Durante o Climate Week NYC, evento global realizado em Nova York para debater questões relacionadas ao clima, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, fez uma proposta ousada e de grande relevância para o futuro do Brasil: promover a completa substituição das fontes de energia elétrica não renováveis por energias renováveis até 2030.
O objetivo dessa iniciativa é reduzir os custos da energia no país, aumentar a competitividade das indústrias brasileiras e, ao mesmo tempo, contribuir significativamente para as metas ambientais globais, incluindo a redução de 53% das emissões de gases de efeito estufa, conforme o compromisso assumido pelo Brasil no Acordo de Paris.
A necessidade de mudança na matriz energética brasileira
Atualmente, o Brasil ainda depende de uma parte considerável de sua geração elétrica proveniente de fontes não renováveis, como as termelétricas movidas a combustíveis fósseis. Esse modelo, além de custoso, é responsável por uma parte expressiva das emissões de carbono do país. A proposta de Flávio Roscoe durante o Climate Week NYC visa reverter essa realidade.
Segundo ele, a transição para fontes de energia renováveis – como hidrelétricas, energia solar, eólica e biomassa – é não apenas uma necessidade ambiental, mas também uma estratégia crucial para a recuperação e fortalecimento da economia nacional.
Ao propor essa transformação até 2030, Roscoe destaca a importância de agir com rapidez para garantir que o Brasil permaneça competitivo no cenário internacional, especialmente em um momento em que as questões ambientais estão no centro das discussões econômicas globais.
“Quase todas as empresas de Minas Gerais já atingiram esse objetivo de RE 100 (iniciativa corporativa global de energia renovável que reúne centenas de grandes e ambiciosas empresas comprometidas com 100% de energia renovável) porque a maior parte da nossa produção de energia elétrica vêm das hidrelétricas, usinas solares e uma parte do etanol. Aproximadamente 80% dos carros no Brasil são aptos a utilizar o etanol como combustível e Minas Gerais é o segundo estado com a maior produção de etanol do país”, destacou.
Assista ao vídeo:
Impactos positivos da transição energética no custo e competitividade
Um dos pontos centrais da proposta da FIEMG é a redução significativa do custo da energia no Brasil. Atualmente, os altos custos energéticos são um dos principais desafios enfrentados pelas indústrias do país, que competem em um mercado global cada vez mais acirrado. Ao substituir as fontes não renováveis por energias limpas, o Brasil poderá diminuir esses custos, já que fontes como solar e eólica, por exemplo, possuem uma estrutura de manutenção muito mais econômica a longo prazo.
Essa mudança não apenas baratearia a energia, mas também proporcionaria uma maior segurança energética, evitando a volatilidade de preços associada aos combustíveis fósseis. Consequentemente, o aumento da competitividade das indústrias brasileiras impulsionaria a produtividade nacional, criando um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico e à geração de empregos.
Metas ambientais e sustentabilidade: um compromisso global
Além dos impactos econômicos, a proposta de Flávio Roscoe também tem como foco o cumprimento das metas ambientais acordadas pelo Brasil no Acordo de Paris. A substituição das fontes de energia não renováveis por renováveis contribuirá diretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa, ajudando o Brasil a atingir a meta de diminuir suas emissões em 53% até 2030.
O Brasil, já reconhecido por possuir uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo – com destaque para as hidrelétricas –, tem um enorme potencial para expandir o uso de outras fontes renováveis, como a energia solar e a eólica, que ainda são subaproveitadas no país. A diversificação dessas fontes é essencial para garantir a sustentabilidade e a resiliência do sistema energético brasileiro diante das mudanças climáticas e dos desafios futuros.
Oportunidades para inovação e desenvolvimento tecnológico
A transição para uma matriz energética completamente renovável também abre portas para o avanço tecnológico e a inovação no Brasil. Com o crescimento do setor de energias renováveis, surgem oportunidades para o desenvolvimento de novas tecnologias, geração de empregos qualificados e a criação de um mercado mais dinâmico e inovador.
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) serão cruciais para otimizar a eficiência de novas tecnologias, como painéis solares de última geração e turbinas eólicas mais potentes. Além disso, a expansão da biomassa – um recurso abundante no Brasil – poderá agregar valor ao setor agrícola, especialmente para a produção de bioenergia a partir de resíduos orgânicos.
