Ótima sexta para todas as Lupuladas e Lupulados! Uma das coisas que mais me encanta, desde sempre, no universo cervejeiro, é a variedade de rótulos, estilos e possibilidades que ele nos oferece. Algumas chegam a receber o rótulo de “Isso é realmente cerveja?” tamanha diversidade que as combinações de receita podem oferecer. E umas das especialidades da Escola Belga é isso, a diversidade. Mas essa escola possui um clássico que é capaz de deixar qualquer uma de boca aberta. Estamos falando da Belgian Tripel.
Da mesma forma que vários outros estilos belga, a Belgian Tripel também possui a origem de sua criação ligada à Ordem Trapista (clique aqui). Ela foi comercializada pela primeira vez em 1932, na Abadia de Westmalle (@westmalletrappist), com sua Superbier, cerveja que acabou sendo modificada alguns anos depois e veio a ser rebatizada como Tripel. Sua receita original tinha 9,5% de teor alcoólico.
A Tripel tem como destaque em sua receita o malte e a levedura. A qualidade e o tipo dos grãos escolhidos são fundamentais para o resultado final, que oferece uma bebida de coloração atraente , podendo variar entre o dourado ao âmbar-claro. Ela possui um dulçor marcante e único, que remete a mel e cereais, mas sem exagero. O aroma e o sabor apresentam toques cítricos, florais e frutados, remetendo em muitos casos ao gostinho de laranja, limão, pêra e banana. Possui teor alcoólico mais elevado, com variação entre 7,5% e 11,5%, de acordo com cada marca e proposta da cervejaria.
Quando falamos de Escola Belga (clique aqui) a experiência pode e deve ser valorizada. Aparência, sabor e principalmente os aromas devem ser explorados ao extremo. E aí o copo entra como um diferencial. No caso da Belgian Tripel, o copo recomendado para degustar é o Goblet. Indicado para as cervejas de Abadia e Trappistas em geral, sua boca é mais larga para ajudar a propagar os aromas destas cervejas que são um grande destaque. Além disso, visual é extremamente elegante e ajuda a tornar a experiência sensorial como um todo ainda mais especial.
A Belgian Tripel faz parte da mesma família das belgas Dubbel e a Quadruppel, mas essa diferenciação fica para outra história. Mas é importante saber que a Tripel tende a ser mais adocicada e ligeiramente mais leve que suas “irmãs”. Falando sobre marcas, são vários os exemplos, mas destaco as nacionais Bodebrown, a Wäls, a Falke Bier e as gringas Anner, Straffe Hendrik, La Trappe, Karmeliet e Waterloo.
Minha melhor experiência com Tripel se deu na Staminèe de Garre. Tenho certeza que muita gente que já foi a cidade de Brugge e jamais ouviu falar deste pub. E eu só fui pela indicação dos meus amigos cervejeiros Rodrigo Prota e Gustavo Dogliani. Este bar fica literalmente no fundo de um beco da cidade e nada exposto. O bar é pequeno e intimista, ficando em um dos prédios medievais de Brugge. Lá dentro, poucos turistas e muitos locais, curtem a ampla carta de cervejas belgas ao som de música clássica.
A estrela da casa, e servida on tap, é a Tripel De Garre. Consigo fechar os olhos e lembrar daquela cerveja encorpada, forte na medida certa e levemente adocicada. Como fui ao final do dia e bem “calibrado”, nem testei, mas reza a lenda que, além de você só encontrar ela na Staminèe de Garre, não se pode tomar mais que três taças, porque em função do seu potente teor alcoólico (11,5%) o garçom proíbe uma quarta rodada.
Se por acaso você não conhece o estilo e quer se aventurar, minha dica é a Monasteruim da Falke Bier (@falkebier). Com excelente custo-benefício, essa joia mineira é uma cerveja de alta fermentação, não filtrada, refermentada e gaseificada na própria garrafa. Você poderá até encontrar resíduos de levedura no fundo da garrafa. A Monasteruim segue o padrão das receitas de mosteiros Belgas. Possui um aroma complexo e frutado, especialmente os cítricos, espuma consistente e cor alaranjada turva. Com teor alcoólico é 9%, ela é envasada em garrafas de champagne reserva e arrolhada como os espumantes. Tudo que você precisa para abrir bem seu final de semana. Cheers!!!