Estações Ferroviárias – Parte 1
As estações ferroviárias, ou melhor, “Estações de trem”, surgiram como uma forma de agilizar o processo de transporte tanto de pessoas, como de mercadorias.
E esse avanço possibilitou o desenvolvimento de várias cidades e regiões, servindo como linha condutora das histórias do povo, não só mineiro, mas do Brasil.
A história das ferrovias no Brasil inicia-se em 30 de abril de 1854, com a inauguração, por D. Pedro II, do primeiro trecho de linha, a Estrada de Ferro Petrópolis, ligando Porto Mauá à Fragoso, no Rio de Janeiro, com 14 km de extensão. Mas a chegada da via à Petrópolis, transpondo a Serra do Mar, ocorreu somente em 1886.
A partir desta iniciativa, vários outros trechos foram surgindo. Na época todo o transporte terrestre era somente por carroças, e assim o trem foi muito valorizado.
Destacamos algumas Estações de trem, que hoje são atrativos turísticos e resgatam seus aspectos históricos, patrimoniais, culturais e memórias, e que valem a pena inserir no roteiro para conhecer.
Foto:minasgerais.com.br
A estação de Acaiaca foi inaugurada em 1926, e substituiu a estação de Ubá. Pelo menos até 1980 ainda havia movimentação de passageiros que podiam se utilizar dos trens mistos indo a outras cidades que faziam divisa com Acaiaca ou até mesmo para outro estado. Está localizada na zona urbana, e abriga atualmente um belo centro cultural, que oferece atividades como saraus, exposições e apresentações de bandas de música. De lá, temos uma vista deslumbrante de boa parte da cidade. O espaço ao redor serve para realização de atividades de lazer e recreação.
Foto:minasgerais.com.br
A Estação de Barbacena foi construída da década de 30, após sua antiga construção ser demolida. Da Estação saía, desde 1910, um dos entroncamentos da linha do Paraopeba, da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, que, embora até 1931 possuísse sua própria estação, a partir daí passou a dividir a nova estação da Central.
Da cidade partiam trens que fizeram história, como o famoso trem de passageiros, Vera Cruz, O Noturno, que tinha vagões luxuosos, e fazia o trajeto Rio de Janeiro – Belo Horizonte. Sua última viagem foi em 1991.
O Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária foi tombado pela Prefeitura Municipal de Barbacena por sua importância cultural para a cidade.
A Estação ferroviária de Caxambu foi inaugurada 1891, com um trecho da Viação Férrea Sapucaí vindo de Soledade de Minas; em 1895 foi prolongada até Baependi e em 1910 juntou-se à linha de Barra do Piraí, formando a então chamada “Linha da Barra”. A linha da Barra era responsável pelo transporte de passageiros e pelo escoamento da água mineral, envasada no Parque das Águas.
A arquitetura da Estação remete ao estilo germânico, com uma pintura que lembra o modelo “enxaimel” – construção baseada na montagem de paredes com hastes de madeira encaixadas entre si. Outro ponto a ser destacado é o telhado inclinado, também, uma característica do estilo germânico.
A desativação da linha fez com que fosse transformada em estação rodoviária, depois abrigo de táxi e em 2019 a revitalização a transformou em Centro Cultural Estação Ferroviária.
Antiga estação ferroviária de embarque e desembarque de passageiros em Congonhas, tem sua construção do início do século XIX. A estação foi aberta em 1914, com o primeiro trecho da linha do Paraopeba que seguia apenas até João Ribeiro.
O prédio que possuiu uma arquitetura ímpar, é um dos destaques como atrativos turísticos na cidade. No local existe um espaço dedicado ao lazer com playground para as crianças e ainda é possível visualizar os trens de carga que passam pelo local, além disso no interior do prédio é possível visitar uma coleção de fotos que contam a história do local.
A estação de Mariana, foi inaugurada em 1914, quando foi aberto o prolongamento do ramal, de Ouro Preto até a cidade. A 17.569 metros de distância da de Ouro Preto, a estação foi determinante para a expansão urbana de Mariana, tornando-a importante centro histórico, cultural e educacional, passando a ter um maior intercâmbio com outras regiões. A estação permaneceu como ponta de linha até 1923/6, quando o ramal foi estendido até Ponte Nova.
Foto: Acervo IER
O trecho da linha férrea que funcionava regularmente até Ponte Nova, a 85 quilômetros de Mariana, operou até 1980. Havia trens para cargas, para passageiros e mistos. Também havia uma divisão em carros de primeira – com bancos estofados, eram os últimos da composição, longe da fumaça da locomotiva – e segunda classe – com bancos de madeira.
Em 1985, a EFCB, criou um trem turístico entre Ouro Preto e Mariana. Dois anos mais tarde, em 1987, a linha turística encerrou suas atividades e o trajeto foi incorporado à malha ferroviária Centro-Leste.
Em 2003, a Vale desenvolveu um projeto de recuperação dos 18 km do trecho ferroviário entre Ouro Preto e Mariana, incluindo as quatro estações integrantes do percurso – Ouro Preto, Vitorino Dias, Passagem de Mariana, Mariana.
Hoje, denominada Estação Parque, é um complexo cultural composto pela Praça Lúdico-Musical, pela Biblioteca da Estação, pelo Espaço Museográfico e por vagões fixos localizados nos arredores do prédio. O prédio, que mantém o estilo da estação ferroviária original do início do século XX, é ponto de embarque para viagens turísticas entre Mariana e Ouro Preto operada pelo Trem da Vale.
Estrada Real: VIVA, EXPERIMENTE!
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Daniel Junqueira Magalhães