Parcerias público-privadas: um caminho para viabilizar a transição
Para que a proposta de Flávio Roscoe se torne realidade até 2030, será necessário o estabelecimento de parcerias estratégicas entre os setores público e privado. A construção de grandes parques solares e eólicos, além do aprimoramento da infraestrutura de transmissão e distribuição de energia, requer investimentos significativos. Incentivos governamentais, subsídios e linhas de crédito específicas para projetos de energias renováveis serão fundamentais para atrair investidores e viabilizar esses projetos de grande escala.
A colaboração entre empresas privadas, órgãos governamentais e instituições de pesquisa será um pilar essencial para garantir que o Brasil consiga implementar essa transformação de forma eficiente e dentro do prazo proposto. O setor industrial, em particular, terá um papel central, já que é um dos maiores consumidores de energia do país e, portanto, um dos principais beneficiários dessa transição.
Desafios a serem enfrentados no processo de transição energética
Embora a proposta de substituir a matriz energética nacional seja extremamente promissora, o Brasil ainda enfrentará uma série de desafios ao longo dessa jornada. Entre os principais obstáculos estão os custos iniciais de investimento em infraestrutura, como a construção de novas usinas de energia renovável e a modernização das redes de distribuição.
Além disso, é fundamental que o país desenvolva políticas públicas integradas, que incentivem o uso de energias renováveis e garantam que os subsídios atualmente destinados às fontes de energia fóssil sejam redirecionados para apoiar a transição. Outro ponto crítico é a necessidade de treinamento e capacitação de mão de obra qualificada para atuar nas indústrias de energias renováveis, o que demanda investimentos em educação e formação profissional.
O Brasil rumo a um futuro energético sustentável
A proposta da FIEMG, liderada por Flávio Roscoe, de transformar completamente a matriz energética do Brasil até 2030, é um passo crucial para o futuro sustentável do país. Essa transição não apenas reduzirá os custos de energia e aumentará a competitividade das indústrias brasileiras, mas também colocará o Brasil na vanguarda da luta global contra as mudanças climáticas.
Com uma das maiores biodiversidades e fontes de recursos naturais do mundo, o Brasil tem o potencial de se tornar um modelo global em energias renováveis. Se conseguir superar os desafios iniciais e implementar as mudanças necessárias, o país estará preparado para liderar o movimento de transição energética global, impulsionando tanto seu crescimento econômico quanto sua relevância no cenário internacional.
A substituição de fontes de energia não renováveis por renováveis até 2030, proposta pela FIEMG durante o evento Climate Week NYC, não é apenas uma resposta às demandas ambientais globais, mas também uma oportunidade única de transformar a economia brasileira. Ao reduzir os custos energéticos, aumentar a competitividade industrial e promover a inovação, o Brasil poderá construir um futuro mais sustentável, próspero e alinhado com os desafios e oportunidades do século XXI.
A proposta de Flávio Roscoe coloca a sustentabilidade no centro da estratégia de desenvolvimento do Brasil, reafirmando o compromisso do país com um futuro de baixo carbono e uma economia mais resiliente e competitiva. Resta agora a todos os setores da sociedade brasileira – governo, indústria e cidadãos – unir esforços para que essa visão se torne realidade.
Assista ao vídeo
Ao final da sua apresentação, Roscoe gravou um vídeo para suas redes sociais em que conclama a população a se engajar na campanha da FIEMG por uma energia cada vez mais limpa e sustentável no Brasil.
“Hoje o mundo está com 14,49% de energia renovável. Felizmente, o Brasil tem um cenário muito mais favorável que este e temos que garantir que ele continue assim. A nossa matriz elétrica era 97% renovável até 1994, hoje ela está em 89%. Então, apesar das energias solar e eólica terem entrado em ação, a nossa matriz está piorando. Ela já era extraordinária, muito acima da mundial, mas não tem melhorado. Então, temos que fazer um pacto para a extinção das energias de fontes não renováveis até 2035. Não mais termelétricas a óleo, gás e carvão mineral. Vamos lutar pela biomassa, que é renovável, pela eólica, pela solar e também pela energia hidrelétrica, que sempre foi o pilar do nosso sistema elétrico. Dessa maneira, vamos garantir a sustentabilidade para as futuras gerações. Mais uma vez, a indústria se mostra firme em seu compromisso com o meio ambiente e a sustentabilidade. Conto com vocês nessa campanha que é mais uma iniciativa inovadora e disruptiva da FIEMG”, disse.
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