Vamos sextar com alto padrão de qualidade, Lupulados e Lupuladas? E se vamos falar de qualidade no universo cervejeiro, não tem como deixar de falar das cervejas trapistas. Sabe o que é e quais são? Se sim, veja se concorda comigo. Se não, venham conhecer!
Já falamos algumas vezes aqui da estreita relação entre a Idade Média e as cervejas, uma vez que era muito comum que mosteiros fabricassem cerveja para seus monges. E uma das regiões onde esse costume se tornou muito relevante é onde hoje temos a Bélgica, referência das cervejas trapistas. Uma curiosidade é que o jejum era uma prática muito comum nessa época na igreja católica, os monges que jejuavam precisavam de alguma fonte de nutrientes. A cerveja, sendo líquida, não possuía restrições nos longos períodos de jejum, e assim, seu consumo era permitido. Espertinhos esses monges hein!?
No ano de 1998, oito mosteiros trapistas criaram a International Trappist Association (ITA). Com objetivo de garantir a qualidade de seus produtos, foi criado o logotipo de “Authentic Trappist Product”, que pode ser encontrado em todos os produtos, e entre eles a cerveja, que estejam dentro das normas de produção e respeitem os critérios determinados pela ordem, que são:
• A cerveja precisa ser fabricada dentro dos muros de um mosteiro trapista, pelos próprios monges ou sob sua supervisão.
• A produção cervejeira precisa ter importância secundária dentro do mosteiro e deve seguir práticas de negócios adequada para o modo de vida monástico.
• A cervejaria não pode ser um empreendimento lucrativo. Toda sua renda deve cobrir o custo de vida dos monges e a manutenção do mosteiro. Todo excedente deve ser doado a instituições de caridade para o trabalho social e para o auxílio de pessoas necessitadas.
• Cervejarias trapistas são permanentemente monitoradas para garantir a qualidade, item primordial, das suas cervejas.
Hoje existem cerca de 170 mosteiros trapistas, e dentre eles, apenas 14 produzem cerveja, dos quais 13 estão localizados na Europa, sendo seis na Bélgica (Achel, Chimay, Orval, Rochefort, Westmalle, Abadia Saint-Sixtus ou mais conhecida como a mística Westvleteren), dois na Holanda (La Trappe, Zundert), um na Áustria (Stift Engelszell), um na Itália (Tre Fontane), um na França (Mont des Cats), uma na Inglaterra (Mont Saint Bernard), um na Espanha (Cardeña) e por fim, um nos Estados Unidos (Spencer).
Em 2016 tive a feliz oportunidade de conhecer dois destes: La Trappe e Westvleteren. Na La Trappe, além da visitação ao mosteiro e sua planta, você pode experimentar todos os rótulos da abadia (fiz questão de fazer isso) no seu tasting-room, que fica em um café nos jardins do seu belo mosteiro e é aberto ao público. Um local realmente maravilhoso. Dentre suas cervejas, destaco a La Trappe Dubbel e Quadruppel (minha preferida). Já na Westvleteren, o mosteiro e sua cervejaria são fechadas para visitação, mas você pode visitar um café externo anexo, chamado “In De Vrede” e lá degustar e adquirir suas preciosidades. Mas essa história merece uma coluna a parte que fica de promessa para uma próxima semana.
Por fim, uma curiosidade sobre as trapistas. Atualmente, uma das mais tradicionais abadias, a Achel, fundada em 1846 por monges trapistas da Westmalle, corre risco de perder seu selo de autenticidade. Dois de seus últimos monges fabricantes de cerveja na Abadia se aposentaram sem serem substituídos. A produção de cerveja ainda continua ocorrendo dentro dos muros da abadia, mas não existem mais monges para supervisionar a produção. Dessa forma, falta um dos critérios para ser considerado um produto autêntico trapista. Vamos ver o que vai acontecer, visto que os monges da Westmalle também estão envolvidos com a produção de cerveja na Achel.
Espero que tenha curtido, porque eu já estou separando aqui minha trapista deste final de semana! Cheers!
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