem a vida ou entes queridos.

Em janeiro de 2020 estava lá eu em Sabará, cidade vizinha de Belo Horizonte, como parte de uma grande força-tarefa para socorrer vítimas das chuvas. Coisas que vi ali me marcaram para sempre, tristeza sem fim. Mas aqui estamos nós de novo. Mesmo problema, talvez até pior. É desesperador.

Confesso que a ideia inicial para este texto era abordar o problema das chuvas e relacioná-lo a políticas públicas, mas mudei de ideia. Talvez o faça em outro momento, porém aqui não vem ao caso análises técnicas ou críticas a quem quer que seja. O que tem para hoje parece mais um desabafo mesmo, me perdoem.

Que essas situações ao menos sirvam para nos fazer aprender um pouco mais sobre amar o próximo. Num 2022 que vem prometendo muita tensão social e política, que consigamos ir contra a corrente e nos preocupemos mais com as pessoas vulneráveis que com qualquer outra coisa.

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