Copom eleva juros para 14,25% ao ano e impacta economia

Alta dos juros reflete inflação e instabilidade global
Ministro da Fazenda Fernando Haddad Ministro da Fazenda Fernando Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na noite de ontem que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a Taxa Selic (juros básicos da economia) de 13,25% para 14,25% ao ano estava prevista desde o fim do ano passado. Foto: José Cruz/Agência Brasil.

A crescente alta nos preços dos alimentos e da energia, aliada às incertezas no cenário econômico global, levou o Banco Central (BC) a elevar novamente a taxa básica de juros da economia. Por decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) ajustou a taxa Selic em 1 ponto percentual, atingindo 14,25% ao ano.

A medida de elevar os juros busca conter a escalada inflacionária e ajustar a política monetária diante das oscilações internas e externas. Além disso, a decisão reforça a preocupação do Banco Central com os impactos da política fiscal e das percepções do mercado financeiro sobre a sustentabilidade da dívida pública.

Cenário externo influencia decisão do Copom

O comunicado oficial do Copom destacou que o ambiente externo continua incerto, principalmente devido à política comercial global e às movimentações do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos. As dúvidas sobre a condução da política monetária americana impactam diretamente os mercados emergentes, como o Brasil.

Internamente, o Brasil apresenta sinais de crescimento econômico, ainda que moderados. O Copom ressaltou que a inflação permanece em trajetória de alta, especialmente nos setores de serviços e bens essenciais, o que reforça a necessidade de vigilância sobre os preços.

Inflação elevada exige medidas rigorosas

A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), continua acima do esperado. Em fevereiro, o indicador registrou 1,48%, impulsionado pelo aumento no preço dos alimentos e pelo fim do bônus da usina de Itaipu na conta de energia elétrica.

Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada atingiu 4,87%, superando o limite da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que estipulou uma meta contínua de 3%, com margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%.

O Banco Central reiterou que seguirá monitorando a evolução dos preços e ajustando sua estratégia conforme necessário para garantir a convergência da inflação à meta.

Perspectivas para as próximas reuniões do Copom

O Copom indicou que poderá realizar novos ajustes na Selic, mas em menor intensidade nas próximas reuniões. A decisão dependerá do comportamento da inflação e da resposta da economia às medidas já adotadas.

O comitê reforçou que seu compromisso é garantir a estabilidade dos preços e que a política monetária seguirá sendo calibrada para conter possíveis desajustes inflacionários. O comunicado também destacou que a expectativa de mercado para o IPCA de 2025 está em 5,1%, um nível acima do teto da meta.

Impactos do aumento da Selic na economia

O aumento da taxa básica de juros tem efeitos diretos sobre o crédito e o crescimento econômico. Com juros mais altos, o crédito fica mais caro, reduzindo o consumo e desestimulando investimentos produtivos.

Por outro lado, a elevação da Selic contribui para a contenção da inflação ao restringir o excesso de demanda. No entanto, esse movimento também pode desacelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

No último relatório de inflação, o Banco Central projetou um crescimento econômico de 2,1% para 2025. O mercado financeiro, no entanto, está mais cauteloso e prevê uma expansão menor, em torno de 1,99%.

Histórico recente da Selic

A atual alta dos juros dá continuidade a um ciclo iniciado em setembro do ano passado. Desde então, o Banco Central elevou a Selic em diversas etapas, acumulando sucessivas altas que levaram a taxa ao maior nível desde outubro de 2016, quando também estava em 14,25% ao ano.

Essa estratégia tem como objetivo reforçar o combate à inflação, evitando descontrole nos preços e garantindo um ambiente econômico mais estável para os próximos anos.

Projeções para a inflação nos próximos anos

O Banco Central revisou suas projeções para a inflação de 2025 e 2026. Segundo o comunicado do Copom, o IPCA deverá fechar 2025 em 5,1%, enquanto a estimativa para o terceiro trimestre de 2026 é de 3,9%.

O último relatório de inflação do BC, divulgado em dezembro, apontava um IPCA de 5,2% para 2025 e de 4% para o terceiro trimestre de 2026. O aumento das previsões reflete o impacto das recentes políticas monetárias e fiscais na economia.

O boletim Focus, levantamento semanal do Banco Central com analistas financeiros, indica que o mercado espera um IPCA de 5,66% para o fechamento de 2025, acima da meta estipulada pelo CMN.

Efeitos da Selic sobre o crédito e o consumo

A Selic influencia diretamente as taxas de juros cobradas pelos bancos em empréstimos e financiamentos. Com a taxa mais alta, o custo do crédito sobe, dificultando o acesso a financiamentos para consumidores e empresas.

Esse cenário pode levar a uma redução no consumo e na produção industrial, afetando o crescimento econômico. Por outro lado, juros elevados incentivam a poupança e podem atrair investidores estrangeiros interessados em rentabilidade mais alta no país.

Ao ajustar a Selic, o Banco Central busca equilibrar esses fatores para garantir estabilidade econômica sem comprometer o crescimento.

A decisão do Copom de elevar a Selic para 14,25% ao ano reflete a necessidade do atual governo de tentar conter a inflação e manter a credibilidade da política monetária. Apesar dos impactos negativos no crédito e no consumo, a medida visa garantir um cenário econômico mais estável no longo prazo.

O mercado segue atento às próximas decisões do Copom e ao comportamento da inflação nos próximos meses.

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