Cidades Musicais da Estrada Real.
A Estrada Real guarda em seu trajeto cidades que respiram música. São lugares onde a tradição musical se faz presente nas rodas de viola, nos cantos das folias, nas serenatas e nos festivais.
Cada uma com suas particularidades e estilos musicais, que oferecem aos visitantes uma experiência cultural única e autêntica.
Lugares onde a tradição musical se mantém viva através de diferentes estilos e expressões, contagiando turistas e visitantes, criando uma atmosfera única.
Diamantina – Vesperata
Diamantina respira música e oferece contato com a cultura viva, arte e tradição. E um dos eventos musicais mais emocionantes acontece todos os anos na cidade. O espetáculo tem suas origens nas práticas musicais tradicionais do século XIX e desde 2016 é considerada Patrimônio Cultural de Minas Gerais.
Foto: Daniel Cerqueira
A apresentação acontece na Rua da Quitanda, com músicos da Banda do 3º Batalhão da PMMG e da Banda Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz. Os músicos ficam posicionados nas sacadas dos casarões e os maestros sobre um tablado no centro da rua se revezando na regência. O público fica iluminado pela luz amarelada dos lampiões que rodeiam os artistas.
O show é surpreendente para quem assiste pela primeira vez e também para os fãs de carteirinha.
A Vesperata nasceu de uma tradição religiosa, nos séculos 18 e 19, quando, no período das vésperas – a parte da Liturgia das Horas, ritual católico de oração celebrado à tarde – músicos se apresentavam nas sacadas e janelas dos casarões.

Hoje, o evento não possui mais cunho religioso, com a orquestra formada pela banda militar da cidade e pela banda mirim.
Tiradentes –
Concertos no Órgão Tiradentes é um destino que harmoniza história, cultura e natureza, mas que encanta igualmente os turistas, pelas suas atrações musicais e culturais.

Além da Banda Ramalho, patrimônio imaterial e cultural da cidade, um concerto ao som do Órgão, show de luzes e narrativa da história da Matriz de Santo Antônio, legitima Tiradentes também como uma cidade musical.
Os concertos, acompanhados de show de luzes, são uma verdadeira obra de arte em forma de espetáculo, em uma das mais belas igrejas do Brasil do século 18.
Patrimônio Cultural, o Órgão da Matriz de Santo Antônio, é um belo e raro instrumento de sopro, ponto alto da organaria em Portugal, no século 18. Foi encomendado em 1785 ao organeiro português Simão Fernandes Coutinho, na cidade do Porto. Na época a cidade vivia a influência musical do período barroco e o órgão acompanhava a liturgia e as celebrações familiares.
O instrumento foi restaurado e voltou a ser um dos centros da vida comunitária, religiosa, cultural e musical de Tiradentes.
Os Concertos acontecem nas sextas e sábados, com diferentes organistas, e revivem a musicalidade da época, enquanto luzes refletem uma cor única do ouro da arquitetura do templo barroco. Por anos, o órgão foi o único artefato musical permitido em celebrações religiosas cristãs. Assim, está diretamente relacionado à história cristã.

Ipoema – Roda de Viola
O pacato distrito de Ipoema, em Itabira, é definido por uma encantadora paisagem natural e a tradicional música de raiz.
No Museu do Tropeiro, através das Rodas de Viola, sob as bênçãos da Lua Cheia, a musicalidade local, leva o turista a uma viagem na história do tropeirismo.

Sempre em noites de lua cheia, entre os meses de maio a outubro, a fogueira dos tropeiros é acendida, e a Roda de Viola acontece, com muita música raiz de qualidade, que alegram os dançarinos de plantão. Além do ritual do fogo, as Rodas de Violas têm apresentações dos Estaladores de Chicote, Trovadoras da Estrada Real e das Lavadeiras de Ipoema.
As rodas de viola são uma tradição cultural e fazem parte da vida diversas cidades ao longo da Estrada Real, permeando festejos, festas religiosas e expressões populares. A viola, instrumento icônico, está presente em todas as regiões, sendo ativa em celebrações, manifestações sagradas e eventos culturais.

A roda de viola em Ipoema, é muito mais do que um simples encontro musical, é um símbolo da cultura caipira, uma forma de expressão artística e uma maneira de preservar e valorizar as tradições e histórias dos tropeiros.
Prados – Lira Ceciliana
Assim como a sua história, Prados também conserva sua tradição musical, originada das antigas cerimônias religiosas.
O destaque é a Lira Ceciliana, fundada em 1858, e orgulho da cidade, que frequentemente recebe estudantes de música de todo o Brasil e em julho, realiza um festival de música erudita, que faz parte dos eventos mais importantes do Estado.

A corporação Banda-Lira Ceciliana, que até hoje mantém orquestra sacra, é herdeira do movimento musical setecentista e responsável pela permanência da execução de peças de antigos mestres, ainda hoje tocadas nas mesmas celebrações religiosas para as quais foram compostas, algumas há quase trezentos anos.
Mantém também em atividade, a banda de música e coral, além de uma escola de iniciação musical para a formação de novos músicos.

Possui um rico acervo de partituras, que contém composições dos séculos XVIII, XIX e XX,
sacras e profanas, de diferentes estilos e para diferentes formações musicais, de compositores locais, mineiros, brasileiros e estrangeiros; graças a seu arquivo, a Lira Ceciliana firmou-se como referência para o estudo da música mineira.

Desde a época colonial, a música esteve presente na vida das pessoas que viviam ao longo do caminho, seja como forma de expressão cultural, meio de entretenimento ou mesmo como ferramenta de trabalho.
A música na Estrada Real é um patrimônio cultural que deve ser preservado e valorizado!
Estrada Real: VIVA, EXPERIMENTE, DESCUBRA!
DANIEL MAGALHÃES JUNQUEIRA
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