Com a vinda de D. João VI ao Brasil, trouxe com ele uma grande bagagem, uma Banda de Música, que chamava a atenção para a presença da realeza nos cerimoniais da monarquia e brindava os súditos coloniais com sons e ritmos da música metropolitana. O surgimento de grupos similares foi aos poucos se espalhando pelas províncias da nova sede do reino de Portugal.
Quase meio século antes, em Minas – na pequena e austera Mariana – Pedro Nolasco da Costa Athayde, músico de idade avançada, teria regido em 1774 uma corporação musical identificada pelos contadores da história das Gerais como a primeira Banda de Música de que se teve notícia no Brasil.Segundo os relatos, o músico, seria irmão ou parente muito próximo do Mestre Manoel da Costa Athayde.
Quem é do interior de Minas Gerais sabe que quase toda cidade mineira tem uma banda de música, e elas fazem parte da cultura e ocupam lugar de destaque na história do estado. Onde havia um coreto, existia uma bandinha, orgulho da cidade.
Minas é musical, e é o que possui o maior número de bandas registradas. Atualmente, existem 705 corporações civis cadastradas pela Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Muitas delas com o mesmo tempo de existência que a própria cidade.
Guardiãs de uma tradição de longa data, as bandas possuem a importante missão de alegrar as comemorações cívicas e religiosas das cidades mineiras, além de promover a música popular brasileira.
Em Mariana, no Museu da Música, muitas obras foram salvas pelo trabalho de restauração, recuperando a estrutura original das partituras tal como concebidas por seus autores. O Museu faz parte do Programa Memória do Mundo da UNESCO – MOW [Memory of the World Program].
Compõe o espaço do Museu da Música a sala de acervos, em três níveis, com equipamentos adequados ao atendimento a pesquisadores e ao trabalho de conservação do acervo, a sala de exposições de longa duração, voltada ao público amplo, a sala destinada a exposições de curta duração, a sala multimeios, onde se realizam palestras, apresentações musicais e concertos, o salão para recepções e ampla área descoberta, para atividades ao ar livre.
Mariana é reduto das bandas, possuindo 11 corporações musicais em atividade. E nesse cenário não podem faltar as apresentações que levam cultura, tradição, emoção e diversão aos espectadores.
No mês de novembro, especificamente no dia 22, muitas cidades festejam a Padroeira da Música, Santa Cecília e em Mariana não poderia ser diferente. A Sociedade Musical Santa Cecília de Passagem de Mariana completa 123 anos de fundação e celebra com apresentações musicais a data.As festividades em Louvor a Santa coincidem também, com as comemorações de fundação de várias Corporações Musicais intituladas “Santa Cecília”.
Santa Cecília é o nome que batiza muitas bandas de músicas mineiras, como em Barão de Cocais, Sabará, Belo Vale, Mariana, Tabuleiro, São Gonçalo do Rio Abaixo entre outras. Destaque para a Corporação Musical Santa Cecília de São Gonçalo do Rio Abaixo, criada em 1720, por um grupo de músicos que se reuniam regularmente, para apresentações variadas à sociedade. Executavam suas atividades musicais nos ofícios religiosos, mas também proporcionavam momentos alegres à comunidade, em ocasiões de cunho social.
De modo espontâneo, muitas dessas corporações organizam verdadeiras escolas de música, onde comunidades e famílias inteiras têm a oportunidade de exercitar talentos e descobrir vocações artísticas transmitidas há várias gerações.
Na centenária Sociedade Musical Euterpe Itabirana, as relações familiares e de amizades prevaleceram como elemento de união dos membros, onde é possível encontrar até quatro gerações de músicos em uma mesma família. Fundada em 22 de novembro de 1863 por Emílio Soares Gouveia Horta Junior, então chefe da Guarda Municipal Itabirana, a Euterpe se constituiu – inicialmente – como uma banda paramilitar.
Em seu acervo há partituras antigas, tendo entre elas uma partitura original de Chiquinha Gonzaga.
Em Diamantina, considerada Cidade da Música, segundo os moradores, em cada família da cidade pelo menos um membro é músico ou que demonstra o gosto pela música.
A Vesperata, as Serestas e a Bartucada são tradições que fazem parte do patrimônio da cidade. E fora do período dessas atrações musicais a cidade não pausa, a música continua. Todos os finais de semana têm alguma programação que inclui a manifestação musical.
Um roteiro que respira música, arte e tradição: essa é a Estrada Real! Estrada Real: Uma estrada, seu destino!