Andar a cavalo era uma maneira rápida de se locomover entre as cidades da Estrada Real. Ainda hoje, as facilidades em se ter um cavalo são muitas quando o assunto são travessias de média ou longa distância.
Curioso é saber que duas raças surgiram em cidades da Estrada Real. Os cavalos das raças Mangalarga Machador e Campolina são genuinamente mineiras, originários das cidades de Cruzília e Entre Rios de Minas, respectivamente.
O cavalo Campolina, que nasceu no município de Entre Rios de Minas, foi resultado do cruzamento de diversas raças, entre eles o Mangalarga Marchador. Ambas as raças tem como principal característica aresistência para o trabalho no campo e por proporcionar comodidade para o cavaleiro em função do andamento marchado, ou marcha.
Apaixonado por cavalos desde criança, o fazendeiro Cassiano Campolina, nascido em 1836 em São Brás do Suaçuí, então distrito de Entre Rios de Minas, percebeu a existência de um promissor mercado interno de animais de grande porte. Em sua época, esses animais eram essenciais para serem utilizados nas montarias dos dragões da milícia real e nas parelhas de cavalos destinados à tração de troles na cidade do Rio de Janeiro.
Em 1870, Campolina ganhou uma fêmea chamada medéia, égua nacional de bom tipo, cruzada com um cavalo andaluz, presente de D. Pedro II a Mariano Procópio; dessa cruza nasceu um potro de boa linhagem, batizado com o nome de Monarca. Campolina, então, fez de Monarca o garanhão de sua fazenda, iniciando o marco na formação da raça, hoje denominada Campolina, em homenagem ao seu iniciador.
Conheça as fazendas mais importantes e tradicionais na criação de cavalos da raça Campolina.
– Fazenda Pedra Branca – Entre Rios de Minas
– Fazenda Palestina – Barbacena
– Fazenda Lagoa Negra – Antônio Carlos
– Fazenda Água Santa – Conselheiro Lafaiete
Nascida há cerca de 200 anos na Comarca do Rio das Mortes, no sul de Minas, a raça Mangalarga Marchador surgiu através do cruzamento de cavalos da raça Alter – trazidos da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal – com outros cavalos selecionados pelos criadores daquela região mineira.
Os primeiros exemplares da raça Alter chegaram ao Brasil em 1808, com D. João VI.
O Mangalarga Marchador teve como berço a fazenda Campo Alegre, região de Cruzília, propriedade de Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, a quem é atribuída à responsabilidade pela formação da raça.
A cidade de Cruzília tornou-se então um polo na criação de cavalos da raça e hoje abrigao Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, inaugurado em 2012. A casa que abriga o Museu, construída em 1855,pertenceu à Fazenda Bela Cruz, uma das fazendas pilares da raça.
O percurso museológico apresenta, por meio de acervo, vídeos e textos, o desenvolvimento da raça Mangalarga Marchador no Brasil.
Além da Fazenda Traituba — que embora não mais receba hóspedes pode ser avistada na beira da estrada — o município conta com as fazendas Favacho, Engenho de Serra e Campo Lindo.
Para aqueles que querem a experiência de um passeio a cavalo, a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Machador promove, através do seu Departamento de Esportes,as Cavalgadas Temáticas, roteiros de interesse histórico-cultural e turístico às belas paisagens da Estrada Real e do Brasil. Já foram realizados os roteiros do queijo e do azeite, em Aiuruoca e da culturaentre Baependi e Cruzília.
Mais informações: http://www.abccmm.org.br/projeto/cavalgadastematicas
Percorrer a Estrada Real e conhecer a história dos cavalos em Minas, Fazendas, Museus é mergulhar nesse universo profundamente ligado às nossas raízes. Estrada Real: Uma estrada, seu destino!
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