Palmada não é aceitável, muito menos eficiente

Evidências mostram que punições físicas podem causar problemas de aprendizado, de memória e vocabulário, além de comportamento agressivo.
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Quantas vezes já ouvimos, principalmente vindo de pessoas ou parentes de mais idade, a frase “umas boas palmadas conserta esse menino”. A verdade para mim é o que li certa vez em um blog português, escrito por Clementina Almeida: “Bater nas crianças claramente ensina uma lição – a lição é de que se pode conseguir o que se quer com as pessoas que são mais fracas do que nós, batendo-lhes”. Para muitos isso pode parecer banal, mas pode ter certeza que as consequências dos castigos físicos são realmente sérias e preocupantes. De acordo com a Academia Americana de Pediatria os castigos corporais devem ser evitados. De acordo com a declaração emitida pela entidade em 2019, eles alertam que “estratégias disciplinares aversivas, incluindo todas as formas de castigo corporal, gritar ou envergonhar crianças são minimamente eficazes em curto prazo e não são eficazes em longo prazo. Com novas evidências, os pesquisadores vinculam a punição corporal a um risco aumentado de resultados comportamentais, cognitivos, psicossociais e emocionais negativos para as crianças”.  

Evidências mostram que punições físicas podem causar problemas de aprendizado, de memória e vocabulário, além de comportamento agressivo. Na minha casa pregamos a disciplina positiva, e vemos que realmente não há necessidade de violência (sim, bater em criança é violência e covardia) para que possamos ensinar nossos filhos o que é certo ou errado. A criança aprende pelo exemplo, pelo que assiste dentro de casa. Como dizer a ela para não bater em um coleguinha de escola, em alguém na rua, se dentro de casa ela apanha. Uma coisa é termos a noção que nossos pais fizeram o melhor que puderam, em um mundo com pouca veiculação de informação. Outra bem diferente é perpetuar essa prática terrível, e precisamos desconstruir essa ideia que a violência é um recurso aceitável.

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Em um relato comovente, a advogada e escritora Elisama Santos, um dos ícones da disciplina positiva, em que dizia que antes de ser mãe entendia como aceitável a prática das palmadas, até que no fim da gravidez de seu primeiro filho viu uma cena muito triste. Ela viu uma mulher batendo em uma criança dentro do supermercado. “Meu olhar cruzou com o olhar da criança, que chorava, percebi a dor dela e senti uma dor imensa. Minha memória resgatou momentos da minha infância em que, ao apanhar, eu olhava para a porta, esperando que alguém aparecesse”, diz. Elisama prometeu ao seu filho, ainda na barriga, que jamais bateria nele. Por isso precisamos é praticar a paciência, ter inteligência emocional. A criança deve ser acolhida, cabendo aos pais dialogar, explicar onde está o erro e encontrarem juntos a solução. Como disse, os pequenos aprendem com o exemplo, com o que vivenciam e presenciam dentro de casa. O carinho e o afeto sim são ferramentas muito eficientes para criarmos pessoas melhores.

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