No trimestre encerrado em maio de 2025, o Brasil registrou a taxa de desemprego de 6,2%, taxa mais baixa para esse período desde o início da série histórica, em 2012, e surpreendentemente próxima do recorde de 6,1%, verificado no trimestre concluído em novembro de 2024.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, divulgada nesta sexta-feira, 27 de junho de 2025, revela uma continuidade na evolução positiva do mercado de trabalho. No trimestre imediatamente anterior (fevereiro), a taxa esteve em 6,8%, enquanto no mesmo intervalo de 2024 foi de 7,1%. Portanto, além de ser recorde para março‑maio, o cenário atual representa uma tendência de recuperação acelerada.
Mais emprego com carteira e rendimento em alta
Além da taxa de desocupação, outros indicadores também alcançaram patamares recordes. O número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 39,8 milhões, crescimento de 3,7% em relação ao mesmo trimestre de 2024. O rendimento médio do trabalhador subiu para R$ 3.457, um aumento de 3,1% sobre o ano anterior, e a massa salarial nacional atingiu R$ 354,6 bilhões — nunca antes tão alta.
Menor número de desalentados desde 2016
Outro número relevante: o contingente de trabalhadores desalentados — aqueles que desistem de procurar emprego por falta de esperança — caiu para 2,89 milhões, o menor desde 2016. Isso evidencia a melhora contínua nas oportunidades do mercado formal, refletindo maior confiança por parte dos trabalhadores.
Transformação no perfil do trabalho
Com o crescimento da economia e do emprego formal, o Brasil também registra outra mudança: o aumento expressivo de trabalhadores por conta própria com CNPJ. Este segmento atingiu 3,7 milhões a mais em comparação ao mesmo período do ano anterior, subindo para 26,1 milhões pessoas ocupadas por conta própria — o maior contingente já registrado —, sendo que 25,2% dos ocupados trabalham de forma autônoma e 26,9% desse grupo possui CNPJ.
Declínio da informalidade
A taxa de informalidade caiu para 37,8%, o menor nível em comparação ao trimestre anterior (38,1%) e ao mesmo período de 2024 (38,6%). Esse cenário se deve, em parte, à estabilização do contingente de trabalhadores sem carteira — cerca de 13,7 milhões — e ao avanço do trabalho autônomo formalizado.
Setor Público: O motor da geração de emprego
O segmento de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais destacou-se, com crescimento de 3,7% no número de ocupados em comparação ao trimestre precedente. Kratochwill atribui esse aumento ao início do ano letivo, que demanda a contratação de professores e funcionários de apoio, como auxiliares e cozinheiros.
“Mercado aquecido e resiliente”
William Kratochwill, analista do IBGE, atribui os bons resultados ao dinamismo econômico brasileiro. Mesmo em um cenário de juros elevados — atualmente em torno de 15% ao ano pela Selic — o mercado de trabalho se mostra resistente, preservando a geração de empregos e ampliando a formalização.
Ele ressalta, porém, que a continuidade dessa trajetória positiva dependerá das políticas econômicas adotadas pelo governo. A manutenção de juros altos visa conter a inflação, que acumula 5,32% em 12 meses, acima da meta de até 4,5%. Em função disso, há impacto sobre consumo e investimento, o que pode afetar o ritmo de geração de vagas.
Visão e expectativas futuras
Segundo Kratochwill, espera-se nova redução da taxa de desemprego nos próximos trimestres, se houver medidas públicas adequadas. “Como estamos com economia aquecida, o que vem pela frente dependerá muito das políticas econômicas”, afirma.
A Pnad levanta dados em 211 mil domicílios distribuídos em todos os estados e no Distrito Federal, incluindo pessoas a partir dos 14 anos. Considera-se desocupada apenas a pessoa que ativa e efetivamente busca emprego. Analisa-se tanto mercado formal quanto informal, além de empregos temporários e autônomos.
Resumo Geral dos Indicadores
- Indicador Valor Atual Variação interanual
- Taxa de desemprego 6,2% –0,9 p.p.
- Trabalhadores com carteira 39,8 milhões +3,7%
- Trabalhadores informais 39,3 milhões Taxa informal 37,8%
- Trabalhadores por conta própria 26,1 milhões Maior série histórica
- Trabalhadores desalentados 2,89 milhões Menor desde 2016
- Rendimento médio R$ 3.457 +3,1%
- Massa salarial total R$ 354,6 bilhões Recorde
O trimestre encerrado em maio de 2025 confirma que o Brasil vive momento de aquecimento e resistência, com recuperação vigorosa do emprego formal e crescimento de salários. A queda da informalidade e do número de desalentados reforça essa conjuntura positiva. Os desafios futuros, como juros altos e inflação marginalmente fora da meta, exigem atenção e políticas econômicas bem calibradas para manter o ritmo sustentável de geração de emprego e renda.