A inauguração do Memorial Brumadinho, que aconteceu no último sábado, marca um momento de reflexão profunda e de homenagem às 272 vítimas da tragédia ocorrida em 25 de janeiro de 2019.
Localizado no distrito de Córrego do Feijão, o espaço simboliza memória, luta e compromisso com a justiça.
A iniciativa reflete o esforço coletivo de familiares, autoridades e a sociedade civil para manter viva a lembrança dessas vidas e para alertar sobre a importância de prevenir novas tragédias.
Ele se torna um local de reflexão, aprendizado e denúncia. A fala de Nayara Porto, presidente da Avabrum, destaca o papel do memorial como símbolo da resistência contra a impunidade e a negligência.
Por outro lado, a cobrança por justiça feita pelo governador Romeu Zema e outros representantes reflete o sentimento de inconformismo com a falta de responsabilização efetiva, mesmo após seis anos da tragédia.
“Esta é uma obra que não tem como ser explicada. Quem vier aqui vai sentir algo diferente. Na minha opinião, não há nada semelhante no Brasil. Além disso, ela serve como um alerta para que o que aconteceu no dia 25 de janeiro de 2019 nunca mais se repita”, disse Romeu Zema.
“Infelizmente, ainda não tivemos nenhuma condenação. O Poder Executivo pode aplicar multas e tomar diversas medidas, mas cabe ao Poder Judiciário punir quem tirou 272 vidas. Aqui, estamos falando de um assassinato em massa. Espero que a justiça seja feita, até para trazer um pouco mais de conforto a todos esses familiares que aguardam há seis anos, sem que nada tenha acontecido”,
A presença do monumento Bruma Leve, na Cidade Administrativa, reforça esse compromisso em um nível institucional, lembrando continuamente o Estado sobre a responsabilidade de agir e prevenir.
“Essa inauguração é um momento muito importante. O memorial irá honrar a memória das 272 pessoas que, infelizmente, perderam suas vidas seis anos atrás em uma tragédia que precisa ser reparada. O Governo de Minas buscou apoiar as famílias para que pudessem concretizar o sonho deste memorial. Um lugar que vai fazer com que todos se lembrem que Brumadinho não pode ser esquecido e que um desastre como esse nunca mais pode acontecer”, afirmou Luísa Barreto.
O Memorial Brumadinho possui duas salas de exposição que contam a história das vítimas e as origens, causas e principais consequências do rompimento. Uma outra sala é dedicada à guarda digna de segmentos corpóreos recuperados nas buscas feitas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), uma escultura-monumento em honra à memória das joias e um bosque com 272 ipês amarelos, plantados em memória de cada uma delas.
O espaço é gerido pela Fundação Memorial Brumadinho e foi idealizado pelo escritório Gustavo Penna & Arquitetos Associados. O projeto arquitetônico foi eleito pelos familiares das vítimas em um concurso de projetos organizado pela Avabrum.
A presidente da Fundação Memorial de Brumadinho, Fabiola Moulin, ressaltou a importância do memorial como um marco histórico inédito no país. “Hoje é um dia de muita emoção pois, após um árduo trabalho, as portas deste espaço de memória estão abertas. Este memorial não é apenas um marco físico, mas um símbolo de luta, resiliência e amor. Que neste espaço, o público possa conhecer cada vida que foi arrancada”, disse.
O Memorial Brumadinho é, portanto, mais do que um tributo. É um alerta permanente e um chamado à ação para que desastres semelhantes sejam evitados, e para que a memória das vítimas inspire mudanças concretas na sociedade.