Risos, lágrimas, angústia e paz marcam este trabalho levado a efeito pela Cangaral Produções Artísticas, Jair Raso e colaboradores fiéis!
Em “Maio, Antes que você me esqueça” – espetáculo em destaque na 49º Campanha de Popularização do Teatro e da Dança –, a força do contato presente na necessidade em estar próximos pai (passado) e filho (futuro), carrega com o seu poder a plateia ao movimento tão incessante quanto envolvente da própria vida e do significado verdadeiro de uma realidade que pode machucar, mas que também ensina como conviver com os outros e consigo mesmo através de lições veladas por ocorrências e hábitos, perguntas objetivas respondidas com desenvoltura e bom humor, impressões sofridas de ressentimentos e catarse explosiva.
Com uma interpretação estonteante dos atores envolvidos, não tanto pelo virtuosismo técnico, mas, sobretudo, pela simplicidade nas interações e diálogos (dificílima de se conseguir em se tratando de atuar tendo por base um texto tão rico!), quase se pode esquecer-se de que, enfim, o espectador está em um teatro – “entretendo-se” não seria o termo exato para a experiência do momento, aqui.
Isto é a partilha de eventos…! A troca de mensagens por meio de imagens e sons de muitas vidas que passaram a saber o que é a doença de Alzheimer por uma eventual ocorrência em sua família ou de outrem. E ao fazer uso de um fragmento de história, a ideia se multiplica chegando na mente e no coração de quem assiste e se sensibiliza.
Escrita por Jair (Leopoldo) Raso há cerca de 12 anos atrás, a peça foi um pedido feito – uma encomenda! – por Maurício Canguçu e Ílvio Amaral. E mesmo com a grande experiência adquirida por tanto tempo de carreira artística no teatro – décadas! –, a dupla, àquele tempo, decidiu que por bem seria melhor amadurecer o espírito a ponto de obter a capacidade máxima para expressarem, de forma contundente, a intenção inerente ao desenvolvimento pleno do projeto.
Ou ao menos assim observa Maurício: “… a gente leu, mas (eu acho que) a gente não tinha maturidade pra fazer…! Talvez se a gente tivesse feito naquela época, não fosse tão profundo como eu acho que é hoje. A gente deixou aquilo adormecido ali…”
Jair Raso, quem escreveu e dirigiu a peça, completa: “… era mais uma ‘desculpa’ para falar das relações…”
Durante as circunstâncias envolvendo a pandemia e subsequente quarentena, a leitura da peça foi feita uma vez mais pela dupla resultando, então, no trabalho executado com primor.
Ílvio acrescenta na linha de raciocínio e observação: “O que motiva mesmo – eu estou falando de mim! – é quando você pega um texto e este texto ‘bate’! Quando você fala assim: ‘Este texto é um belo texto!’; um texto muito bem construído, (…) ele tem uma carpintaria teatral maravilhosa. E eu acho que os dois personagens não são rasos.”
Aspecto fundamentalmente necessário para que nos importemos, exercitando o fluxo energético através da empatia, é que possamos admitir verdade a multiplicidade de camadas no registro psicológico de personagens que, enfim, espelham o comportamento dos seres humanos que representam.
O espetáculo estará, até o final da Campanha, sendo apresentado no teatro Feluma nas quartas e quintas (às 20h). Para maiores informações e aquisição de ingressos:
https://www.vaaoteatromg.com.br/detalhe-peca/belo-horizonte/maio-antes-que-voce-me-esqueca
https://www.instagram.com/cangaral/
Tiago Boson
Multi-instrumentista autodidata, compositor, professor de música, pintor, ilustrador, escritor/poeta (não publicado).
E-mail: bosontiago@gmail.com
Instagram: @tiagoboson
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