Liderado pelo violoncelista da OSMG, compositor e arranjador Demósthenes Júnior, o quarteto de cordas Ponteio fará única apresentação em Belo Horizonte neste trimestre.
No próximo dia 22 de março, haverá mais um recital destes quatro excepcionais músicos, que aliam suas tarefas e deveres junto à Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) com os desejos e manifestações de autêntica arte influenciada pelo melhor da MPB, Clube da Esquina dentre outros compositores brasileiros.
Ensaiando assiduamente para o evento deste mês, o grupo de colegas tocará arranjos concebidos pelo multi-instrumentista Demósthenes Júnior (violoncelista titular do naipe na OSMG) além de composições dos mestres Ernani Aguiar e Guerra-Peixe.
A origem da ideia realizada deste conjunto camerístico, remonta os idos da década de 90 – especificamente, durante o ano de 1997! – quando em sua formação inicial, realizaram a primeira apresentação no mesmo ano da mudança da Escola de Música da Universidade de Minas Gerais (UFMG) – antes localizada na avenida Afonso Pena, 1534 para, então, se encontrar no “Campus” da Pampulha até os dias de hoje.
Àquela época, o grupo se chamava “Quarteto Boreal” – sendo nomeado posteriormente de “Quarteto Brasileiro”.
Atualmente, além do próprio Demósthenes (um dos fundadores do Quarteto), o grupo tem como integrantes: Patrick Messias (primeiro violino), Leandro Lino (segundo violino) e Alysson Rodrigues (viola de arco). Todos formados (bacharelado) e trabalhadores ativos da OSMG.
Se o músico é um “mago do tempo”, pois pode em tese dobrá-lo à força do andamento de uma música interpretada, o indivíduo que encara o ordinário da vida em sociedade necessita de mais pragmatismo e ensejos de fortuna a fim de ser capaz – ao menos – de comer “o pão de cada dia” e obter sustento do seu ritmo diante das vicissitudes.
“Às vezes a gente tem de ter outros trabalhos pra complementar (às vezes) a renda, aí então… não tem como também ter o tempo (assim) para trabalhar”, comenta Patrick respondendo à indagação acerca o que dificultaria aos músicos levar adiante este quarteto, em questão – excetuando todas as causas técnicas da própria música, evidentemente.
“Porque a gente (tipo) não consegue priorizar…”, continua o violinista Leandro Lino.
Demósthenes afirma acertadamente nas resoluções que poderiam favorecer não somente ao Quarteto Ponteio, mas a quaisquer entusiastas da música camerística no que tange à valorização e continuidade do exercício artístico com qualidade notável e esmero:
“A gente, inclusive, não tem uma produção – um patrocínio! (…) Vamos supor: aqui eu tenho um patrocínio (aqui,ó); a gente vai receber ‘X’ por mês pro quarteto, pra trabalhar e tal… a gente não tem!”.
Pois é a mais pura verdade que o incentivo a uma cultura mais rica e superior deriva, também, do pressuposto básico de que é preciso pagar as contas, ter comida à mesa e o mínimo de conforto para as tribulações do cotidiano não impedirem o músico de se desenvolver através de estudos e práticas constantes a fim de aperfeiçoar-se na arte.
“Mas isto está no meu plano: de conseguir um bom produtor à partir deste show, agora…”. Conclui ele:
“E… arrumando este produtor (esta produção), aí a coisa começa a bombar mais, né (!). Arrumar um bom patrocínio. Viagens pelo Brasil e (quem sabe?) até para fora do país, né? Porque, você sabe que este tipo de música é mais valorizado fora do que aqui (né?). – Apesar que hoje em dia ‘tá muito bem recebido, muito bem aceito; tem um público muito grande para um trabalho camerístico, de música popular…”
Demósthenes iniciou na música dos 13 para os 14 anos de idade no Rio de Janeiro, estudando violão (erudito), teoria musical e harmonia (funcional) em 1976 com o professor Antônio Carlos Lobo. Após 1 ano, obteve mais conhecimentos de violão popular com Daniel Cardona (ex-integrante da banda Módulo 1000).
Em 1978, mudou-se do Rio de Janeiro para Belo Horizonte com os pais. Voltando para lá após cerca de 1 ano. Em 1981, retornou de uma vez por todas – dando início aos estudos do violoncelo, no Palácio das Artes, com o instrumento sendo emprestado pelo próprio Palácio (CEFAR).
Pouco tempo após aprender os primeiros acordes e cadências ao violão, Demósthenes já elaborava composições originais (tanto instrumentais quanto em forma de canções), futuramente exercitando e aplicando sua criatividade em arranjos a partir de 1986 para as próprias músicas inicialmente – experimentando a escrita para outros instrumentos (oboé, flauta, violoncelo etc.) e formações de grupo (quartetos, corais etc.).
Estudou harmonia e contraponto com Rubner de Abreu e Sebástian na Fundação Artística, também.
E em 1991, começou a definitivamente escrever os arranjos para quarteto de cordas.
E assim tem sido.
Para adquirir os ingressos para a apresentação do Quarteto Ponteio ou obter mais informações:
https://www.sympla.com.br/evento/quarteto-ponteio/2360472
Tiago Boson
Multi-instrumentista autodidata, compositor, professor de música, pintor, ilustrador, escritor/poeta (não publicado).
E-mail: bosontiago@gmail.com
Instagram: @tiagoboson