Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em janeiro, o Banco Central reforçou a manutenção da taxa Selic em patamares elevados. O objetivo principal é conter a inflação, mas, sem sinalização para cortes no curto prazo, o impacto sobre a economia preocupa especialistas e empresários.
Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL BH), a estratégia adotada pelo governo não está gerando os resultados esperados. Apesar da política monetária restritiva, os índices inflacionários continuam elevados, enquanto a atividade econômica sofre com o desaquecimento.
“A manutenção de taxas altas de juros por longos períodos pode prejudicar a recuperação econômica, limitar a expansão dos negócios e afetar a criação de empregos”, alerta o presidente da CDL BH, Marcelo de Souza e Silva.
Consumo e crédito sofrem forte impacto
Com juros elevados, o comércio e o setor de serviços enfrentam um cenário desafiador. A redução do consumo, o aumento do endividamento e a dificuldade de acesso ao crédito são alguns dos principais entraves.
“Com a taxa Selic mais alta, o crédito fica mais caro, desestimulando o consumo, especialmente de bens duráveis e de maior valor agregado”, explica Souza e Silva.
Outro fator preocupante é o risco crescente de inadimplência. Tanto empresas quanto consumidores enfrentam dificuldades para honrar compromissos financeiros, o que afeta diretamente a sustentabilidade do setor produtivo.
Menos investimentos e menos empregos
Além do impacto direto no consumo, os juros altos também inibem investimentos, o que pode comprometer o crescimento da economia no longo prazo.
“As empresas reduzem os investimentos em expansão, o que pode impactar o crescimento do setor e a geração de empregos”, destaca o presidente da CDL BH.
Com menos crédito disponível e condições financeiras desfavoráveis, a capacidade do setor produtivo de inovar e crescer fica limitada. Isso resulta em um ciclo prejudicial para toda a economia, já que menos investimentos significam menos postos de trabalho e menor circulação de dinheiro no mercado.
Equilíbrio fiscal como alternativa ao controle da inflação
Para Souza e Silva, além da política de juros, o governo deve adotar medidas que favoreçam o equilíbrio fiscal. A contenção de gastos públicos pode ser uma alternativa eficaz para o controle da inflação sem comprometer o crescimento econômico.
“Reconhecemos a importância do controle da inflação, mas defendemos um equilíbrio entre essa meta e a necessidade de estimular o crescimento econômico”, conclui o presidente da CDL BH.
O setor produtivo segue atento aos próximos passos da política monetária, aguardando sinais de flexibilização que possam impulsionar o comércio e a geração de empregos.
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