Foto: Sebastião Jacinto Jr/Fiemg
Humilhação, medo, raiva e tristeza. Sentimentos de mulheres vítimas de violência se destacam e compõem peças da exposição “Tecendo a dor”, que foi lançada na quinta-feira (23/03), no SESI Museu de Artes e Ofícios (MAO), no Centro de Belo Horizonte. De pintura a montagens, a artista Luciana Hermon evidencia a sensibilidade e a criatividade ao produzir 13 peças que retratam o cotidiano violento que faz parte do universo feminino. Gratuita, a mostra está aberta à visitação até 29 de abril.
Luciana Hermon contou que a exposição foi concebida a partir de um projeto desenvolvido por ela em 2022, cujo tema foi similar ao da exposição. “Eu li diversos relatos absurdos de mulheres violentadas em todos aspectos. Portanto, esse é um assunto muito sério que precisa ser cada vez mais divulgado e nada melhor que arte para sensibilizar a sociedade. É preciso denunciar, mas muitas mulheres não têm coragem de fazê-lo. Elas são fortes e não podem se calar”.
As peças artísticas foram produzidas com panos, buchas vegetais, linhas de crochê, azulejos, explorando cores e formas para, segundo ela, “reproduzir e trazer à tona as situações humilhantes que as mulheres vivenciam no dia a dia”, explicou a artista.
Informar e conscientizar
“Tecendo a dor” integra um projeto da FIEMG e do SESI em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil e o Ministério Público de Minas Gerais, por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – CAOVD-MPMG. O trabalho conjunto resultou na elaboração do guia “Enfrentamento à violência contra as mulheres e meninas”, voltado a empresas e que está disponível neste link.
De maneira prática e didática, a publicação, lançada ontem, aborda diversos aspectos do tema, expondo dados e desafios, tipos de violência, suporte, prevenção e outros, conforme Alessandra Rubin Rigueira, analista de projetos sociais da gerência de Responsabilidade Social da Federação, que participou da produção do conteúdo. “O guia nasceu da necessidade de ajudar as indústrias a implantar um programa de combate à violência contra mulher, trazendo informações e estatísticas e mostrando com esse problema pode impactar no dia a dia das empresas. Pretendemos também ajudar as trabalhadoras vítimas de violência, criando uma rede de apoio”, afirmou.
Antes do lançamento da exposição, houve uma roda de conversa que tratou também da violência contra as mulheres. O bate-papo teve a participação da Luciana Hermon e da psicóloga, fundadora dos projetos Sentir Mulher e Sentir Família e voluntária nos programas Grupo de Apoio às Mulheres GAMAS e Grupo Colcha de Retalhos, Daniela Bittar, com a mediação da líder do Grupo Mulheres do Brasil – Núcleo BH, Fernanda Andrade.
“Estou super feliz por participar desse projeto e da elaboração do guia. É preciso dar voz às mulheres que sofrem violência no Brasil e em Minas Gerais. Vamos ecoar esse problema para sensibilizar a todos cada vez mais”, disse Fernanda Andrade.
“São séculos e séculos de violência, mas hoje eu consigo notar as mulhres mais encorajadas em denunciar. Antigamentes elas eram silencidas por medo. O feminno não é para ser usado e usurpado”, observou Daniela Bittar.